Ordem de Tarcísio é solucionar o caso ‘o quanto antes’, ‘doa a quem doer’. Ministério Público pediu fim da delação premiada e compartilhamento de provas. A pedido de Tarcísio (à frente), o secretário da Segurança Pública (atrás) cancelou viagem
Rogério Cassimiro/Secom/GESP
A pedido do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, e o delegado-geral da Polícia Civil, Artur José Dian, cancelaram uma viagem a Nova York para focar na investigação sobre a execução do delator do PCC no Aeroporto Internacional de São Paulo.
A ordem é solucionar a morte de Antonio Vinicius Lopes Gritzbach “o quanto antes”, “doa a quem doer”. Derrite e Dian iriam aos Estados Unidos fazer um curso na Universidade de Columbia.
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Em paralelo, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) protocolou nesta segunda-feira (11) um pedido de extinção da delação premiada feita por Gritzbach e para que as provas obtidas no processo sejam compartilhadas com as autoridades responsáveis pelo caso.
Os dados dos celulares de Gritzbach e dos seguranças que faziam a sua escolta já estão sob análise da polícia.
Quem era o delator do PCC
Gritzbach era réu em um processo por lavagem de dinheiro da facção criminosa. Ele teria atuado para lavar R$ 30 milhões provenientes do tráfico de drogas.
Segundo fontes da Polícia Federal, a maior parte dessas operações de lavagem foi feita com a compra e venda de imóveis e postos de gasolina.
Em seus depoimentos, Gritzbach detalhou esquemas do PCC, deu pistas de ilícitos cometidos pela facção e prometia entregar mais informações. Por isso, a suspeita principal no momento é que seu assassinato tenha sido uma queima de arquivo motivada por vingança.
Antônio Vinicius Lopes Gritzbach foi morto na sexta-feira (8) no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.
Montagem/g1/Reprodução/Redes Sociais
Ainda de acordo com as investigações, ele chegou a ter influência em células do PCC, como participação no “tribunal do crime” — quando se avalia se um integrante deve ou não ser assassinado por deslealdade à facção.
Antes de se envolver com o PCC, Gritzbach era corretor de imóveis no Tatuapé, Zona Leste de São Paulo. Anos atrás, ele passou a fazer negócios com Anselmo Bicheli Santa Fausta, conhecido como Cara Preta e que movimentava milhões de reais comprando e vendendo droga e armas para o PCC.
Cara Preta gostava de investir em imóveis, mas tinha um problema: não podia comprar em seu nome para não chamar a atenção das autoridades. Foi Gritzbach que apareceu com a solução. Além de conseguir imóveis de alto padrão, o corretor ainda providenciava os “laranjas”, que emprestavam o nome para que Cara Preta adquirisse os imóveis.
Há uns 5 anos, Gritzbach ofereceu outro negócio a Cara Preta: criptomoedas. De olho na suposta rentabilidade da aplicação, ele teria dado R$ 200 milhões para que fosse feito o investimento. Em 2021, no entanto, Cara Preta pediu de volta parte do dinheiro para investir na construção de um prédio, e Gritzbach teria começado a dar desculpas para não entregar os valores. Os dois tiveram uma discussão acalorada, segundo testemunhas.
Dias depois, Cara Preta e o motorista dele foram assassinados numa emboscada no Tatuapé. Segundo o Ministério Público, Gritzbach foi o mandante do crime para não ter de devolver o dinheiro a ele.
A história do homem executado a sangue frio no aeroporto mais movimentado do Brasil
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Como foi a execução
O ataque ocorreu por volta de 16h de sexta-feira. Gritzbach voltava de Maceió acompanhado da namorada e foi surpreendido por dois homens encapuzados ao desembarcar no Terminal 2 do aeroporto.
De acordo com o registro policial, foram ao menos 29 disparos, de calibres diversos. Gritzbach foi atingido por 10 tiros.
Na bagagem do delator morto, havia mais de R$ 1 milhão em joias e objetos de valor, alguns de joalheiras de luxo como Bulgari e Cartier. Segundo fontes da polícia, familiares teriam relatado que Gritzbach tinha ido à capital alagoana para cobrar uma dívida de um conhecido.
Gritzbach levava na bagagem joias e objetos de valor que somavam mais de R$ 1 milhão
Reprodução
No tiroteio, um motorista de aplicativo também foi baleado e morreu no sábado (9) no Hospital de Guarulhos. Celso Araujo Sampaio de Novais, de 41 anos, levou um tiro de fuzil nas costas.
Um funcionário terceirizado do aeroporto e uma mulher que estava na calçada do terminal também ficaram feridos.
Local do atentado no Aeroporto de Guarulhos
Arte/g1