15 de janeiro de 2025

Trump reivindica para si acordo de cessar-fogo em Gaza; veja repercussão


Segundo autoridade envolvida nas negociações, aprovação de segunda trégua na guerra entre Israel e Hamas foi garantida após intensos debates nesta quarta-feira (15). Mesmo antes da oficialização, Donald Trump comemorou em rede social. Presidente eleito dos EUA, Donald Trump.
Reuters
“Temos um acordo para os reféns no Oriente Médio. Eles serão libertados em breve. Obrigado”
Foi assim que o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, antecipou o acordo de cessar-fogo na guerra na Faixa de Gaza entre Israel e Hamas nesta quarta-feira (15).
A publicação do republicano na Truth Social ocorre em meio a uma corrida com Joe Biden pelos créditos do acordo.
Post de Donald Trump sobre acordo de cessar-fogo
Truth Social / Reprodução
Agências confirmam acordo de cessar-fogo em Gaza
Israel e Hamas chegaram a um acordo de cessar-fogo nesta quarta-feira (15), após dias de intensas negociações, segundo uma autoridade envolvida nos debates, diz a agência de notícias Reuters.
Em seu perfil na rede social Truth Social, às 14h02 do horário de Brasília, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, também afirmou que o acordo foi aprovado e comemorou:
Uma coletiva do ministro das Relações Exteriores do Catar está sendo aguardada para confirmar o acordo.
Saiba detalhes do acordo
Biden e Trump correm para viabilizar o acordo entre Israel e Hamas e levar o crédito pelo cessar-fogo
De acordo com a Reuters, o grupo extremista palestina concordou, ainda pela manhã, com a proposta de cessar-fogo em Gaza e de devolução de reféns compartilhada pelos negociadores do Catar.
Um oficial do Hamas afirmou que ainda não havia dado uma resposta por escrito à proposta. Porém, um representante da Autoridade Palestina contou que a aprovação verbal já havia sido dada e que o grupo só aguardava mais informações para seu aval oficial ao acordo.
O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, negou a informação e disse que o grupo extremista ainda não aceitou a proposta.
“Ao contrário dos relatos, a organização terrorista Hamas ainda não respondeu ao acordo”, disse o gabinete em comunicado.
Horas depois, por volta das 13h30, à rede de TV Al Jazeera, o Hamas disse que entregou sua aprovação aos mediadores.
Segundo a Reuters, em um impulso final pela aprovação, o primeiro-ministro do país se encontrou com representantes israelenses e do Hamas.
A agência AFP afirma que a trégua também foi aprovada pelo grupo aliado do Hamas Jihad Islâmica.
“As facções da resistência chegaram a um acordo entre si e informaram aos mediadores de sua aprovação do acordo de troca e cessar-fogo”, declarou à AFP uma fonte sob anonimato.
Já a agência Associated Press diz que um oficial do Hamas afirma que o grupo rejeitou uma proposta de Israel para o cessar-fogo e que as negociações continuam.
Autoridades do Catar, Egito e Estados Unidos, bem como de Israel e do Hamas, participam das negociações.
Em entrevista à rede de TV americana CNN, o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, falou sobre o acordo: “Pode e deve acontecer nas próximas horas”.
O Ministério das Relações Exteriores de Israel declarou nesta quarta que o ministro Gideon Saar estava encurtando sua visita à Europa para poder participar das votações do gabinete de segurança e do governo sobre o tema:
“Após o progresso nas negociações de libertação dos reféns, o Ministro Sa’ar encurtou sua visita diplomática, que estava programada para continuar amanhã na Hungria. Ele retornará a Israel esta noite para participar das discussões e votações esperadas no Gabinete de Segurança e no governo”.
Acordo de cessar-fogo entre Hamas e Israel e libertação de reféns entra na fase final de negociação
Um dia antes, nesta terça-feira, várias delas afirmaram que um acordo estava mais próximo do que nunca, apesar do conflito continuar deixando mortos no território palestino.
