23 de janeiro de 2025

Trump encerra funcionamento de agências do governo americano que cuidavam de programas de diversidade e inclusão social


Nesta quarta-feira (22), a Casa Branca publicou um documento que tentou explicar o decreto do presidente dos EUA. Chamou as políticas de inclusão de radicais e discriminatórias. Donald Trump fecha programas de diversidade do governo americano
Um decreto do presidente Donald Trump encerrou o funcionamento de agências do governo americano que cuidavam de programas de diversidade e inclusão social.
Um aviso marcou a quarta-feira (22) dos funcionários públicos americanos. Todos os servidores que trabalhavam em programas relacionados a diversidade foram colocados em licença remunerada a partir das 17h no horário de Washington. Muitos temem perder o emprego, porque, agora, departamentos e agências federais vão ter que definir um plano para fazer cortes nestas áreas até 31 de janeiro.
A ordem faz parte de um decreto assinado pelo presidente Donald Trump logo no primeiro dia de mandato. Determina o fim de programas de diversidade no governo federal.
Esses programas são representados por três letras: “D”, de diversidade; “E”, de equidade; e “I”, de inclusão. Representam uma luta histórica que vem dos movimentos por direitos civis dos anos 1960. Com outros nomes e de outras formas, empresas e governos passaram a adotar medidas para dar mais oportunidade a mulheres, minorias raciais e pessoas LGBTQIA+. As cotas em universidades são um exemplo.
Em 2020, depois do assassinato de George Floyd por um policial branco, os americanos foram às ruas afirmar: vidas negras importam. As empresas, que já vinham admitindo que faltava diversidade em seus quadros, começaram a intensificar programas para contratar mais gente de minorias sociais. Abriram departamentos para supervisionar isso.
E 2020 era um ano de eleição nos Estados Unidos. Joe Biden venceu Donald Trump, e levou ao governo federal os programas de diversidade, equidade e inclusão. Trump criticou essas medidas desde que se candidatou a voltar à Casa Branca e ganhou a eleição de novembro de 2024 prometendo acabar com elas.
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Nesta quarta-feira (22), a Casa Branca publicou um documento que tentou explicar o decreto. Chamou as políticas de inclusão de radicais e discriminatórias. Disse que a decisão dele é para impedir que o serviço público seja forçado a contratar pessoas com base em raça, sexo, identidade de gênero, preferência sexual – um termo inadequado para se referir à orientação sexual – ou religião; e disse que o decreto “restaura os valores da dignidade individual, do trabalho duro e da excelência”.
Desde a campanha, Trump vem repetindo que medidas de inclusivas são uma forma de discriminação. No discurso de posse, segunda-feira (20), ele afirmou:
“Vou acabar com a política de governo de tentar fazer uma engenharia social com raça e gênero para cada aspecto da vida pública e privada. Vamos formar uma sociedade que não vê cores e que tem como base o mérito”.
Lily Zheng, que escreveu um livro sobre políticas de diversidade, discorda da visão de Trump e defende que medidas afirmativas existem para garantir a inclusão de todos e não a exclusão.
“São essas políticas que criam a real meritocracia. O melhor candidato a uma vaga vai ser encontrado expandindo a busca. Você garante que o leque de candidatos refletirá toda a sociedade que você está buscando servir”, afirma Lily Zheng.
Lily teme que, com a ordem de Trump, as autoridades deixem de representar toda a sociedade americana:
“Isso é um grande problema, porque uma equipe que não representa a sociedade provavelmente não vai tomar decisões que beneficiem a todos”.
Trump encerra funcionamento de agências do governo americano que cuidavam de programas de diversidade e inclusão social
Jornal Nacional/ Reprodução
A mudança não ficou só dentro do governo. Trump determinou que agências federais tomem medidas para acabar com programas de diversidade também dentro do setor privado. Ele não especificou como isso vai ser feito. Empresas como a Meta – dona do Facebook, Instagram e WhatsApp – já encerraram esses programas. Um sinal de que estão alinhadas com o novo governo.
Na questão imigração, a Casa Branca detalhou como vai colocar em prática outra promessa de campanha de Trump: a deportações em massa. O presidente quer que o Departamento de Justiça investigue autoridades estaduais ou municipais que não cumprirem com as leis de imigração.
Na prática, isso abre caminho para que o governo faça operações contra a imigração ilegal em cidades como Nova York ou Chicago, onde as autoridades locais se comprometiam a não denunciar imigrantes em situação irregular.
A Casa Branca também confirmou nesta quarta-feira (22) que o Pentágono vai mandar 1,5 mil militares para a fronteira com o México.
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