A namorada dele, principal suspeita do caso, segundo a polícia, está foragida. Exclusivo: o depoimento da psicóloga suspeita de matar o namorado com um doce envenenado
Desde meados de maio, a polícia da 25ª DP Engenho Novo, no Rio de Janeiro, investiga a morte de um homem cujo corpo foi encontrado em avançado estado de decomposição no apartamento onde ele vivia.
A investigação acredita que o crime tenha sido premeditado. A namorada dele, principal suspeita do caso, segundo a polícia, está foragida.
A seguir, entenda o que se sabe e o que falta esclarecer sobre o caso.
O que aconteceu?
O corpo do empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond foi encontrado em avançado estado de decomposição, no apartamento onde morava no Engenho Novo, na Zona Norte do Rio, no dia 20 de maio.
O corpo de Luiz foi encontrado no sofá da sala, ao lado de cartelas de morfina. Ele estava sentado, com dois ventiladores ligados — um no teto e outro no chão — em direção à janela, que estava aberta.
Como e quando as investigações começaram?
No dia 20 de maio, quando o corpo foi encontrado após vizinhos chamarem a polícia por causa de um forte cheiro.
Quando e como o empresário morreu?
O laudo do Instituto Médico-Legal apontou que Luiz morreu de 3 a 6 dias antes do corpo ser achado. A causa da morte foi inconclusiva para marcas aparentes e lesões, mas a polícia solicitou exames complementares, que ainda não ficaram prontos.
O laudo da necrópsia não determinou a causa da morte, mas indicou que o perito identificou pequena quantidade de líquido achocolatado no sistema digestivo.
Quando ele foi visto pela última vez?
Luiz foi visto publicamente pela última vez em 17 de maio, uma sexta-feira, na piscina do prédio.
Depois, câmeras de segurança do elevador do prédio onde ele morava mostram Luiz subindo para o apartamento com a namorada (ele carrega um doce embrulhado na mão). Ela, então, oferece uma cerveja a ele e os dois se beijam.
Como mostrou reportagem do Fantástico deste domingo (2), Luiz disse não estar se sentindo bem enquanto subia. E, em determinado momento, ele prendeu o dedo na porta do elevador.
O que está sendo investigado?
Os investigadores suspeitam que ele tenha sido assassinado após comer um brigadeirão envenenado (é o mesmo doce que ele carregava no elevador).
A suspeita é o doce seja o mesmo que Luiz carregava no elevador na última vez em que foi visto publicamente, em 17 de maio.
A polícia também apurou que Júlia, 9 dias antes da última imagem de Luiz vivo, foi até uma farmácia e pediu medicamento de uso controlado.
Quem é o empresário?
Luiz Marcelo Antônio Ormond era empresário e tinha 44 anos. Ele trabalhava com administração, compra e venda de imóveis e teve participação em um estacionamento, de acordo com um dos depoimentos.
Quem é a suspeita?
Para a polícia, Júlia Andrade Cathermol Pimenta, namorada de Luiz, é a principal suspeita do crime. Segundo os investigadores, ela queria ficar com bens e valores da vítima.
O que a suspeita disse em depoimento?
Júlia, a namorada, foi intimada a depor dois dias depois de o cadáver ter sido achado. À polícia, ela disse que saiu da casa de Luiz na segunda-feira (20), após uma briga no domingo (19), mas que ele estava bem e que chegou a preparar o café da manhã para ela.
Como mostrou o Fantástico deste domingo (2), Júlia contou à polícia que o que motivou a separação foi uma traição de Marcelo.
“Aí eu vi que enquanto eu estava dormindo, ele ficava em bate-papo. Provavelmente procurando p*. Aí descobri que tinha um Instagram fake. Aí teve briga. Aí eu falei que eu queria ir embora”, disse no depoimento.
Quem são as outras pessoas presas?
Suyany Breschak, que se apresentou como cigana, foi presa na noite de terça-feira (28), em Cabo Frio, na Região dos Lagos. Em depoimento, Suyany disse que Júlia teria levado o carro de Luiz até ela no sábado, como pagamento de parte da dívida. No veículo, estavam vários objetos da vítima, como um computador e armas legalizadas.
O carro foi entregue a Victor Ernesto de Souza, ex-namorado de Suyany, que foi preso por receptação.
Ao Fantástico, o advogado de Suyany disse que ela é inocente.
Qual a relação de Júlia e a mulher que se apresentava como cigana?
A mulher que se apresentava como cigana atuava como mentora de Júlia, realizando “trabalhos de limpeza”. Ainda segundo Suyany, ao longo dos anos Júlia teria contraído uma dívida de R$600 mil.
O que Suyany disse em depoimento?
Para a investigação, Suyany disse que Júlia ligou contando que o empresário estava morto e que precisou usar lençóis e cobertores para enrolar o corpo.
Depois, segundo Suyany, Júlia ligou ventiladores para minimizar o cheiro que estava no apartamento e lavou o local com água sanitária, pois até urubu estava aparecendo na janela.
Ainda de acordo com o depoimento de Suyany, Júlia teria admitido que colocou 50 comprimidos de um remédio para dor, moídos no brigadeirão e dado para o empresário comer. Ela consumiu o doce, mas em um outro prato que estava sem a substância.
O advogado dela nega a participação no crime.
Alguém foi preso?
Júlia é considerada foragida. Suyane foi presa por suspeita de participação, recebendo bens da vítima, segundo a polícia.
Um amigo de Suyane também foi preso após ser encontrado com o carro de Luiz.
O que dizem os vizinhos?
Uma vizinha esteve no elevador com Luiz e Júlia no dia 17 de maio. Ela disse que Luiz perguntou sobre a avó dela e parecia estar aéreo.
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Quando Júlia foi vista pela última vez?
No sábado (18), Júlia foi vista sozinha no elevador. As imagens mostram que ela foi à garagem e, durante cinco minutos, colocou itens no porta-malas do carro de Luiz. Em seguida, ela saiu com o carro da vítima.
No domingo (19), às 10h40, Júlia foi até a academia do prédio malhar. Na segunda (20), ao meio-dia, ela apareceu com dois celulares. Cerca de uma hora depois, esteve na portaria, com uma mala e duas bolsas. Às 13h20, foi vai embora depois de esperar o cartão da conta conjunta que abriu com Luiz chegar no prédio.
Onde o carro de Luiz foi encontrado?
O carro e o celular de Luiz foram encontrados com um homem, que foi preso em flagrante por receptação. A investigação aponta que os bens foram vendidos em Cabo Frio, na Região dos Lagos.
O homem é amigo de Suyane. Abordado pelos policiais, ele chegou a apresentar um documento escrito à mão, que ele disse ter sido assinado pela vítima, transferindo o bem.
Em depoimento informal prestado à polícia, o homem contou que Suyany pode ter ajudado Júlia a planejar o crime. Segundo ele, as duas ministravam medicamentos à vítima havia algum tempo.
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