Comércio de bolsas e acessórios de Goiânia conseguiu mais de 16 milhões de visualizações no TikTok com post. Lojas veem faturamento disparar com vídeos de continuação de memes
Você já chegou a ver aqueles vídeos em que alguém aparece escorregando na lama, sendo atingido por um touro e, de repente, “reaparecendo” dentro de uma loja? Esses conteúdos fazem parte de uma nova “trend” que dá continuidade para memes.
Para os comerciantes, tem sido uma forma de surpreender os clientes e fazer propaganda com bom humor. Mas é preciso ter cuidado: esse viral não funciona para qualquer tipo de empreendimento, segundo uma especialista em mercado e transformação digital do Sebrae (entenda mais abaixo).
Um dos vídeos mais famosos foi feito por uma loja de bolsas e acessórios de Goiânia (GO).
As lojas estão usando memes para fazer anúncios publicitários
Arquivo Pessoal
A gravação, que já atingiu mais de 16 milhões de visualizações no TikTok, mostra uma pessoa despencando de uma maca. Na sequência, a cena parece continuar, agora com a vendedora rolando pelo chão da loja. Tudo isso graças a recursos fáceis de edição.
“No primeiro vídeo, fiquei um pouco em dúvida, mas descobri um talento (…) e tem que estar pronta para tudo, sabe? Saltar, deitar e se molhar. Gosto muito e sempre faço com um sorriso no rosto”, conta Shamyra Ferreira, protagonista do viral.
A ideia de participar da “trend” partiu de Esther Guimarães, que é social media da loja “Criativa”. Ela conta que sempre busca por referências na internet e, em uma dessas pesquisas junto com outros funcionários, notou o sucesso dos chamados vídeos de transição.
“Nós procuramos inspirações, mas não gostamos de nada copiado. Nesse, recriamos do nosso jeito. O legal é que outras lojas viram e fizeram igual. É desse jeito que a gente leva a nossa loja para outros lugares”, explica Esther.
Outro vídeo que chamou a atenção dos internautas foi publicado por uma franquia de sandálias de Marabá(PA). A gravação já foi vista mais de 13 milhões de vezes.
A produção mostra um homem sendo atingido por um touro e, na sequência, uma funcionária da loja dá continuidade à queda e anuncia: “Se você estava precisando apenas desse empurrãozinho para chegar até aqui na loja, chegou a sua hora. Temos inúmeras variedades de flats e de papetes, desde as mais simples às mais sofisticadas”.
Ao g1, a funcionária disse que a produção exigiu treino.
“Tentei correr antes de saltar, para fazer a transição certinha. Foram várias tentativas até descobrir que era só saltar. Eu gosto de gravar e a gente tem esse hábito […]. Teve muita repercussão. Até no meu Instagram pessoal tive que me pronunciar sobre o vídeo”, conta Mariana Santana.
Uma loja de Marabá (PA) produziu um dos primeiros vídeos mais acessados da “trend”
Rasteiríssima/ Arquivo Pessoal
Do viral ao faturamento 💸
Nos dois exemplos citados acima, a viralização refletiu também na divulgação orgânica – quando um conteúdo é compartilhado sem incentivos financeiros – e no aumento das vendas.
Cristiane Pereira, dona da loja de bolsas e acessórios, conta que o número de clientes cresceu 50% após o empreendimento usar as redes sociais como meio de divulgação.
Não é de hoje que a empreendedora mantém os perfis do Instagram e TikTok ativos: tudo começou durante a pandemia da Covid-19.
“Desde que passamos a investir na internet – não só nos memes – passamos de 4 funcionários para 22. Hoje, a gente só não atende mais gente porque realmente faltam estrutura e funcionários, mas já está nos nossos planos”, afirma Cristiane.
🛒 Já em Marabá, a afiliada da rede Rasteiríssima (formada por 17 unidades) teve um aumento de 20% nas vendas após o sucesso do vídeo.
Com a intenção de explorar ainda mais os recursos digitais, a loja mudou até mesmo os critérios de contratação de novos funcionários.
A ideia é admitir pessoas que estejam dispostas a produzir conteúdos para a internet, afirma Rafael Brilhante, um dos sócios.
“A gente sempre enxergou a internet como uma vitrine. Agora, ainda mais (…) É muito gratificante ver o seu sonho, que começou com uma loja familiar, se tornar algo tão concreto com a ajuda dela (internet).”
Não é para qualquer empreendimento ⚠️
O humor é uma das formas mais efetivas de criar conexões com as pessoas, afirma Janaína Camilo, especialista em mercado e transformação digital do Sebrae. Isso explica o sucesso dos conteúdos digitais que exploram os memes.
“O humor cria proximidade com quem está assistindo e, quase sem (a pessoa) perceber, esse contexto de leveza influencia na decisão de compra. Também tem a questão da identificação porque o meme normalmente retrata situações que acontecem com todo mundo”, explica Janaína.
➡️ Apesar de ser uma boa estratégia de venda, os empreendedores precisam usar o bom senso na hora de criar esses conteúdos. Optar por memes que ainda geram engajamento e evitar virais ofensivos são alguns deles.
Além disso, o uso de conteúdos virais para o marketing não é eficaz para todos os tipos de empreendimentos, segundo a especialista do Sebrae.
“Se a marca exige credibilidade e seriedade, o público alvo dela precisa de conteúdos mais técnicos. Não é compatível com o uso de memes. Até pode usar do humor, mas ele deve ser consistente e precisa manter a credibilidade.”
🛜 Tais cuidados não anulam a importância das empresas explorarem os meios digitais para o próprio benefício. Afinal, estima-se que ao menos 115 milhões de brasileiros realizam compras por meio dos canais digitais, apontam dados do Sebrae.
Apesar disso, Janaína ressalta que não basta somente criar perfis em todas as redes. Antes, é preciso identificar quais são as plataformas usadas pelo seu público-alvo.
“Se eu sou uma empresa que trabalha com CEOs, líderes de empresas, não é no TikTok que vou encontrar a maioria deles. A presença digital é um fator decisivo, mas deve ser usado com estratégia”, completa.
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