21 de setembro de 2024

Servidores da Suframa no AC voltam a relatar faltas de coordenador que faz curso de medicina integral; ele nega ausência

Funcionários do órgão falaram ao g1 que após primeira reportagem, Jéfferson Barroso passou a comparecer à sede do órgão. Porém, com o passar do tempo, voltou a trabalhar de forma remota. Ele estuda medicina em uma universidade particular e diz cumprir carga horária prevista para o cargo. Jéfferson Barroso nega denúncias e afirma que cumprimento de carga horária está dentro da regularidade
Arquivo pessoal
Servidores da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) em Rio Branco voltaram a relatar que o coordenador Jéfferson Barroso não cumpre devidamente o expediente no órgão e aparece poucas vezes no local, por conta da faculdade de medicina que ele cursa em tempo integral.
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Em outubro de 2023, o g1 ouviu funcionários que relataram a situação. Após a primeira reportagem, Jéfferson Barroso passou a comparecer à sede do órgão. Porém, com o passar do tempo, voltou a trabalhar de forma remota, segundo os funcionários.
A Suframa é uma autarquia federal, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. O órgão é responsável por gerir o modelo Zona Franca de Manaus.
Um dos servidores, que pediu para não ser identificado, relatou que Barroso aparece poucas vezes no local de trabalho, e cumpre apenas algumas agendas externas. O coordenador nega. (Veja o posicionamento dele abaixo)
“É mais fácil ganhar na Mega-Sena do que ele vir na Suframa. Principalmente quando o superintendente, aluno em tempo integral, está na semana de provas. Na semana de provas ou quando tem alguma atividade, ele nem pisa na Suframa. O trabalho é só remoto. A pandemia já acabou. O home-office serve só para ele? Ou é o único argumento frágil que ele sustenta para justificar um curso em tempo integral que faz no horário que deveria estar trabalhando?”, argumentou.
Barroso ressalta que cumpre normalmente a carga horária prevista para o cargo, e que o Programa de Gestão e Desempenho (PGD), adotado pelo governo federal, permite que os servidores cumpram expediente na modalidade presencial ou remota.
“Então, ninguém da Suframa bate ponto. Calcula-se o tempo de trabalho de todos no presencial ou no online, porque a nossa equipe passa a grande parte do tempo na rua ou fazendo entregas de processos. Então, eu estou super em dia com o meu PGD, com os meus resultados. Hoje, por exemplo, estou na Suframa pela manhã, e à tarde, tenho um evento da Suframa junto com a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos)”, afirma Barroso.
Os relatos afirmam que os servidores estão insatisfeitos com a situação e pretendem levar o caso à superintendência do órgão em Brasília. “É uma falta de respeito com todos nós, que trabalhamos todos os dias e fazemos a Suframa ser uma instituição séria”, acrescentou o funcionário.
Faculdade em tempo integral
Barroso foi nomeado na Suframa em setembro, e também já foi diretor de assistência social na prefeitura de Rio Branco
Arquivo pessoal
Barroso foi nomeado para o cargo em 18 de setembro do ano passado e cursa medicina desde o início de 2023 em uma universidade particular de Rio Branco. Ele também foi diretor de assistência social na prefeitura de Rio Branco.
Os funcionários argumentam que isso torna a nomeação inadequada, e reclamam que outros servidores de carreira poderiam ocupar o cargo, sem empecilhos de horário.
À época da primeira denúncia, Barroso negou que a faculdade seja um empecilho no cumprimento de obrigações do cargo na Suframa, e afirmou que tem conciliado as aulas com o trabalho na autarquia.
Segundo ele, o órgão funciona de 7h às 19h, e que por isso os funcionários conseguem se dividir entre trabalho presencial e remoto. A reportagem também tenta contato com a superintendência de operações da Suframa, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem.
Carga horária
Barroso nega que faculdade impeça o cumprimento do expediente, e diz que participa de atividades
Arquivo pessoal
Barroso encaminhou ao g1 documentos que ele afirma comprovarem a prerrogativa de trabalho remoto para seu cargo na instituição. Uma portaria que trata de ata de reunião do dia 10 de outubro de 2023, inclui o coordenador no PGD na modalidade ‘teletrabalho parcial’.
“O Superintendente autorizou o servidor Jefferson Barroso de Araújo a participar do PDG da Coordenação Regional de Rio Branco na modalidade teletrabalho parcial, com sua participação a partir do dia 10 de Outubro de 2023, solicitando que seja incluída na minuta de portaria juntamente com os demais participantes da vistoria física de mercadoria”, afirma o documento.
Ele também encaminhou um relatório de atividades com balanço de horas trabalhadas, divididas entre a sede da Suframa e o trabalho remoto. Nesse relatório, consta que, no mês de março, ele trabalhou ao todo 160 horas, sendo 82 em modalidade presencial, e outras 78 horas em teletrabalho.
Barroso volta a atribuir os relatos a viés político, e considera que há expectativa entre os servidores para que ele deixe o cargo para concorrer nas eleições municipais deste ano. O coordenador reconhece que tem atividade político-partidária ativa, mas que ainda não decidiu sobre possível candidatura.
“Há uma expectativa de quem é adversário político meu, e que acha que eu vou sair da Suframa para ser candidato a vereador de Rio Branco. Isso, quem é de fora. Se veio de dentro, a denúncia dos colaboradores, eles têm sempre a expectativa de que outro ocupe eventualmente com a minha saída, e que seja uma pessoa de carreira, que não seja uma indicação externa. Mas eu me dou muito bem com a minha equipe. Para mim, causa muita decepção ter sofrido esses questionamentos enquanto eu sei que está tudo dentro da regularidade”, finaliza.
Barroso encaminhou relatório de atividades que mostra que ele cumpriu 82 horas presenciais e 76 horas em trabalho remoto no mês de março
Reprodução
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