18 de novembro de 2024

Sensor de fibra ótica desenvolvido na UFPE detecta se azeite é falsificado; veja como funciona

Equipamento foi criado por Thales Castro, doutorando na área de engenharia elétrica, e uma equipe de pesquisadores do Departamento de Engenharia Eletrônica da universidade. Pesquisadores da UFPE desenvolvem sensor de fibra ótica que detecta se azeite é falsificado
Uma pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) desenvolveu um sensor de fibra ótica capaz de auxiliar na avaliação de produtos industrializados, incluindo o azeite de oliva (veja vídeo acima). O equipamento pode ser um caminho para evitar prejuízos ao bolso e à saúde dos consumidores, que estão vulneráveis à compra de azeites adulterados.
O produto teve um aumento médio de preço de 50% desde o ano passado, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e não deve baratear no curto prazo, devido a questões climáticas que provocaram altas temperaturas e seca na Europa e afetaram a produção de azeitona nos principais países produtores: Portugal, Espanha, Itália e Grécia.
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Valioso nas prateleiras dos supermercados, o azeite de oliva é um ingrediente estimado na cozinha do brasileiro e também consumido por quem busca os benefícios prometidos pelas gorduras monoinsaturadas e poli-insaturadas. É também o segundo alimento mais adulterado do mundo, numa lista com os dez itens, atrás apenas do leite de vaca.
O sensor desenvolvido por Thales Castro, doutorando na área de engenharia elétrica da UFPE e uma equipe do Departamento de Engenharia Eletrônica, mede o índice de refração de líquidos e gases do produto para identificar as falsificações. Ou seja, mede a trajetória que a luz e os gases fazem ao atravessarem ou refletirem no azeite de oliva.
Thales Castro (à direita) e Joaquim Martins Filho fazem parte da equipe de pesquisadores da UFPE que desenvolveu sensor ótico que identifica pureza do azeite de oliva
TV Globo/Reprodução
“A gente identificou que a produção de azeite vem sofrendo muito com as mudanças climáticas e por isso o preço tem disparado nos últimos meses. Além disso, as pessoas têm buscado um estilo de vida mais saudável e um desses passos é fazer a substituição de óleos que elas consomem por outros que julgam ser mais saudáveis. Diante desse problema, a gente resolveu testar o sensor e ele correspondeu, identificando as adulterações”, explicou o pesquisador Thales Castro.
Ao contrário de outros sensores que já identificam se o azeite de oliva foi adulterado por um tipo de óleo vegetal, o novo equipamento tem maior sensibilidade é consegue identificar a adição de qualquer combinação de cinco componentes normalmente utilizados nas fraudes: óleos de canola, milho, algodão, soja e girassol.
Os primeiros testes avaliaram azeites e óleos mais baratos encontrados à venda no mercado, o que ajudou o equipamento a avaliar a pureza do produto. Além da possibilidade de avaliar mais tipos de adulteração, o sensor desenvolvido na UFPE não altera as propriedades físico-químicas da amostra, mantendo a integridade do azeite analisado.
“O sensor identifica que há uma adulteração no produto; ele não identifica o que está adulterando. É importante para que, eventualmente, no futuro, a gente consiga desenvolver, a partir do interesse de empresas, um equipamento para fazer essa identificação”.
Pesquisa desenvolvida na UFPE é capaz de identificar adulteração no azeite de oliva
TV Globo/Reprodução
Os primeiros resultados foram publicados numa importante revista científica internacional, a Food Control, que significa “controle do alimento”, numa tradução livre do inglês – o que significa que a pesquisa foi revisada e aprovada por pesquisadores com relevância na área.
“O sensor foi planejado para ser um controle de qualidade na indústria, mas é possível também que ele faça parte da instrumentação de um órgão fiscalizador, que pode fazer o recolhimento de amostras e o acompanhamento, utilizando o nosso dispositivo”, disse Thales Castro.
A expectativa dos pesquisadores é que haja um investimento da indústria ou do governo para transformar o protótipo desenvolvido na universidade num equipamento a serviço da sociedade.
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