7 de novembro de 2024

Traficante Marcelo Piloto vai a júri popular no Rio por assassinato cometido no Paraguai em 2018


Segundo o MPF, criminoso matou com 53 facadas garota de programa dentro da cela onde estava preso para evitar extradição para o Brasil. Imagens exclusivas mostram Marcelo Piloto em audiência no Paraguai e na chegada ao Brasil
Reprodução/TV Globo
A Justiça Federal no Rio de Janeiro decidiu mandar a júri popular o traficante Marcelo Fernando Pinheiro da Veiga, o Marcelo Piloto, por um assassinato cometido em 2018 no Paraguai.
Ele é réu por homicídio quadruplamente qualificado (por motivo fútil, meio cruel, praticado mediante dissimulação e para assegurar a impunidade dos crimes praticados no Brasil). Atualmente, Piloto está preso no presídio federal de Porto Velho, em Rondônia.
Piloto vai sentar no banco dos réus por um homicídio cometido em 17 de novembro 2018, dentro da cela onde ele estava preso na Agrupación Especializada, um quartel da Polícia Nacional do Paraguai, onde ficam presos perigosos.
Lidia Burgos, assassinada por Marcelo Piloto dentro da cela onde estava preso, no Paraguai
Polícia Civil do Paraguai/Divulgação
A vítima, Lidia Meza Burgos, de 18 anos, foi assassinada com 53 golpes de faca. A jovem – que era garota de programa – foi encontrada por policiais paraguaios com a faca cravada no pescoço. Ela chegou a ser socorrida com vida, mas não resistiu. Segundo as investigações, a jovem foi vítima de uma emboscada arquitetada por Piloto.
“(…) o denunciado atraiu Lídia para o local do crime ao argumento de que queria usufruir de seus préstimos como ‘garota de programa’. No entanto, este era apenas um pretexto para que Lídia fosse ao encontro do acusado, no presídio em que se encontrava custodiado”.
“Após haver mantido relações sexuais com a vítima, no momento em que se encontrava completamente desprevenida, Marcelo Fernando a atacou, sem que Lídia tivesse qualquer chance de defesa, tanto por não esperar o ataque inopinado, quanto por sua compleição física franzina, incapaz de conter a fúria mortífera de seu algoz”, diz a denúncia do Ministério Público Federal.
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De acordo com a denúncia, ao cometer o assassinato, Piloto pretendia responder pelo crime no Paraguai para não ser extraditado para o Brasil.
“(…) o crime foi praticado no intuito de assegurar a impunidade dos crimes praticados no Brasil. Isso porque, com a morte de Lídia, Marcelo Fernando acreditava que poderia postergar a sua extradição para o Brasil, prorrogando assim a sua permanência em território paraguaio, deixando assim de cumprir as condenações pelos crimes praticados no Brasil, bem como de responder aos processos criminais que ainda tramitam em seu desfavor”, afirmou o MPF.
Marcelo Piloto esteve preso no país vizinho por 11 meses, até ter sido extraditado para o Brasil, em novembro de 2018. Desde então, ele está preso em presídios federais de segurança máxima.
Ouvida pela Justiça Federal na condição de testemunha de acusação, a enfermeira que foi a primeira pessoa a prestar socorros médicos à Lidia disse que ao entrar na cela perguntou a Piloto por que ele havia feito aquilo. Segundo ela, Piloto limitou-se a dizer “tranquilo Doutora, já aconteceu”.
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Também à Justiça, um oficial inspetor da Polícia Nacional Paraguaia disse ter escutado Piloto afirmar que havia acabado de matar a vítima, logo após o crime.
Outra testemunha de acusação, o delegado da PF Fábio Galvão, que entre 2011 e 2018 foi subsecretário de Inteligência da Secretaria de Segurança do Rio, afirmou em depoimento que Piloto sabia que seria mais fácil escapar da cadeia no Paraguai e, por isso, queria a todo custo evitar a extradição para o Brasil.
De acordo com o delegado, a política da Secretaria de Segurança na época era enviar presos perigosos para presídios federais de segurança máxima fora do Estado do Rio. O delegado disse ainda que, enquanto esteve foragido no país vizinho, Piloto tornou-se o principal fornecedor de armas e cocaína para o Comando Vermelho.
Em seu interrogatório, Piloto decidiu ficar em silêncio.
Preso em 2017 no Paraguai
Marcelo Piloto foi preso em dezembro de 2017 no Paraguai, após passar uma década foragido as autoridades brasileiras.
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O assassinato de Lidia Burgos chocou a sociedade paraguaia pela brutalidade. Dois dias depois do crime, o então presidente do Paraguai, Mario Abdo Benitez, expulsou o traficante do país, sem esperar a conclusão do processo judicial de extradição.
Segundo investigações da Polícia Civil do Rio, Marcelo Piloto iniciou a vida no crime como assaltante. Ele realizava roubos na Zona Norte do Rio, e ganhou o apelido porque era o motorista da quadrilha.
O criminoso entrou para o tráfico e assumiu o comando das bocas de fumo da favela de Manguinhos, na Zona Norte do Rio. Em 2012, participou do resgate do comparsa Diogo Feitosa, o DG, que estava detido dentro da 25ª DP (Engenho Novo). Por esse crime, Piloto foi condenado a 5 anos de prisão.
O que diz a defesa de Piloto
Em nota, a advogada Flávia Fróes, que defende Marcelo Piloto, disse que “irá recorrer da decisão de pronúncia porque entende que houve excesso acusatório no que se refere às qualificadoras admitidas na decisão e não indiciadas na instrução criminal”

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