13 de março de 2025

Terceira árvore mais antiga da cidade de SP cai durante chuva no Largo do Arouche, no Centro


Árvore tinha 30 metros de altura e estava no local havia cerca de 200 anos. Confira também por que tantas árvores caem em São Paulo. Terceira árvore mais antiga da cidade de SP cai durante chuva no Largo do Arouche, no Centro
A terceira árvore mais antiga da capital paulista caiu durante a chuva que atingiu a capital paulista nesta quarta-feira (13).
A árvore, que ficava no Largo do Arouche, no Centro, era um chichá da Mata Atlântica que pode alcançar grandes dimensões e é usada em reflorestamento. Ela tinha 30 metros de altura e estava no local havia cerca de 200 anos.
Um vídeo enviado para o g1 mostra que a árvore centenária se quebrou ao meio devido à forte chuva (veja acima).
Árvore centenária cai durante chuva em SP nesta quarta-feira (12)
Arquivo Pessoal
Nas redes sociais, moradores lamentaram a queda da árvore. “Que tristeza, um pedaço da história se foi”, escreveu uma internauta.
“Lamentável! Não existe volta… Essa é uma perda definitiva. Mas será que os responsáveis pela manutenção dos parques e jardins de SP ficarão tristes ou felizes? Os cidadãos paulistanos, aqueles que frequentam o Largo do Arouche mais do que ninguém, com certeza se entristecerão”, afirmou uma moradora nas redes sociais.
Em janeiro deste ano, o Bom Dia São Paulo mostrou, no Quadro Verde, que a árvore precisava de cuidados. Em uma parte do tronco havia machucados aparentes e perda de galhos, o que fez com que o chichá perdesse a forma original.
Clóvis Casemiro, turismólogo, destacou na época sobre o lixo que ficava em volta da árvore.
Árvore centenária é derrubada durante chuva no largo do Arouche em SP
Árvore do Largo do Arouche cai durante chuva nesta quarta-feira (12) em SP
Arquivo Pessoal
Por que tantas árvores caem em São Paulo?
Para especialistas, mais do que uma fatalidade, este cenário é um problema histórico, consequência de uma soma de fatores, e que atravessa várias gestões da Prefeitura de São Paulo e de outras prefeituras da região metropolitana. São eles:
Calçadas estreitas para árvores grandes;
Árvores “doentes”, com cupins ou fungos;
Podas mal realizadas;
Falta de acompanhamento da flora da cidade;
Ventos e chuvas fortes.
Árvore cai, atinge carro e deixa motorista morto no Centro de SP
Reprodução/TV Globo
Para o pesquisador do Laboratório de Árvores do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Sergio Brazolin, em entrevista ao g1 em novembro de 2020, o problema começou no início da arborização da cidade, 70, 80 anos atrás, sem planejamento entre o tamanho e espécie da árvore e a calçada que a abrigaria.
“É muito comum andar pela cidade e ver árvores enormes, de 15, 20 metros de altura, com calçadas pequenas. É uma gigante de pé pequeno”, aponta Brazolin. Hoje, os novos plantios seguem as regras estabelecidas pelo Manual Técnico de Arborização Urbana, da Prefeitura de São Paulo, desenvolvido para evitar tais discrepâncias.
O biólogo também lembrou que as árvores são seres vivos. Logo, também ficam doentes: “Cupins, apodrecimento, o que é natural de um ser vivo adulto que está ficando velhinho. Quando acontecem esses problemas na árvore, associado ao peso dela, elas vão se fragilizando na sua base”.
Brazolin aponta que a manutenção, com o olhar periódico de um especialista, é uma das questões principais. “Às vezes ela está bonita por fora mas por dentro está oca. Esse manejo é essencial em qualquer cidade”.
Outro fator apontado são as podas mal feitas, que podem desequilibrar a árvore, deixando um lado muito mais pesado que o outro. Os cortes também devem ser feitos nos galhos menores. Quando feito nos grandes, podem causar o alojamento de cupins ou apodrecimento.
Para o botânico e paisagista Ricardo Cardim, também em entrevista em 2020, a fiação elétrica é uma das grandes vilãs das árvores da cidade.
“A fiação elétrica aérea leva a mutilação de grande parte da floresta urbana em São Paulo”, afirma Cardim. O paisagista defende que a fiação deveria ser enterrada. Até hoje, poucos quilômetros, dos mais de 17 mil de cabos que a cidade têm, são enterrados, como a Avenida Paulista e a região do Museu do Ipiranga.
Quando a isso se somam ventos fortes fortes e chuvas intensas, o resultado, segundo ele, pode ser fatal. “Todo verão vemos uma série de problemas com arborização na cidade e tragédias horrorosas como essa por causa de falta de cuidado”, afirma Cardim.
“O que acontece é que até hoje parece que o poder público, principalmente o executivo, não entendeu que as áreas verdes de São Paulo são essenciais para a qualidade de vida e saúde da população e precisam de investimentos à altura”, disse o botânico e paisagista.
Segundo Cardim, em várias gestões se promete fazer um levantamento detalhado das árvores da cidade, quais, quantas são e onde estão, o que ainda não foi realizado. “O raciocínio é simples, como você vai cuidar de algo que não sabe quantas são e qual o estado?”
Para os especialistas, não é necessário remover as árvores grandes da cidade, essenciais para a qualidade do ar e para a saúde da população. A solução passa também pelo manejo eficiente dessa população arbórea. Uma das técnicas utilizadas é podar a copa de forma que ela deixe o vento fluir e não atue como um “paredão”.
O pedido de solicitação de poda na Prefeitura pode ser feito pelo número 156 ou pelo aplicativo 156 da administração municipal.
Árvore caiu sobre carro em Pinheiros, na Zona Oeste
Reprodução

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