25 de dezembro de 2024

Sífilis pode ser passada de gestantes para bebês e levar à morte; saiba como prevenir

Bebê com pouco mais de um mês, nascido em São Vicente (SP), foi diagnosticado com a Infecção Sexualmente Transmissível (IST) e está internado. Bebê de 43 dias foi diagnosticado com sífilis e está internado em São Vicente (SP)
Arquivo pessoal
A sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) que pode ser transmitida através de relações sexuais sem o uso de preservativo ou contato direto com sangue de pessoas infectadas. Mas, você sabia que a bactéria pode ser passada da mãe para o feto durante a gestação e no parto?
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O g1 conversou com especialistas que explicaram que a sífilis é uma infecção causada pela bactéria Treponema pallidum. Ela pode chegar ao bebê por meio da transmissão vertical — quando a bactéria atravessa a placenta — ou por uma lesão da doença na vagina da gestante durante o parto normal.
“É como se a infecção ‘pegasse uma carona’ da mãe para o bebê”, explicou a ginecologista e obstetra Fernanda Nassar, em entrevista à equipe de reportagem.
Maria Virgínia de Oliveira, que também é ginecologista e obstetra, afirmou que vivemos uma epidemia [aumento no número de casos de uma doença] de sífilis.
Segundo a especialista, a bactéria afeta um milhão de gestantes por ano em todo o mundo, levando a mais de 300 mil mortes fetais e neonatais e colocando em risco a morte prematura de aproximadamente 200 mil crianças.
Entre as complicações da sífilis para o bebê, de acordo com o Ministério da Saúde, estão: Abortamento espontâneo, parto prematuro, malformação do feto, surdez, cegueira, alterações ósseas, deficiência mental ou morte ao nascer.
Já as gestantes, de acordo com as especialistas, podem desenvolver úlceras [lesões] genitais. As complicações da sífilis na gravidez e na própria saúde causam problemas no sistema nervoso e cardíaco, que podem levar à morte.
Caso grave em São Vicente
Gestante (imagem ilustrativa)
Getty Images via BBC
Em São Vicente, no litoral de São Paulo, Henry Gabriel, de apenas 45 dias de vida, foi diagnosticado com sífilis após a mãe Evelyn Kauane Silva, de 20 anos, contrair a doença durante a gravidez.
A mulher afirmou que fez o tratamento e os exames constataram que a bactéria não estava mais no corpo dela. Apesar disso, Henry nasceu com a doença, tomou os antibióticos e se curou.
Evelyn acreditou que estava tudo bem até que o filho recebeu um novo diagnóstico: Hepatite congênita, uma inflamação no fígado. Ela contou que os médicos não a informaram se um diagnóstico causou o outro.
Ao g1, a pediatra Heloíza Ventura explicou que o paciente pode ter hepatite pela sífilis, mas este é um caso raro e grave. Geralmente, de acordo com a especialista, o bebê tem múltiplas infecções por vírus e bactérias.
Henry estava internado no Hospital do Vicentino, mas precisava de uma vaga na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ele teve a transferência autorizada para a Santa Casa de Santos após a equipe de reportagem entrar em contato com a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo.
“Estou desesperada e sem saber o que fazer […]. Eles [profissionais do Hospital do Vicentino] falam que é grave pela a idade dele e que ele está sendo um guerreiro”, disse a mãe.
Sífilis na gestação
Quadro sexualidade descomplicada fala sobre a sífilis
➡ Como prevenir?
Maria Virgínia afirmou que a principal prevenção acontece pelo uso de preservativos durante as relações sexuais. De acordo com o Ministério da Saúde, a recomendação é de que todas as gestantes sejam testadas pelo menos em três momentos:
Primeiro trimestre de gestação;
Terceiro trimestre de gestação;
Momento do parto ou em casos de aborto.
➡ Quais são os sintomas?
Ainda segundo o Ministério da Saúde, a maior parte dos bebês com sífilis não apresenta sintomas no nascimento. As manifestações clínicas podem surgir nos primeiros três meses, durante ou após os dois anos de vida da criança.
Os sintomas da sífilis nos adultos, porém, variam de acordo com cada estágio da doença. O principal sinal é uma ferida no local de entrada da bactéria, como pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, ou outros locais da pele.
Bebê na maternidade (imagem ilustrativa)
Divulgação
➡ Como funciona o tratamento?
Segundo especialistas, o tratamento é de extrema importância porque as mães que não foram tratadas, ou que não receberam os cuidados adequados, vão infectar os filhos.
De acordo com Fernanda Nassar, o tratamento da sífilis geralmente é realizado com penicilina, durante 10 dias. Além da mãe e do bebê [após o nascimento], as parcerias sexuais também devem ser tratadas para que não haja reinfecção durante a gestação.
Outras doenças
Teste rápido de Aids (imagem ilustrativa)
Cleiton Borges/Secom/PMU
Além da sífilis, a transmissão vertical pode transmitir outras doenças das mães para os filhos. As médicas, Maria e Fernanda, listaram outras cinco condições. Veja abaixo:
Hepatite B: Doença infecciosa do fígado, também considerada uma IST e prevenida por vacina;
Aids: Outra IST. Ela ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças;
Rubéola: Conhecida como Sarampo Alemão, é uma infecção viral que também pode ser evitada por vacina;
Zika vírus: Transmitida por insetos, como o mosquito Aedes aegypti;
Covid-19: Infecção respiratória aguda causada pelo coronavírus SARS-CoV-2.
Algumas doenças podem resultar em aborto espontâneo, morte do feto e malformações congênitas, como a microcefalia — quando o cérebro não se desenvolve de maneira adequada.
É importante destacar que estamos falando da transmissão vertical. Há ainda outras doenças hereditárias que podem ser passadas de mães para filhos através por alterações no DNA ou nos cromossomos.
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