Família é do Pará e veio para Goiás para ser acompanhada por uma equipe especializada em gêmeos siameses. Lara e Larissa nasceram unidas pelo tórax, abdômen e genitália. Gêmeas siamesas Lara e Larisa Cardoso, em Goiás
Arquivo pessoal / Kátia Cardoso
O caso das gêmeas siamesas Lara e Larissa Cardoso, que morreram aos 10 meses, foi o mais complexo já atendido pelo cirurgião pediatra Zacarias Calil, pioneiro no procedimento de separação de siameses em Goiás. Segundo o médico, as meninas nasceram unidas pelo tórax, abdômen e genitália.
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Lara e Larissa nasceram em outubro de 2023, em Goiânia, e deixaram o hospital pela primeira vez no último dia 7 de agosto. Segundo Calil, as meninas voltaram para o hospital em 24h e foram internadas após apresentarem uma febre muito alta de 40º. As gêmeas morreram nesta sexta-feira (23).
A informação foi publicada pela família nas redes sociais. “Hoje partiram as nossas princesas. Só queremos agradecer a todos que desejaram o bem e muitas orações”, escreveram na publicação. O médico Zacarias Calil, que acompanhou as gêmeas, se solidarizou com a família.
“Elas, embora por um breve período, trouxeram luz e amor para todos que tiveram a sorte de conhecê-las”, declarou Calil nas redes sociais.
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Complexidade e cirurgia
Calil afirmou que o caso de Lara e Larissa só era menos complexo do que os siameses que nascem unidos pela cabeça, coração ou com órgãos únicos. Segundo o médico, a complexidade se dava pela má formação dos órgãos e, além disso, um problema cardíaco de Larissa, que afetava a irmã.
“Elas tinham uma má formação na bexiga, por exemplo. A bexiga ficava totalmente aberta e urinavam espontaneamente”, exemplificou.
A má formação, segundo Calil, foi o que agravou o quadro de saúde de Lara e Larissa, que morreram por falência múltipla de órgãos. O médico explicou ainda que esta condição também foi o que impediu a realização da cirurgia para separação das meninas, que também não tinham peso.
“Elas nunca estiveram 100% para a gente pensar na cirurgia de separação. Não tinham peso ou pele suficientes, se alimentavam por sonda e viviam na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Eu sempre conversava com a família sobre isso, que poderíamos fazer, mas elas não melhoravam”, disse.
Conheça as siamesas Lara e Larissa, que estão na UTI em Goiânia após nasceram unidas pelo tórax, abdômen e bacia
Divulgação/Hecad
Nascimento
A família de Lara e Larissa é de Parauapebas, no Pará. A mãe das bebês, Kátia Cardoso, contou ao g1 que veio para Goiânia no final da gestação para ser atendida por uma equipe especializada no acompanhamento de gêmeos siameses.
O parto das siamesas aconteceu no Hospital Estadual da Mulher Dr. Jurandir do Nascimento (Hemu) e por lá ficaram 59 dias em estado gravíssimo. Elas foram estabilizadas e transferidas para o Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecad).
Morrem gêmeas siamesas que nasceram unidas pelo tórax e abdômem
A transferência das gêmeas Lara e Larissa aconteceu no dia 5 de dezembro. Juntas, elas pesam 3,6 kg, segundo o cirurgião pediátrico Zacharias Calil, que fez o acompanhamento pré-natal da mãe, Kátia Márcia Cardoso, de 36 anos, das crianças desde o mês de setembro.
O parto das meninas durou cerca de 1h30 minutos, sendo assistido por uma equipe multidisciplinar do Hemu. Calil contou que o quadro clínico das siamesas mudava a cada minuto e, por detalhes, piorava, tornando o período um desafio para os profissionais.
“Não foi tarefa fácil, mas a equipe nunca desistiu. Sempre acreditando na vida, mesmo diante das mínimas chances de sobrevivência. Parabéns aos guerreiros e heróis do hospital”, disse.
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