27 de dezembro de 2024

Trio acusado de realizar ‘tribunal do crime’ em maior facção criminosa do país é condenado a 35 anos de prisão

Eles exerciam as funções de ‘seguranças’ e ‘disciplina’ da facção. Trio é acusado de matar integrantes de uma organização criminosa rival. Caso aconteceu em 2020, em Guarujá, no litoral de São Paulo. Dupla conseguiu fugir do ‘tribunal do crime’ ao pular do carro em frente à Delegacia Sede de Guarujá
g1 Santos
Três integrantes da principal facção criminosa do Brasil foram condenados a 35 anos e 6 meses de prisão em regime inicialmente fechado. Segundo apurado pelo g1, neste domingo (10), o trio é acusado de realizar um ‘tribunal do crime’ para matar integrantes de uma organização criminosa rival.
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O crime aconteceu em 2020, em Guarujá, no litoral de São Paulo. Na ocasião, José Inácio Vieira da Silva foi condenado e morto pelo ‘tribunal do crime’. Outros dois homens foram sequestrados, mas conseguiram fugir no caminho para serem mortos. Eles pularam do carro em movimento em frente à Delegacia de Polícia Sede da cidade (relembre o caso abaixo).
Mikael de Jesus Gonçalves era o ‘disciplina’ da facção, ou seja, o responsável por repassar as regras da organização na cidade, o que incluía decisões para execução de integrantes de grupos rivais. Luiz Carlos do Nascimento Pereira e Robert Machado Santos eram os ‘seguranças’ e cumpriam as determinações impostas.
De acordo com o documento da sentença, obtido pela equipe de reportagem, o juiz da Comarca de Santos (SP) Alexandre Betini, afirmou que os réus demonstram grande periculosidade. Por este motivo, não poderão recorrer a decisão em liberdade.
“Submetidos a julgamento pelo Egrégio Tribunal do Júri da comarca de Santos, o corpo de jurados acolheu todas as acusações e teses sustentadas pelo Ministério Público na denúncia e em plenário”, explicou o juiz.
O g1 tentou contato com a defesa dos réus, mas não a localizou até a última atualização desta reportagem.
Tribunal do crime
De acordo com a denúncia do Ministério Público (MP), entre os dias 27 e 28 de novembro de 2020, o trio decidiu sequestrar e torturar três homens. O objetivo era fazer com que eles admitissem que faziam parte de uma organização criminosa, que atua no narcotráfico e é rival da maior facção do país.
Os dois homens que sobreviveram são de Cajazeiras (PB) e estavam há um mês em Guarujá. José Inácio, morto pelos criminosos, era primo deles e veio antes para o litoral de São Paulo. Não há informações de quanto tempo ele estava na cidade.
O ‘disciplina’ e os ‘seguranças’ estavam acompanhados de outros integrantes da facção, que ainda não foram identificados. Eles sequestraram os dois homens em uma casa, onde moravam no Sítio Conceiçãozinha, e os levaram para um barraco na comunidade da Prainha.
Segundo o MP, a dupla foi submetida a intenso sofrimento físico e mental. Ela foi obrigada a levá-los até o José Inácio, que acabou sendo condenado pelo ‘tribunal do crime’. Ele teve as mãos amarradas com uma corda, foi estrangulado, asfixiado e morto com cinco tiros às margens da Rodovia Cônego Domênico Rangoni.
Fuga e prisão
Os outros dois homens ficaram por horas sendo agredidos e ameaçados de morte dentro do barraco. Depois, o trio os colocou em um carro para levá-los em um local — não especificado — onde as covas já haviam sido cavadas para enterrar os corpos.
Durante o trajeto, eles tiveram que diminuir a velocidade por conta de um semáforo em frente à Delegacia Sede de Guarujá. As vítimas, portanto, aproveitaram a situação e pularam do carro em movimento. As imagens obtidas pelo g1 mostram os ferimentos causados por esta ação (veja a foto no início da reportagem)
A dupla conseguiu pedir socorro e os policiais militares, que estavam em frente ao DP, conseguiram deter os criminosos. Durante a abordagem, o ‘disciplina’ disse que outra facção criminosa não poderia entrar na cidade e, por este motivo, a dupla seria morta. O trio foi preso em flagrante.
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