A Zona Oeste – que reúne o maior numero de eleitores da cidade – é a que mais preocupa. TRE busca minimizar influência de tráfico e milícia em votos com a mudança de endereço de mais de 90 seções no Rio
As eleições estão chegando e o Tribunal Regional Eleitoral anunciou a mudança de endereço de mais de 90 seções eleitorais do Rio.
A iniciativa é para reduzir a influência de traficantes e milicianos nos votos das pessoas. A Zona Oeste — que reúne o maior numero de eleitores da cidade — é a que mais preocupa.
Em 2020, 2.624.111 votos válidos decidiram os nomes dos vereadores da legislatura atual no Rio. Pesquisadores do Laboratório de Eleições, Partidos e Política comparada da Ufrj analisaram o peso de cada bairro na hora da decisão e constataram as regiões onde mais se concentram votos:
Campo Grande: 203.112 eleitores
Santa Cruz :112.768 eleitores
Tijuca: 101.442 eleitores
Realengo: 99.636 eleitores
Bangu: 90.029 eleitores
Copacabana: 77.067 eleitores
Barra da Tijuca: 71.205 eleitores
“A Zona Oeste contém os princiais bairros em termos de densidade eleitoiral do município do Rio. Isso significa que o controle do crime organizado, seja do tráfico, seja da milícia, nesses bairros, ele pode ser determinando para a eleição de um candidato mediante constrangimento ou medo dos cidadãos que votam nesses locais de votar em candidatos alternativos àqueles escolhidos pelo crime organizado, observa a pesquisadora Mayra Goulart, coordenadora do laboratório.
Nessas eleições, o Tribunal Regional Eleitoral está fazendo um pente fino rigoroso no registro das candidaturas. A intenção é barrar quem tenha alguma ligação com o tráfico ou a milícia.
Outra ação do TRE para as eleições deste ano é mudar o endereço de 93 seções eleitorais que estão em áreas controladas por facções criminosas e também buscar o apoio de forças federais para a garantia de votação e apuração.
Mayra Goulart chama atenção para o perfil histórico das eleições na cidade do Rio que aponta para dois tipos de vitórias na Câmara dos Vereadores:
Candidatos regionais, que ganham a eleição em um bairro específico onde conseguem base forte
Candidatos que se elegem com poucos votos em muitos bairros.
O último grupo não chega a ter 1% do total de cada seção, mas tem nomes que são votados em muitas seções. Por isso, na abaliação dos pesquisadores, é fundamental a livre circulação de candidatos e ideias para uma eleição transparente.
” A importância dessa mudança do TRE: a gente tem um candidato tem um candidato que se elegeu tendo três por cento dos votos de Campo Grande e isso representou 63% dos votos desse candidatos. Tivemos um outro, em Bangu, que teve 44% dos votos dele vindo de Bangu, isso representou só 4.5% dos votos do bairro. Esses são candidatos que tem muita atuação no território e que discrepam daqueles que tem um voto mais ligado à opinião pública, aos veículos de formação de opinião, a causas e que podem, portanto, pegar eleitores de diferentes bairros que se conectam com essa causa”, diz ela.