O grupo Santa Casa de Franca afastou a equipe médica e suspendeu esse tipo de atendimento. A polícia, o Ministério Público e a Secretaria de Saúde do estado investigam o caso. Troca de medicamentos causou cegueira em pacientes operados de catarata no interior de SP revela investigação
Uma troca de medicamento durante cirurgias de catarata deixou pacientes cegos, no interior de São Paulo.
Carlos Augusto Rinaldi é pintor, mas sem enxergar do olho esquerdo não tem conseguido trabalhar.
“Você vai erguer um pé aqui, às vezes, você não sabe se foi no primeiro degrau ou se foi no segundo. O que vai acontecer? Você vai escorregar e você vai cair. É muito triste”, conta Carlos.
Mauri Guarnieri sofria de catarata no olho direito.
“Eu enxergava um pouquinho, hoje eu não enxergo mais nada”, relata o vendedor.
Seu Carlos e Mauri foram atendidos em um mutirão contra a catarata, em outubro, no ambulatório de Taquaritinga, no interior de São Paulo. Das 23 pessoas operadas, 12 perderam a visão total ou parcial.
O grupo Santa Casa de Franca, que administra o ambulatório, afastou a equipe médica e suspendeu esse tipo de atendimento.
A polícia, o Ministério Público e a Secretaria de Saúde do Estado investigam o caso. Em nota, o grupo Santa Casa de Franca afirma que houve troca de produtos. Que no lugar de soro, foi aplicado nos olhos dos pacientes um tipo de antisséptico usado na pele para eliminar bactérias e evitar infecções.
O oftalmologista João Marcos Atique explica como a substância age.
“A substância de limpeza é naturalmente usada na cirurgia, até para que você não tenha problema com contaminação dentro do olho. Mas quando a substância tem contato com os tecidos mais delicados talvez até do intraocular, ela pode causar uma toxidade ali nesse tecido e isso pode causar um problemas para o paciente”.
Ângela Maria Xavier descreve a diferença em relação à primeira cirurgia de catarata.
“Eu senti dor, eu senti enjoo, eu tive diarreia, coisa que no outro eu não tive nada”, afirma a dona de casa.
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O Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto vai acompanhar os pacientes. Uma opção é o transplante de córnea.
“Dos pacientes que têm indicação de transplante, existe uma chance de melhora. Essas cirurgias são de alta complexidade, que a gente não sabe determinar qual é a taxa de prognóstico”, explica André Messias, chefe do setor de catarata do HC Ribeirão.
O grupo Santa Casa de Franca disse que o episódio é grave, que colabora com as investigações e que dará apoio aos pacientes.
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