4 de fevereiro de 2025

Temendo perseguições, agentes do FBI processam governo dos EUA para barrar lista de investigadores do 6 de janeiro


Agentes federais temem perder o emprego ou sofrer retaliações de apoiadores de Trump. Procuradoria-Geral exigiu lista de funcionários que investigaram ataque ao Capitólio. ‘Viking do Capitólio’ comemora perdão de Trump a invasores do 6 de Janeiro e diz que ‘vai comprar umas armas’
Dois grupos de funcionários do FBI processaram o Departamento de Justiça dos Estados Unidos nesta terça-feira (4) para tentar impedir a divulgação de uma lista com os nomes dos agentes que investigaram os ataques ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. Uma relação com informações sobre funcionários já foi repassada para a Procuradoria-Geral, segundo a agência Reuters.
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Naquele dia, centenas de apoiadores de Donald Trump invadiram o edifício na tentativa de impedir a certificação da vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais de 2020. Cinco pessoas morreram e cerca de 140 policiais foram agredidos durante o ataque.
Mais de 1.500 pessoas foram alvos de investigações criminais. Ao retornar ao cargo, em 20 de janeiro deste ano, Trump concedeu perdão presidencial a todos os acusados e determinou que a Procuradoria-Geral buscasse o arquivamento de processos em andamento.
Na sexta-feira, o procurador-geral adjunto interino dos Estados Unidos, Emil Bove, demitiu oito altos funcionários do FBI e cerca de 17 promotores que atuaram nos casos relacionados ao ataque de 6 de janeiro
Bove também ordenou à liderança do FBI que entregasse uma lista com todos os funcionários da agência que participaram da investigação do ataque. Segundo a Reuters, uma relação já foi enviada com os números de identificação dos funcionários.
O Departamento de Justiça não informou o que irá fazer com a lista.
Diante do caso, agentes do FBI resolveram processar o Departamento de Justiça. Na petição, eles alegam que Bove pretende identificar agentes para demiti-los ou puni-los de alguma forma.
“Os requerentes temem, de forma razoável, que toda ou parte dessa lista possa ser divulgada por aliados do presidente Trump, colocando-os e suas famílias em perigo imediato de retaliação por parte dos condenados de 6 de janeiro, agora perdoados e em liberdade”, afirma a ação judicial.
O diretor interino do FBI, Brian Driscoll, informou que a lista solicitada pela Procuradoria-Geral incluiria milhares de funcionários, incluindo ele próprio. Segundo estimativas dos agentes, cerca de 6.000 servidores participaram das investigações.
No fim de semana, os funcionários do FBI receberam um questionário pedindo detalhes sobre suas funções nos casos de 6 de janeiro, com prazo de resposta até a tarde de segunda-feira (3).
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Perseguição na internet
Manifestantes se agrupam durante evento da invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021
Shannon Stapleton/REUTERS
Mesmo antes da divulgação da lista, alguns funcionários do FBI já estão sendo perseguidos na internet por meio de campanhas promovidas pelos próprios investigados pelos ataques de 6 de janeiro de 2021. Um deles é Shane Jenkins, condenado a sete anos de prisão por atirar objetos contra policiais e quebrar uma janela do Capitólio com um machado.
“Aqui estão os meus promotores. Vamos garantir que essas pessoas sejam demitidas!”, escreveu Jenkins, nomeando o agente do FBI responsável pelo seu caso, assim como o juiz.
Os pedidos de retaliação ocorrem em meio a um aumento nas ameaças e na violência política, incluindo dezenas de mensagens intimidadoras enviadas a juízes e promotores envolvidos em processos contra Trump.
A agência Reuters identificou mais de 300 casos de violência política nos quatro anos desde o ataque ao Capitólio, incluindo pelo menos 25 agressões fatais que resultaram em 46 vítimas.
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