Governador de São Paulo disse que polícia vai aprofundar informação em inquérito. Até o momento, quatro pessoas foram presas em razão dos crimes ambientais. Incêndios atingiram dezenas de cidades no interior de São Paulo
Reprodução/TV Globo
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou nesta segunda-feira (26) que um dos presos por envolvimento em incêndios em Batatais, no interior de São Paulo, “se identificou como integrante da organização criminosa PCC” e que isso será investigado. A afirmação foi dada em uma entrevista ao programa ‘’CBN São Paulo’’, da Rádio CBN.
“Um dos presos se identificou como integrante da organização criminosa PCC. Inclusive, teria feito um vídeo dizendo que cometeria um incêndio em nome da facção criminosa. Então, é algo prematuro ainda, é uma primeira informação e isso vai ser aprofundado agora no inquérito da Polícia Civil”, disse Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Em nota, a SSP informou que o homem de 42 anos preso na manhã do domingo (25), após ser flagrado ateando fogo em uma área de mata na cidade de Batatais, tentou fugir, mas foi capturado. O criminoso disse aos policiais que faz parte da facção criminosa. “Ele chegou a gravar um vídeo comemorando o ato criminoso. Com ele, os policiais apreenderam uma garrafa com gasolina e um isqueiro. O criminoso foi conduzido ao plantão da Delegacia Seccional de Franca, onde foi indiciado por causar incêndio e permaneceu à disposição da Justiça. Ele já tem passagens por roubo, furto, homicídio e posse de droga.”
Quatro pessoas foram presas acusadas de provocarem incêndios criminosos no interior de São Paulo, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP). Elas foram detidas nas cidades de São José do Rio Preto, Batatais e Porto Ferreira.
Segundo a SSP, “a Polícia Civil está mobilizada para investigar todas as ocorrências de incêndio criminoso no estado, especialmente as que ocorrem nas regiões afetadas pelas queimadas. As equipes de investigação estão atentas às imagens que circulam nas redes sociais e aos registros de boletins de ocorrência para realizar diligências e identificar os autores. A população também pode ajudar, levando ao conhecimento das autoridades policiais qualquer elemento que contribua com as apurações ou até mesmo para denunciar crimes. Essa comunicação pode ser realizada pelos telefones 190, 193 e 199”.
Ação humana
Na tarde desta segunda (26), Wolnei Wolff, secretário Nacional de Proteção e da Defesa Civil, afirmou que 99,9% dos focos de incêndio no interior do estado de São Paulo foram causados por ação humana.
“Não houve raio e também não houve acidente de torres de alta tensão que justificasse esse início dos incêndios, 99,9% é atividade humana mesmo. O ser humano por algum objetivo acha que o fogo resolve o problema dele, mas não tem ideia de que pode perder o controle”, afirmou.
Ainda segundo Wolff, a Polícia Federal informou que, até domingo (25), 32 processos foram abertos para investigar possíveis incêndios criminosos no Brasil, sendo que dois desses foram no estado de São Paulo.
Nenhum foco ativo
Em entrevista à GloboNews na manhã desta segunda (26), o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse que não tem mais nenhum foco ativo de incêndio.
“Nós fizemos o reconhecimento agora pela manhã e os focos que remanesciam em Pedregulho [município], Paulo de Faria [município], já foram extintos. Então, não tem nenhum foco ativo no estado de São Paulo”, disse o governador.
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O governo acredita, por ora, que não há uma ação orquestrada. A Polícia Civil e a Polícia Federal investigam.
“São pessoas que portavam gasolina e estavam realmente ateando fogo de forma criminosa”, explicou.
No domingo (25), a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que os incêndios registrados no interior de São Paulo são atípicos e precisam ser investigados. Segundo Marina, a PF abriu dois inquéritos para apurar as causas das queimadas em São Paulo.
Ainda de acordo com o governador, as Forças Armadas continuam mobilizadas com o Corpo de Bombeiros para fazerem trabalhos preventivos nos 48 municípios que permanecem em alerta.
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Na avaliação de Tarcísio, três grandes fatores foram responsáveis pelo alastramento do fogo nos últimos dias: estiagem, altas temperaturas e ventos fortes: “Primeiro, de fato, é estiagem severa que se alastrou aí por muito tempo… O estado de São Paulo vem sofrendo. A gente já tinha vários municípios em situação de emergência.”
“Nós tivemos uma combinação explosiva de fatores: alta temperatura, ventos muito fortes e baixíssima umidade relativa do ar nesses últimos dias. Então, qualquer coisa poderia causar uma ignição”, completou.
Tarcísio estima que o prejuízo provocado ao estado devido às queimadas supere o valor de R$ 1 bilhão.
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Cidades em alerta
A onda de incêndios que atinge o interior de São Paulo já deixou 48 cidades da região em alerta máximo para queimadas.
Duas pessoas morreram e mais de 800 tiveram que deixar suas casas desde que o fogo começou, na sexta-feira (23), segundo dados do governo estadual.
Mais de 20 mil hectares já queimaram na região, que teve mais de 2.300 focos de incêndio em apenas três dias, de acordo com a Defesa Civil. Imagens de moradores de cidades afetadas mostram o céu coberto por uma camada de fumaça.
Foi o agosto com mais focos de incêndio da história do estado de São Paulo desde 1998.
No sábado (24), o governador sobrevoou as áreas com maior incidência de incêndios no interior do estado.
Na sexta, o governo instalou um gabinete de crise devido aos incêndios. A “Operação SP sem fogo” integra especialistas da Defesa Civil do estado e das secretarias da Segurança Pública (SSP), Agricultura e Abastecimento, e Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil).
Dados
Em meio à estiagem, calor extremo e incêndios que causaram transtornos e medo a moradores do interior de São Paulo, o estado registrou entre quinta-feira (22) e sexta-feira (23) 2.316 focos de fogo, número quase 7 vezes maior do que o registrado em todo o mês de agosto do ano passado, quando foram contabilizados 352 incidentes.
Os registros, segundo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), colocam São Paulo no topo da lista de incêndios do país no fim desta semana, inclusive à frente de estados da Amazônia Legal, que enfrentam uma temporada recorde de queimadas – com fumaça chegando a 10 estados, incluindo São Paulo e até o Rio Grande do Sul.
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