Silva toca violino em número do show ‘Encantado’ , cuja turnê estreou no Rio na Arena Jockey
Reprodução / Instagram Arena Jockey
♫ OPINIÃO SOBRE SHOW
Título: Encantado
Artista: Silva
Data e local: 1 de novembro de 2024 na Arena Jockey (Rio de Janeiro, RJ)
Cotação: ★ ★ ★ 1/2
♪ Palco de shows festivos na cidade do Rio de Janeiro (RJ), a Arena Jockey foi espaço inadequado para abrigar a estreia carioca do atual show de Silva, Encantado, em turnê pelo Brasil desde agosto em rota iniciada por Vila Velha (ES).
Com exceção do grupo de fãs do artista capixaba que se abrigaram em frente ao palco e vibraram com cada número do show baseado no álbum lançado por Silva em maio, a plateia ficou dispersa e fria, falando alto em quase todos os momentos da apresentação de uma hora e 15 minutos. Plateia que não encheu nem metade da Pista Premium na noite de ontem, 1 de novembro.
O coro ensaiado pelo público no canto de Fica tudo bem (2018) – um dos poucos hits do roteiro autoral seguido por Silva por sem concessões – reforçou a falta de sintonia entre o artista e esse público que, em grande parte, estava ali para ouvir sucessos.
Em vez de pôr o bloco na rua, Silva fez o oposto, pois o cantor, compositor e multi-instrumentista – em contínua evolução artística – estava ali para mostrar as músicas novas do autoral álbum Encantado (2024), título revigorante da discografia do artista. Só que, exceto o já mencionado grupo de fãs, ninguém ali queria ouvir músicas novas. E não se pode culpar o público, pois a Arena Jockey tem tradição de abrigar shows com hits para serem cantados a plenos pulmões.
Sem falar que o álbum Encantado surtiu menos efeito entre os seguidores de Silva do que os antecessores Cinco (2020) e Brasileiro (2018), este, sim, um álbum querido pelo público do cantor.
Diante desse desanimador quadro geral, louve-se a coragem de Silva de fazer o show no Rio de Janeiro (RJ) como idealizara, mostrando as novas canções que compôs com o irmão Lucas Silva, com quem assina a concepção do espetáculo.
Dividindo o palco com a banda formada pelos músicos Bruno Buarque (bateria e programações), Gabriel Ruy (guitarra e percussão), Hugo Maciel (baixo e sintetizador) e Rômulo Quinelato (guitarra e sintetizador), Silva se revezou entre o violão, os teclados e o violino ao longo de show que pediu passagem com a canção Abram alas (2024) e seguiu na cadência do samba Na hora mais bonita (2024).
Na sequência, Copo d’água (2024) fez Silva derramar a leveza de uma bossa pop carioca em linha ensolarada que se afina com a ambientação do pagode Um pôr-do-sol na praia (2019). Mas o sol cool de Silva esquentou somente os fãs à beira do palco.
A sequência com Girassóis (2024), É preciso dizer (2014) – bissexta música antiga em roteiro centrado no repertório do álbum Encantado – e Vou falar de novo (2024) ratificou uma frieza da plateia que, inevitavelmente, contaminou a atmosfera da apresentação, ainda que o show em si seja bom e nunca tenha saído do tom.
A levada black de Não vai ter fim (2020) – música do anterior álbum autoral Cinco (2020) – pôs Silva de pé no palco antes do set solo de tom mais íntimo em que, aos teclados, Silva deu voz à balada Risquei você (2024) e, na sequência, cantou um samba ao violão.
Com a banda de volta, o cantor caiu no samba quase canção Amanhã de manhã (2024). Veio então um dos ápices do show, Carmesin (2024), tema de grande dramaticidade. A voz de Carminho ecoou forte pela Arena Jockey com a reprodução do cantor da artista portuguesa no álbum Encantado.
Bossa cinzenta em inglês, Mad machine devolveu ao show o clima habitual em que Silva ambientou o estilizado funk melody Gostei de você (2024). Esse clima ficou mais quente (um pouco) no já mencionado hit Fica tudo bem, mas voltou a ficar frio e não esquentou nem no bis, iniciado com registro cool de A cor é rosa (2018) e encerrado com a vibe pop de Já era (2024).
Pairou no ar uma sensação de que Silva fez o show certo no lugar errado.