Mesmo à distância, o presidente dos EUA dominou a 55ª edição do Fórum Econômico Mundial, em Davos. Direta ou indiretamente, Donald Trump passou pelos debates e discursos. Trump diz que vai exigir redução imediata dos juros e desafia independência histórica do Banco Central americano
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Donald Trump discursou nesta quinta-feira (23), em vídeo, no Fórum Econômico Mundial de Davos. Ele voltou a defender o uso de combustíveis fósseis para impulsionar a economia e disse que vai exigir o corte das taxas de juros nos Estados Unidos.
Donald Trump disse que o mundo testemunhou uma revolução do bom senso nas últimas 72 horas. Criticou o antecessor, Joe Biden, principalmente pelo aumento da inflação e pela forma como lidou com a imigração.
Na área ambiental, Trump listou as medidas que já tomou para barrar iniciativas sustentáveis e promover a exploração de combustíveis fósseis:
“Os Estados Unidos têm a maior reserva de petróleo e gás do planeta. E vamos usá-la”, disse.
O presidente americano afirmou que vai pedir à Arábia Saudita e à Organização dos Países Exportadores para reduzirem o preço do petróleo:
“Se o preço caísse, a guerra entre Rússia e Ucrânia acabaria imediatamente”, disse, sem entrar em detalhes.
Trump disse que depois dessa redução no preço do petróleo, vai exigir o corte imediato das taxas de juros dos Estados Unidos, um desafio ao Banco Central americano, que é historicamente independente, e acrescentou que elas deveriam estar caindo no mundo inteiro.
Ainda sobre a guerra, Trump disse que gostaria de se encontrar com o presidente russo, Vladimir Putin, e que a Ucrânia está pronta para chegar a um acordo de paz. Trump voltou a cobrar que os países da Otan, a Aliança Militar do Ocidente, aumentem seus gastos com Defesa para 5% do PIB.
Na área econômica, o presidente americano prometeu cortes de impostos para as empresas que se instalarem nos Estados Unidos. Trump também disse que espera um relacionamento justo com a China, reclamou do déficit comercial com a União Europeia e voltou a ameaçar os aliados históricos com mais taxação sobre importações.
Foram quatro dias de expectativas em Davos de olho nos próximos quatro anos de governo Donald Trump. Não há dúvidas: mesmo à distância, o presidente americano dominou esta edição de número 55 do Fórum Econômico Mundial. Direta ou indiretamente, Trump passou pelos debates e discursos.
O presidente argentino se derreteu em elogios a ele. Javier Milei atacou a imigração, a pauta ambiental, o feminismo, a inclusão. Defendeu o que chamou de políticas liberais para “tornar o Ocidente grande de novo” – em um trocadilho com o slogan de campanha de Trump “tornar a América grande de novo”. E disse que a Argentina virou exemplo para o mundo depois do ajuste fiscal que implantou.
Depois do discurso, a correspondente Bianca Rothier perguntou ao presidente argentino sobre o acordo comercial que ele está negociando com o governo americano. Milei disse que há formas de avançar sem perder a aliança com o Mercosul. Ele defendeu que cada país possa negociar unilateralmente.
Presidente argentino se derreteu em elogios a Trump no Fórum Econômico Mundial de Davos
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O secretário-geral da Otan também fez um certo aceno ao presidente americano. Mark Rutte cobrou que os países da Aliança Militar do Ocidente aumentem os gastos com Defesa – mas para pelo menos 2% do PIB. Ainda bem menos que Trump pediu mais cedo.
Na contramão de Trump, que vem defendendo os combustíveis fósseis, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, comemorou o recorde de investimentos globais em energias renováveis, atingido em 2024:
“A transição para a energia limpa já está acontecendo. E veio para ficar”, frisou.
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