22 de outubro de 2024

Seis a cada 10 empresas da região de Campinas sofrem impactos do clima em seus negócios, aponta Ciesp

Pesquisa foi divulgada nesta terça-feira (22) e mostra também que 33% estão adotando ações para minimizar o cenário. IMAGEM DE ARQUIVO: Indústria em Campinas
Reprodução/EPTV
Cerca de 60% das empresas da região de Campinas (SP) já enfrentam os impactos dos eventos climáticos severos em seus negócios. É o que aponta um levantamento divulgado nesta terça-feira (22) pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp).
Isso significa que a cada 10, seis já foram afetadas direta ou indiretamente por enchentes, calor extremo, entre outros fenômenos. Ainda segundo a pesquisa, 33% delas estão adotando ações direcionadas a seus funcionários e instalações para minimizar o cenário.
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Os dados inéditos fazem parte de uma pesquisa de sondagem realizada em outubro. Segundo o Ciesp, os questionamentos foram respondidos por cerca de 50 das 590 associadas.
“A gente tem acompanhado os impactos do que tem acontecido com secas, queimadas, calor excessiva. Impacto existe para todos nós. Se é enchente, você tem a questão da inundação, inunda uma fábrica. Calor, você perde matéria prima. Cada tipo de evento climático causa um problema para região e para as empresas”, comentou o diretor do Ciesp José Henrique Toledo Corrêa.
Impactos diretos e indiretos
As empresas foram questionadas sobre o grau de impacto nos negócios em decorrência dos eventos climáticos severos registrados no Brasil, incluindo enchentes, queimadas, secas, fuligem tóxica, calor excessivo e mudanças bruscas de temperatura.
Do total, 32% observaram impactos de nível médio a grande:
16% – Grande impacto
16% – Médio impacto
28% – Pequeno impacto
40% – Nenhum impacto
José Henrique define os impactos entre diretos e indiretos. O primeiro está relacionado aos problemas que afetam diretamente a produtividade e o funcionamento da indústria, como o calor excessivo, a enchente ou um vendaval que abala a estrutura, por exemplo.
“Uma empresa que tem um barracão de 1 mil metros quadrados com teto de alumínio, a onda de calor gera um impacto tremendo, um calor muito intenso com as máquinas, por mais que se coloque exaustores, climatizadores. O calor faz com que exista uma queda de produtividade muito grande”.
Já o indireto pode não afetar a produtividade, mas tem consequências em outras etapas, como na relação com fornecedores (recebimento de insumos) e com clientes (na venda de produtos). Como exemplo, o diretor cita as enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul em maio deste ano.
“Lá [no Rio Grande do Sul] existe um polo automobilístico muito forte e a gente oferece insumos para lá. Depois da enchente, a gente parou de fornecer. Tivemos também as queimadas. Você não consegue mais vender o defensivo agrícola, a máquina agrícola, porque teve colheita perdida”.
Planejamento estratégico para contornar o problema
As empresas também precisaram responder se estão realizando alguma ação ou projeto direcionado para seus funcionários e instalações como forma de enfrentar ou minimizar os impactos das mudanças climáticas.
Veja o que elas disseram:
33% – Estamos realizando ações nesse sentido
0% – Temos projetos em andamento para isso
67% – Não temos necessidade nesse momento
De acordo com o Ciesp, entre as ações adotadas para contornar o cenário de forma imediata estão a instalação de barreiras de contenção, a melhor gestão da energia elétrica, a captação de água da chuva e até o reforço de suas estruturas, como telhados.
No entanto, o diretor do Departamento de Desenvolvimento Sustentável Stefan Rohr explica que as empresas já consideram os extremos climáticos em seus planejamentos estratégicos, o que impacta na escolha de seus fornecedores e clientes. “Isso é exigência para fechamento de contrato”, pontua.
“Muitas empresas estão repensando de onde esses recursos são obtidos. No Rio Grande do Sul, que todos nós vimos que foi muito impactado pelas enchentes, uma significativa parte do parque fabril foi impactada e muitos estão repensando sua localização, sua instalação. Isso vai mexer bastante com nossa cadeia produtiva no estado de São Paulo”.,
“Na parte de recursos energético, hídricos, isso impacta a cadeia produtiva: onde estão meus fornecedores, onde estão os fornecedores dos fornecedores? Isso gera aumento, gera atraso, gera inflação”, conclui.
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