Pelo menos duas mulheres relataram ter encontrado servidores no local. Uma delas está grávida. Penitenciária feminina no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, em Goiás
Diomício Gomes/O Popular
Os servidores suspeitos de envolvimento sexual com detentas da Casa de Prisão Provisória de Aparecida de Goiânia, Região Metropolitana da capital, encontravam as mulheres no posto de saúde da prisão, disse a Polícia Penal. Um enfermeiro, um médico e pelo menos dois policiais penais foram afastados e estão sendo investigados.
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Uma das detentas ouvidas pela Polícia Penal está grávida, e afirmou que o bebê é do enfermeiro. Eles se encontravam no posto de saúde, diz documento da polícia. Depois que o caso veio à tona, a mulher foi transferida para a Unidade Prisional Regional Feminina de Inhumas.
De acordo com dados do processo, uma outra presa também afirmou ter tido relações com o enfermeiro no posto de saúde “por três vezes”. Ela disse ainda que “todas as vezes que subia ao posto de saúde, ocorria troca de carinhos” com o profissional.
O g1 não conseguiu identificar a defesa do enfermeiro. Em nota, O Conselho Regional de Enfermagem de Goiás (Coren-GO) disse que “está tomando as medidas e providências cabíveis quanto à investigação e apuração das possíveis ilegalidades e irregularidades éticas cometidas”.
O enfermeiro tinha contrato com a Prefeitura de Aparecida de Goiânia para prestar serviços no presídio. Em nota, a assessoria da prefeitura informou que ele e o médico investigado tiveram os contratos encerrados.
A polícia não deu detalhes de como seria o envolvimento do médico e dos policiais penais com as detentas. No entanto, de acordo com documento do processo, eles são suspeitos de manter “relações amorosas e sexuais” com presas.
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Sobre o caso
A Polícia Penal relatou que recebeu a denúncia sobre o caso no dia 7 de janeiro e que detentas e profissionais de saúde foram ouvidos no mesmo dia.
No dia 8, foi instaurada uma sindicância para investigar o caso. A Polícia Penal informou que foram encontrados “elementos mais robustos” de que os profissionais realmente tenham praticado as infrações.
Complexo prisional de Aparecida de Goiânia, em Goiás
Diomício Gomes/O Popular
De acordo com documento assinado por Josimar Pires Nicolau do Nascimento, diretor-geral da Polícia Penal, os depoimentos apresentaram “narrativas de supostas práticas ilícitas e irregulares que causam espanto”.
Diante disso, os policiais penais e profissionais de saúde foram afastados. A PP reforçou que “não coaduna com qualquer tipo de conduta que vá contra a integridade física e moral de qualquer pessoa”.
O Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) informou que, até o momento, “não recebeu qualquer informação oficial sobre o caso. Mas, todas as denúncias relacionadas à conduta ética de médicos recebidas pelo Cremego ou das quais tomam conhecimento são apuradas e tramitam em total sigilo, conforme determina o Código de Processo Ético-Profissional Médico”.
Afastamentos
Além do encerramento do contrato, o enfermeiro e o médico estão proibidos de entrar em qualquer unidade prisional da Polícia Penal por tempo indeterminado.
Os dois agentes prisionais investigados também foram afastados de suas atividades. Um deles foi afastado por seis meses, além de ter tido a identidade funcional e a arma recolhidas. O outro policial foi afastado por 30 dias. Ambos terão os salários mantidos.
O g1 não conseguiu localizar a defesa dos policiais. O presidente do Sindicato dos Servidores do Sistema de Execução Penal no Estado de Goiás (Sinsep) lembrou do princípio da presunção da inocência. “Mas, caso sejam comprovadas as irregularidades, que sejam punidos”, declarou Maxsuell.
Nota da Polícia Penal
A Polícia Penal de Goiás informa:
No dia 7 de janeiro de 2025 chegou ao conhecimento da 1ª Coordenação Regional da Polícia Penal uma situação em que, supostamente, servidores da saúde do município de Aparecida de Goiânia, e servidores lotados na Casa de Prisão Provisória, estariam mantendo relações libidinosas com presas privadas de liberdade no Posto de Saúde daquele estabelecimento penal.
