24 de setembro de 2024

Siderúrgica citada por poluição ‘devastadora’ em Santa Cruz parou de divulgar níveis de emissão de poluente nocivo à saúde

Por contrato, Ternium deve operar a estação do Inea que mede a qualidade do ar na região da própria empresa. Antes de falhar no envio dos dados, poluição estava bem acima da média em 2024. Siderúrgica citada por poluição ‘devastadora’ em Santa Cruz parou de divulgar níveis de emissão de poluente nocivo à saúde
A siderúrgica Ternium, alvo de denúncia de um relatório internacional sobre poluição, tem uma licença que obriga que a empresa opere estações de monitoramento de qualidade do ar e envie os relatórios para o Instituto Estadual do Meio Ambiente (Inea). Mas, em setembro, poluente nocivo à saúde só foi monitorado em seis dias.
Recentemente, um relatório apontou que a produtora de aço polui o ar “de maneira devastadora” em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio.
A poluição produzida foi analisada em um relatório feito pelo Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo (Crea), organização internacional com sede na Finlândia. No bairro João XVIII, os moradores reclamam que o pó preto invade as casas, se acumula em pátios e deixa os móveis sujos.
Perto da siderúrgica funciona a estação do Inea, que controla a qualidade do ar. A licença de operação da Ternium obriga que ela mantenha e opere essa e outras estações de monitoramento. Além disso, a empresa tem que enviar em tempo real, com prazo de até uma hora, todas as informações para o Inea.
Uma das partículas muito poluentes, chamada MP 2.5, é monitorada por essa estação e desde o início do ano vem apresentando médias bem acima do que é recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela legislação brasileira. Nas últimas semanas, a estação parou de dar informações, na maior parte do tempo, sobre esse poluente.
“Esse material particulado fino entra no aparelho respiratório e traz um problema grave para a saúde, especialmente daquelas pessoas que já tem problemas respiratórios ou outros problemas que podem ser agravados com isso”, explica o presidente do Conselho Regional de Química, Harley Moraes Martins.
O relatório estima, com base nas emissões de poluentes declarados pela própria empresa, que a poluição já produziu 300 novos casos de asma em crianças e cerca de 1,2 mil mortes por derrames, infecções respiratórias, câncer de pulmão e diabetes.
Em setembro, a empresa só informou sobre a presença do MP 2.5 durante seis dias. Uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) fixou o limite de 20 microgramas por metro cúbico desse poluente, em média, por ano.
A média de janeiro a setembro, segundo o Inea, foi quase quatro vezes maior do que a prevista.
A TV Globo apurou que são quase 300 processos na Justiça movidos por moradores contra a Ternium, que afirmam ter a saúde prejudicada pela poluição emitida pela empresa.
O diretor da Ternium, Pedro Henrique Gomes Teixeira, afirma que monitoramentos do Instituto Estadual do Ambiente e da própria empresa mostram que as emissões estão dentro dos limites da Organização Mundial da Saúde.
Mas, não explicou o motivo pelos dados sobre o poluente não terem sido informados. A Ternium disse que colabora com a manutenção de três estações de monitoramento do sistema de qualidade di ar na região de Santa Cruz
Procurado, o Inea disse que a estação de Santa Cruz apresentou instabilidade no final de agosto e que no dia 9 de setembro foi feita manutenção, mas que problemas persistiram.

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