27 de dezembro de 2024

Sogros das filhas de Trump comandarão postos cruciais na política externa


Com indicação de Massad Boulos para principal conselheiro do Oriente Médio e Charles Kushner para embaixador na França, presidente eleito amplia a influência da família no governo Donald Trump (dir.) fala ao lado de Massad Boulos, sogro de uma de suas filhas e que ele nomeou como conselheiro para países árabes e Oriente Médio, em novembro de 2024. .
Julia Demaree Nikhinson/ AP
Donald Trump gosta de manter membros de sua família atrelados ao governo. A um mês de assumir novamente a Presidência, ele ampliou esses laços, escolhendo os sogros bilionários de suas duas filhas para cargos influentes na política externa.
Massad Boulos, pai de Michael, marido de Tiffany, atuará como principal conselheiro para assuntos árabes e do Oriente Médio; Charles Kushner, sogro de Ivanka, será o embaixador americano na França.
A indicação de seus consogros mostra que Trump seguirá a tradição do primeiro mandato de ter a família e agregados em cargos de confiança, sem se importar com críticas de nepotismo ou conflitos de interesses.
Até porque, como ele admitiu em uma entrevista, seu maior erro que cometeu em sua presidência foi escolher “pessoas ruins e desleais” para se juntar ao governo.
Nascido no Líbano e magnata no ramo automobilístico, Boulos foi um cabo eleitoral atuante de Trump junto à comunidade árabe-americana, que se distanciou dos democratas após as guerras de Israel em Gaza e no Líbano.
Aos integrantes desiludidos com o apoio do governo Biden a Israel, a despeito da catástrofe humanitária em Gaza, o empresário e consogro vendia o candidato republicano como um presidente que priorizaria a estabilidade e evitaria mais conflitos no Oriente Médio.
Com isso, angariou o apoio da comunidade árabe de Michigan, estado-chave que deu a vitória a Trump. O presidente eleito retribuiu o empenho do consogro.
“Massad é um negociador e um apoio inabalável da paz no Oriente Médio”, afirmou o presidente eleito ao anunciar a sua indicação. “Ele tem sido um antigo defensor dos valores republicanos e conservadores, um trunfo para minha campanha, e foi fundamental na construção de novas e tremendas coalizões com a comunidade árabe-americana.”
Caberá a Boulous, que mantém laços estreitos com a classe política cristã do Líbano, supervisionar, por exemplo, o frágil acordo de cessar-fogo entre Israel e Hezbollah.
A escolha do pai de Jared Kushner e sogro de Ivanka para ser o embaixador na França é mais controversa. Empresário do ramo imobiliário e criminoso condenado, Charles Kushner foi perdoado em 2020 por Trump, dias antes de o republicano deixar a presidência.
Ele se declarou culpado, em 2005, de 18 acusações de sonegação fiscal, adulteração de testemunhas e contribuições ilegais de campanha.
Admitiu ter contratado uma prostituta para seduzir o cunhado, que cooperava como informante na investigação sobre financiamento de campanha. O encontro foi filmado, e o vídeo enviado para a sua irmã.
Condenado, o magnata cumpriu a pena de dois anos de prisão.
Kushner, de 70 anos, foi apresentado pelo presidente eleito como “um tremendo líder empresarial, filantropo e negociador”, para representar o país e seus interesses.
Sua indicação a um dos postos diplomáticos mais cobiçados, no entanto, foi recebida na França com frieza e ceticismo, num grau semelhante ao que caracteriza as relações entre Donald Trump e Emmanuel Macron.

Mais Notícias