Caso a proposta debatida agora seja aprovada, o primeiro passo será um cessar-fogo inicial de seis semanas com a libertação de 33 reféns israelenses em troca de prisioneiros palestinos e uma retirada gradual das forças israelenses do centro de Gaza e o retorno dos palestinos deslocados ao norte do enclave.
Uma segunda fase prevê a libertação de todos os reféns restantes, um cessar-fogo permanente e a retirada completa dos soldados israelenses. Segundo o site “Axios”, 98 reféns israelenses sob o poder de Gaza ainda estariam vivos.
Uma questão mais polêmica e ainda sem resposta é quem governará Gaza depois da guerra. Israel rejeitou qualquer envolvimento do Hamas, que governava Gaza antes da guerra, mas se opôs quase igualmente ao governo da Autoridade Palestina, o órgão criado pelos acordos de paz provisórios de Oslo há três décadas e que tem poder de governo limitado na Cisjordânia.
O primeiro-ministro palestino, Mohammad Mustafa, disse nesta quarta-feira que a Autoridade Palestina deve ser o único poder governante em Gaza após a guerra, ideia que foi defendida nesta terça por Antony Blinken.
Negociações a todo vapor
Na segunda-feira (13), as autoridades envolvidas nas negociações divulgaram que uma versão “final” do acordo havia sido entregue. Horas depois, o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, também afirmou que considera possível um acordo de trégua em Gaza “esta semana”.
“Estamos perto de um acordo e ele pode ser fechado esta semana. Não estou fazendo uma promessa ou uma previsão, mas está ao nosso alcance”, disse Sullivan aos repórteres.
A delegação do Hamas que participa das negociações afirmou que as conversas estão progredindo bem. Já o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, garantiu que o acordo está próximo de ser fechado.
Parentes de reféns na fronteira de Israel com a Faixa de Gaza
REUTERS/Amir Cohen
O avanço nas negociações foi feito em Doha durante a noite de domingo (12), após conversas com representantes de Israel, dos Estados Unidos e do Catar.
Horas antes, o presidente americano, Joe Biden, conversou com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, por telefone. Os dois discutiram iniciativas já em andamento, que visam colocar um fim aos combates no enclave palestino e libertar os últimos reféns, disse a Casa Branca em um comunicado.
Biden “insistiu na necessidade imediata de um cessar-fogo em Gaza e no retorno dos reféns, com um aumento na ajuda humanitária possibilitado pela cessação dos combates como parte do acordo”, escreveu a Casa Branca.
As autoridades dos EUA estão trabalhando para obter um acordo antes da posse de Trump, em 20 de janeiro.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa’ar, disse nesta segunda-feira (13) que o país estava “trabalhando duro” para garantir um acordo que encerraria a guerra e permitiria a libertação de reféns mantidos no território palestino.
“Israel realmente quer libertar os reféns e está trabalhando duro para chegar a um acordo. As negociações estão avançando”, disse ele em uma coletiva de imprensa conjunta ao lado do chanceler dinamarquês, Lars Lokke Rasmussen.
À agência de notícias Reuters, o Hamas afirmou na segunda que as conversas sobre algumas questões centrais para o cessar-fogo em Gaza progrediram e que seus representantes estão trabalhando para concluir o que resta discutir em breve.
Prédios destruídos na Faixa de Gaza durante conflito entre Israel e Hamas, vistos do sul de Israel
Kai Pfaffenbach/Reuters
Cerca de 100 reféns israelenses, vivos ou mortos, ainda estão nas mãos do Hamas desde os ataques de 7 de outubro de 2023 pelo grupo palestino no sul de Israel.
A represália de Israel já deixou mais de 46 mil mortos em Gaza, de acordo com autoridades de saúde palestinas. O enclave está destruído e enfrenta uma crise humanitária. A maior parte da população foi deslocada.

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