Aos 60 anos, Walz é o atual governador de Minnesota. Com histórico militar e trajetória política centrista, democrata busca conquistar o eleitorado rural e branco.
Tim Walz na convenção democrata
Mandel NGAN / AFP Photo
O democrata Tim Walz é o candidato a vice-presidente dos Estados Unidos na chapa de Kamala Harris. Ele é o atual governador do estado de Minnesota e tem 60 anos. Se for eleito, Walz também ocupará o cargo de presidente do Senado.
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De acordo com a imprensa norte-americana, Walz foi escolhido por Kamala para atrair votos de eleitores rurais e brancos que tendem a ser mais conservadores. O democrata se comunica bem com esse público e tem um perfil mais centrista.
Walz também já foi professor de geografia e técnico de futebol americano em uma escola de ensino médio em Minnesota. Até hoje, ele é chamado de “coach” (técnico, em inglês).
Antes de ingressar na política, Walz foi membro da Guarda Nacional do Exército dos EUA. A carreira militar dele rendeu polêmicas na campanha presidencial deste ano, principalmente por ele ter sugerido no passado que esteve em uma guerra, o que não é verdade.
Enquanto esteve no Congresso dos Estados Unidos, Walz defendeu o acesso da população às armas. Entretanto, mudou de opinião após um massacre em uma escola na Flórida, em 2018.
Apesar de ter uma posição mais conservadora em alguns temas, Walz também defende pautas progressistas, como os direitos reprodutivos das mulheres.
Durante a campanha para a vice-presidência, o democrata apelidou Donald Trump e J.D. Vance de “esquisitos”. O bom humor de Walz foi uma aposta do partido para atrair eleitores indecisos.
Nesta reportagem você vai ver:
A carreira de Walz como militar e professor
O caminho político do democrata
Polêmicas do candidato
O valor de Walz na campanha de Kamala
Militar e professor
Tim Walz serviu na Guarda Nacional dos Estados Unidos ao longo de 24 anos. Ao mesmo tempo em que se dedicava à carreira militar, Walz começou a trabalhar como professor de geografia em um colégio no sul de Minnesota, onde ficou até o fim da década de 1990.
Além de ser professor de geografia, Walz passou a treinar o time de futebol americano do colégio. A equipe foi campeã estadual pela primeira vez em 1999.
O democrata também criou políticas de combate ao bullying na escola, como um grupo que orientava os alunos sobre pessoas que se identificam como LGBT.
“Nunca subestime um professor de escola pública”, afirmou na Convenção do Partido Democrata.
Walz se aposentou da Guarda Nacional em 2005, quando já tinha tempo de serviço suficiente. Ele chegou a ocupar uma das patentes mais altas entre os militares, sendo sargento-major de comando. Entretanto, deixou o cargo antes de concluir os requisitos para a promoção.
Com isso, Walz foi rebaixado para sargento-mestre ao se aposentar.
Carreira política
Governador de Minnesota, Tim Walz, é escolhido por Kamala Harris para concorrer às eleições como vice-presidente.
AP Photo/Susan Walsh
Walz queria concorrer ao Congresso quando se aposentou da Guarda Nacional. Em 2006, ele se candidatou à Câmara dos Representantes pelo 1º Distrito do Minnesota.
A região onde Walz disputou as eleições tinha um histórico com tendência de vantagem para o Partido Republicano. Mesmo assim, ele concorreu pelo Partido Democrata e foi eleito.
Enquanto esteve no Congresso dos Estados Unidos, Walz defendeu abertamente o acesso da população às armas. Seu discurso mais voltado ao centro atraiu eleitores conservadores, principalmente de regiões rurais.
O democrata acabou sendo reeleito de forma consecutiva e permaneceu na Câmara até 2018, quando foi eleito governador de Minnesota. Em 2022, Walz foi reeleito e deu aos democratas controle total na Câmara Legislativa do estado.
No último mandato, Walz e os legisladores democratas aproveitaram o controle para aprovar proteções para o direito ao aborto e para pessoas transexuais. O governo também passou a fornecer refeições escolares gratuitas para todos os alunos.
Para os opositores, Walz deu uma guinada brusca para a esquerda e se tornou “liberal demais” para ser vice-presidente.
Polêmicas
O Partido Republicano aproveitou falas de Walz que geraram polêmicas para atacar o candidato a vice-presidente. A maior parte das controvérsias está relacionada à carreira militar do democrata.
Em 2018, Walz chegou a afirmar que tinha carregado armas durante uma guerra. No entanto, o democrata nunca esteve em uma zona de conflito, segundo seu histórico militar.
Durante a campanha, o candidato acabou sendo acusado de mentiroso, mas se defendeu afirmando que tinha se expressado mal.
Além disso, Walz é acusado de ter deixado a Guarda Nacional pouco tempo antes de sua unidade receber uma ordem para combater no Iraque. A campanha democrata alega que, quando o candidato deixou o serviço, ele já tinha direito à aposentadoria.
Por fim, Tim Walz já foi preso uma vez em 1995 por dirigir embriagado. O democrata afirmou que parou de beber após o episódio.
A escolha de Kamala
Vice-presidente Kamala Harris e o governador de Minnesota, Tim Walz, em comício de campanha em 6 de agosto de 2024.
REUTERS/Elizabeth
Após a desistência de Joe Biden de concorrer à reeleição, Kamala Harris passou a ser o nome favorito entre os democratas para a presidência.
A menos de três meses da eleição, a candidata precisava montar uma chapa consistente para fazer frente a Donald Trump — que à época aparecia com uma vantagem considerável nas pesquisas.
Kamala estava em dúvida entre dois nomes: Tim Walz e Josh Shapiro, governador da Pensilvânia. A estratégia da democrata era garantir esforços nos estados-chave, que são decisivos para a eleição.
Walz acabou sendo escolhido por ter um bom relacionamento com o eleitorado rural e de centro. Apesar de ter uma posição mais conservadora em alguns temas, o democrata também defende pautas progressistas, como os direitos reprodutivos das mulheres.
“É a maior honra da minha vida me unir a Kamala Harris na campanha. Estou totalmente dentro. A vice-presidente Harris está nos mostrando a política do que é possível. Parece um pouco o primeiro dia na escola”, declarou Tim Walz.
O candidato também é visto como um político bem-humorado, que faz piadas constantemente. No primeiro comício ao lado de Kamala Harris, ele afirmou que Donald Trump e J.D. Vance eram “muito estranhos”. A fala acabou se tornando meme entre eleitores mais jovens.
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