13 de outubro de 2024

Temporal com vendaval recorde foi formado por linha de instabilidade muito forte após período de seca acentuado, diz meteorologista

César Soares, da Climatempo, explica que SP estava com um abafamento muito intenso, desde o início da semana, e que na primavera, começamos a ter uma atmosfera com muito mais energia. Desta vez, a energia foi ainda maior após o longo período de seca que vivemos em agosto e setembro. Imagem de satélite mostra a linha de instabilidade que se formou na noite de sexta-feira
Reprodução/TV Globo
O temporal com ventos de até 107,6km/h de sexta-feira (11) em São Paulo foi causado por linhas de instabilidade muito fortes, que se formam toda vez que há choques de massas de ar distintas (quente x frio), explica o meteorologista César Soares, da Climatempo.
“Esses choques foram proporcionados por uma frente fria que estava passando pela região costeira de São Paulo e isso causou uma variação de pressão muito intensa”, diz.
Soares explica que São Paulo estava com um abafamento muito intenso, desde o início da semana, e que na primavera começamos a ter uma atmosfera com muito mais energia.
Desta vez, a energia foi ainda maior após o longo período de seca que vivemos em agosto e setembro.
“Pelo fato de termos passado por períodos de secura muito acentuada ao longo dos últimos meses, esse retorno das chuvas acaba sendo um pouco mais forte, intenso, e com instabilidades muito intensas também”, explica o meteorologista.
Rua de bares em Pinheiros sem luz, mas com clientes
Fábio Tito/g1
Mudanças climáticas
São Paulo deixou de ser a terra da garoa para se tornar a cidade da tempestade nos últimos anos.
“Isso tudo está associado à temperatura média da região de São Paulo, por ser uma ilha de calor, por ter um uso do solo que proporciona temperaturas mais altas e o aquecimento global. Isso faz com que a gente tenha temperaturas mais altas, uma condição de instabilidade que viria a causar só uma garoa, se desenvolve mais por conta do calor, e dá origem as tempestades”, diz Soares.
E o intervalo entre os grandes eventos vai diminuindo. A segunda maior ventania da cidade foi registrada há menos de um ano, em novembro de 2023.
A previsão para os próximos dias é de instabilidade, mas sem nenhum temporal do porte do observado na sexta.
Ventania
Com ventos de 107,6 km/h na noite de sexta, a cidade São Paulo registrou sua maior ventania em 30 anos, segundo a Defesa Civil Estadual.
Desde 1995, quando começaram as medições da Defesa Civil, a cidade não havia registrado ventos tão fortes. Os registros foram feitos na estação da Zona Sul da cidade.
Antes, o recorde havia sido registrado em 3 de novembro de 2023, na mesma estação, quando os ventos chegaram a 103,7 km/h e milhares ficaram sem luz em um grande apagão.
Ao menos sete pessoas morreram durante o temporal na Grande SP e no interior do estado. O órgão também conta ao menos três pessoas atendidas em estado grave.
Na cidade de Diadema, na Grande SP, uma pessoa morreu em razão de uma queda de árvore durante o temporal e em Cotia, duas morreram por queda de muro.
Já na capital paulista, uma pessoa faleceu também após a queda de uma árvore no bairro do Campo Limpo, na Zona Sul da cidade.
Segundo a Enel, mais de 20% da base de 8 milhões de clientes foi afetada no estado. Até este sábado, 1,4 milhão seguem sem luz, segundo a companhia.
Queda de árvore na Rua Kaoro Oda, perto da Subprefeitura do Butantã e do Metrô Vila Sônia, na Zona Oeste
Arquivo pessoal

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