Na mesma data, a Gerência de Segurança e Monitoramento, em conjunto com a 1ª Coordenação Regional da Polícia Penal, realizaram oitivas iniciais das presas, servidores da saúde e servidores da DGPP. Na oportunidade, houve a transferência inicial da presa para outra unidade prisional, resguardando sua integridade, bem como mudando imediatamente a lotação dos servidores.
A Diretoria-Geral de Polícia Penal determinou a imediata instauração de sindicância preliminar pela Corregedoria Setorial, o que foi feito já no dia 08/01/2025.
Com o andamento das apurações, constatou-se elementos ainda mais robustos de que as práticas irregulares e ilícitas podem, de fato, terem sido praticadas por profissionais da saúde de Aparecida, que prestavam serviços na CPP, em virtude do convênio da DGPP com aquele município, bem como por dois servidores da Polícia Penal. As apurações elevaram a necessidade de ações mais enérgicas para a garantia do correto processo administrativo de apuração, bem como para preservar elementos de prova que possam evidenciar as irregularidades já anunciadas ou outras que poderão ser verificadas.
No 28 de janeiro de 2025, após o final das apurações iniciais pela Corregedoria, a DGPP determinou o afastamento dos dois servidores prisionais por 180 dias, conforme art. 216 da Lei Estadual nº 20.756/20, bem como o recolhimento das funcionais e porte de arma até a conclusão do Procedimento de Apuração Disciplinar.
Ainda, um médico e um enfermeiro, funcionários da Secretaria Municipal de Saúde de Aparecida foram proibidos de adentrar em qualquer uma das unidades prisionais da DGPP por tempo indeterminado.
A Polícia Penal reitera está colaborando com as investigações, e não coaduna com qualquer tipo de conduta que vá contra a integridade física e moral de qualquer pessoa.
Comunicação Setorial da Polícia Penal de Goiás – Goiânia, 3 de fevereiro 2025
Nota da Secretaria de Saúde de Aparecida de Goiânia
A Secretaria de Saúde de Aparecida (SMS) informa:
– Que tomou conhecimento do caso pela Gerência de Saúde da Polícia Penal, responsável pela gestão dos serviços de saúde dentro do complexo prisional;
– Que o caso está sendo investigado sob sigilo pela Polícia Penal;
– E que os contratos dos profissionais envolvidos estão encerrados.
Nota do Coren-GO
O Conselho Regional de Enfermagem de Goiás, responsável por normatizar e fiscalizar o exercício profissional da categoria já está ciente do caso e está tomando as medidas e providências cabíveis quanto à investigação e apuração das possíveis ilegalidades e irregularidades éticas cometidas.
O abuso de poder e a violação da dignidade de pessoas privadas de liberdade são inaceitáveis e devem ser combatidos com rigor. Profissionais da Enfermagem têm o dever de atuar com ética, respeito e humanidade, garantindo atendimento digno e livre de qualquer forma de violência.
Reforçamos nosso compromisso com a defesa dos direitos humanos e a luta por um ambiente seguro e respeitoso para todos, dentro e fora das instituições de saúde.
Contem conosco para verificar a situação, junto às autoridades competentes, a fim de responsabilizar devidamente todos os envolvidos. A investigação continua e nossa luta também, por um correto exercício da profissão nos ambientes de trabalho.
Nota do Cremego
Até o momento, o Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) não recebeu qualquer informação oficial sobre o caso. Mas, todas as denúncias relacionadas à conduta ética de médicos recebidas pelo Cremego ou das quais tomamos conhecimento são apuradas e tramitam em total sigilo, conforme determina o Código de Processo Ético-Profissional Médico.
Detenta denuncia que está grávida de enfermeiro que atendia na CPP de Aparecida de Goiânia
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