24 de janeiro de 2025

Trump diz que vai taxar produtos que os EUA importarem; Brasil está entre países que podem ser afetados pela decisão


Desde 2009, o Brasil compra mais do que vende para os Estados Unidos. O Brasil vende principalmente petróleo, ferro, aço e café, e compra combustíveis derivados de petróleo, gás natural, peças e motores de aviação. Brasil-EUA: entenda a relação comercial entre os dois países em números
Reprodução/TV Globo
Donald Trump disse que vai taxar produtos que os Estados Unidos importarem, e isso pode ter consequências importantes em países de todos os continentes. O Brasil é um deles.
A economia que cresceu liberal, pode agora se fechar pro mundo? O novo presidente promete tarifas para parceiros comerciais da Europa, Canadá, México, China. E sobre o Brasil…
“Eles precisam de nós muito mais do que precisamos deles”, disse Trump.
Em inglês ou português, a mensagem de Trump é a mesma: ele acredita que a importância dos Estados Unidos é sempre maior. Em economia, a relação entre dois países pode ser medida pela balança comercial. E o saldo que fica mostra uma troca equilibrada, com o Brasil gastando até um pouco a mais com os produtos americanos.
De 2009 para cá, o Brasil compra mais do que vende para os Estados Unidos. Com uma diferença pequena em 2024. Gastamos US$ 40,5 bilhões com importações de lá, e os americanos compraram US$ 40,3 bilhões em produtos brasileiros – o maior valor já registrado na história comercial dos dois países. Fica um saldo negativo para o Brasil de US$ 253 milhões. Cristina Helena, professora de economia da PUC de São Paulo, traduz:
“Isso significa que nós somos bons parceiros. Porque nós somos recíprocos nas trocas internacionais. É diferente, por exemplo, do caso da China, que exportou, exportou, exportou para os Estados Unidos e não importou e foi acumulando reservas”.
Juros, dólar e bitcoin: o que o mercado espera de Donald Trump e quais os impactos para o Brasil
O Brasil vende principalmente petróleo, ferro, aço e café para os Estados Unidos e compra combustíveis derivados de petróleo, gás natural, peças e motores de aviação. O céu do país governado por Trump, aliás, é um bom exemplo da codependência entre os Estados Unidos e o Brasil. O pesquisador da FGV Samuel Pessoa fala da exportação de aviões brasileiros para lá.
“A gente exporta Embraer para os Estados Unidos, mas nesse Embraer que a gente exporta tem muito componente que foi importado dos Estados Unidos. Então, se a Embraer começa a produzir menos, empresas americanas que produzem componentes de aviões vão sofrer, porque a Embraer vai reduzir as suas importações. Seria, eu acho que para os Estados Unidos e para o Brasil, um tiro no pé, porque todo mundo ganha com esse comércio”, afirma Samuel Pessoa.
O novo presidente quer reforçar as fronteiras. Mas o doutor em economia do Mackenzie Hugo Garbe lembra que a economia americana se fez em um mundo global:
“Se tornou a maior economia do mundo com a globalização. Essa narrativa do Trump vem um pouco na contramão da característica americana comercial. Eu diria que é quase impossível dele encontrar um país que substitua essa quantidade de produtos que a gente oferece para eles. O Trump vai ser um Trump pragmático. No fundo, ele sabe da importância do Brasil para a economia americana apesar dele desdenhar publicamente”.
LEIA TAMBÉM
‘Eles precisam de nós mais do que precisamos deles’, diz Trump sobre Brasil e América Latina
Relação histórica entre Brasil e EUA deve prevalecer apesar de ideologias de Lula e Trump, avaliam especialistas

Mais Notícias