Rede social criada por Trump — depois de seu banimento de outras redes — corre o risco de enfrentar um abandono de seus apoiadores, que podem voltar ao antigo Twitter para acompanhá-lo. Patrimônio de ex-presidente caiu de US$ 4,9 bilhões para cerca de R$ 4,5 bilhões de sexta até hoje.
Alex Brandon/ AP
O ex-presidente dos Estados Unidos e atual candidato na corrida presidencial Donald Trump já perdeu cerca de US$ 350 milhões de seu patrimônio desde sexta-feira passada (9) até o início da tarde desta terça-feira (13), segundo o ranking de bilionários da Forbes.
A fortuna de Trump, avaliada em US$ 4,5 bilhões, encolheu puxada por uma forte desvalorização de mais de 9% das ações de sua companhia de comunicação, a Trump Media, de sexta até às 12h desta terça.
A queda da empresa pode ser explicada por dois principais motivos:
Um resultado fraco e muito abaixo do esperado para a empresa de mídia Truth Social, principal produto da Trump Media;
E a volta de Trump para o X (antigo Twitter), depois de um hiato de três anos e meio.
Na última sexta, a Truth Social reportou seus resultados financeiros do último trimestre e mostrou uma receita de quase US$ 837 mil. O número é considerado muito baixo uma empresa com valor de mercado de cerca de US$ 4,7 bilhões.
Além disso, o balanço mostra um prejuízo no trimestre de mais de US$ 16 milhões, destaca o diretor de desenvolvimentos de negócios da Bridgewise, Thiago Kurth Guedes.
E a volta de Trump ao X pesou ainda mais sobre as ações da companhia de mídia do ex-presidente, que nasceu justamente para rivalizar com o antigo Twitter.
Trump foi expulso do Twitter e de outras redes sociais em janeiro de 2021 após apoiar participantes do atentado ao Capitólio. Desde então, ele utilizava a Truth Social como principal forma de comunicação com seus apoiadores.
A conta do ex-presidente só foi reativada quando o bilionário Elon Musk comprou o Twitter, em outubro de 2022. Mas, desde então, Trump só havia publicado uma foto em 24 de agosto de 2023. A imagem era sua foto de fichamento (“mug shot”), quando foi detido pela Justiça americana.
Polícia divulga ‘mug shot’ de Donald Trump
Fulton County Sheriff’s Office/Handout via REUTERS
Com o início da campanha presidencial de 2024, Elon Musk decidiu dar apoio ostensivo ao ex-presidente. Nesta segunda-feira (12), Trump aceitou conceder uma entrevista ao bilionário no X. Horas antes da conversa, voltou a compartilhar conteúdos na plataforma.
As primeiras postagens foram vídeos promovendo sua campanha e divulgando a entrevista para Musk. Com o retorno, especialistas explicam que os usuários da Truth Social — que, em geral, são os apoiadores do ex-presidente — podem se voltar novamente ao X para acompanhar as publicações e deixarem a empresa de lado.
Se os resultados financeiros da Truth Social já eram ruins antes disso, as expectativas são ainda piores. Em um mês, as ações da Trump Media já acumulam uma queda de mais de 40%.
Para Kurth Guedes, outro número “digno de nota” é o fluxo de caixa livre do trimestre, que representa o dinheiro que sobra para a companhia após o pagamento de suas despesas operacionais e de seus investimentos. No trimestre, esse fluxo foi negativo em quase US$ 24 milhões para a Truth Social.
O especialista explica que, com esses resultados, a Trump Media não dá sinais de que vai ter um desempenho melhor que o de outras empresas médias do setor de tecnologia e comunicação daqui em diante.
Elon Musk, dono do X, entrou na campanha presidencial como apoiador de Trump
REUTERS/Gonzalo Fuentes/File Photo
Números da Truth Social desagradam o mercado
Olhando para um recorte maior, desde o último 27 de março, quando as ações da empresa foram listadas na bolsa de Nasdaq e atingiram seu pico (a US$ 66,22 por ação), os papéis já despencaram mais de 60%.
A companhia viveu um período de valorização desde o começo do ano, principalmente em março, quando as ações da Trump Media foram listadas após a conclusão um longo processo de fusão, que levou 29 meses, da empresa com a Digital World Acquisition.
Com a estreia, o mercado se empolgou e fez o preço dos papéis dispararem mais de 40% já no primeiro dia de negociação. Mas a animação logo deu lugar à cautela, porque os investidores perceberam que a empolgação podia não refletir a real situação financeira da companhia.
Em 1° de abril, a divulgação do balanço corporativo da empresa referente a 2023 reportou um prejuízo de US$ 58 milhões em 2023. Isso levou a uma derrocada nos preços das ações nos dias seguintes, levando-as ao posto de mais vendida do mercado — ou seja, investidores apostando que os preços vão continuar caindo.
Além do prejuízo milionário, o que mais chamou a atenção nos resultados da empresa foi a sua receita em 2023: apenas US$ 4 milhões, levantando o questionamento de quão rentável é o negócio. Nesse sentido, o resultado da última sexta foi só mais uma gota num copo prestes a transbordar.
Patrimônio de Trump
Além de deter uma participação estimada em 60% da Trump Media, o ex-presidente americano também é dono de um patrimônio bem diversificado.
Trump é presidente da The Trump Organization, que é uma controladora de todas as empresas pertencentes à Donald Trump e seus filhos.
A família tem centenas de empreendimentos imobiliários pelo mundo, com hotéis, resorts, torres residenciais campos de golpes, além de fazer corretagem, venda e administração de imóveis pelo mundo.
Trump também tem negócios no segmento de lifestyle, com marca de roupas masculinas e femininas, itens para casa e produtos de golfe.
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