6 de outubro de 2024

TV Globo e afiliadas divulgam no sábado (5) as pesquisas eleitorais de véspera; saiba como são feitas

As pesquisas são o registro científico de dados, tendências, movimentos. Pesquisa não é previsão de resultados porque o espelho definitivo é a urna. A TV Globo e as afiliadas vão divulgar amanhã as chamadas pesquisas de véspera
A TV Globo e as afiliadas contrataram e vão divulgar no sábado (5) as chamadas pesquisas de véspera. A Quaest está entrevistando eleitores das 26 capitais de estados brasileiros e em outras cidades grandes. O Datafolha, em quatro capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Recife. São as últimas pesquisas de intenção de voto para prefeito desses institutos antes do primeiro turno das eleições municipais.
Imagine uma pesquisa que fosse capaz de ouvir todos os eleitores do Brasil. Difícil de fazer. Mas não é impossível imaginar essa pesquisa ideal. Mesmo assim, ela não repetiria o resultado das urnas porque muitos vão mudar de opinião. E muitos só escolhem o candidato na hora de apertar o botão. É por isso que pesquisa não é, e nem pode ser, uma previsão. Mas então o que é uma pesquisa eleitoral? É, acima de tudo, um instrumento da democracia.
“É o encontro das tendências, de quais são as candidaturas que têm mais força, menos força, os mais conhecidos, os mais rejeitados. Isso tudo junto acaba virando informação preciosa para que o eleitor vote de maneira cada vez mais informada e cada vez mais consciente”, diz Felipe Nunes, professor e diretor da Quaest.
TV Globo e afiliadas divulgam no sábado (5) as pesquisas eleitorais de véspera; saiba como são feitas
Jornal Nacional/ Reprodução
Pesquisa é transparência.
“Os partidos têm nas suas campanhas, cada um faz sua pesquisa mas não divulga. Então, é importante que tenham pesquisas que são divulgadas para que o eleitor tenha conhecimento do que está acontecendo”, afirma Luciana Chong, diretora do Datafolha.
Os dois institutos que estão fazendo as pesquisas encomendadas pelas emissoras da Rede Globo têm diferenças na metodologia.
“Cada instituto vai adotar sua própria metodologia, mas elas não têm o conflito entre elas. As duas vão contribuir para o eleitor ter essa fonte de informação que é a pesquisa”, diz Luciana Chong.
“As diferentes formas de mensuração da intenção de voto por diferentes institutos acabam se complementando para que o eleitor tome uma decisão mais informada”, afirma Felipe Nunes.
A principal diferença é o local das entrevistas. A Quaest vai até a casa dos eleitores, sorteando os locais com base na divisão do território estabelecida pelo IBGE. Já o Datafolha aborda os eleitores na rua, sorteando os chamados pontos de fluxo. Esses pontos foram selecionados representando a distribuição da população pelo IBGE.
Depois do sorteio, os pesquisadores dos dois institutos buscam aleatoriamente quantidades específicas de eleitores dentro dos critérios de idade, gênero, escolaridade e renda. Essa amostra deve ser formada por um grupo de pessoas que seja o espelho do eleitorado.
Saiba como são feitas as pesquisas eleitorais
As pesquisas são o registro científico de dados, tendências, movimentos: para onde os eleitores vão e a que velocidade as preferências estão se movendo. Pesquisa não é previsão de resultados porque o espelho definitivo é a urna.
Ao longo dos anos, a realidade brasileira vai apresentando novos desafios aos institutos de pesquisa. A taxa de abstenção, por exemplo. O número de eleitores que deixam de votar nas eleições municipais vem crescendo. Em 2012, a abstenção foi de 16,4%; em 2016, foi de 17,6% e em 2020, ano da pandemia, a abstenção chegou a 23,1%. Ou seja, nessas três eleições, 27 milhões de eleitores, em média, deixaram de comparecer às urnas.
“Apesar do voto no Brasil ser obrigatório, nem todo mundo tem ido votar. As taxas de abstenção, de não comparecimento, têm sido crescentes desde 2002”, afirma Felipe Nunes.
O número de eleitores que deixam de votar nas eleições municipais vem crescendo
Jornal Nacional/ Reprodução
Por isso, nos últimos anos, além de medir a intenção de voto em um candidato A ou B, as estimativas de votos válidos tiveram que passar a identificar se o eleitor vai ou não comparecer no domingo.
“Na Quaest, nós combinamos dados oficiais do TSE que retratam o padrão e o histórico de comparecimentos nas últimas eleições, com perguntas para identificar a motivação, o interesse e grau de participação de cada eleitor em eleições anteriores. Reunindo esses dois dados, é que a gente cria um modelo, quase um algoritmo, no qual a gente atribui para cada indivíduo na amostra um peso, uma probabilidade, uma chance de ir votar no domingo. É dessa forma que a gente pretende e espera tornar a pesquisa ainda mais precisa, informativa para o eleitor que vai votar no domingo”, explica Felipe Nunes.
Na pesquisa de sábado (5), vão ser divulgados os votos totais e também os votos válidos para cada candidato.
“Porque é como o TSE vai divulgar os resultados da eleição. O TSE sempre considera os votos válidos. É feito um cálculo matemático onde a gente exclui os eleitores que disseram que vão votar em branco ou anular o voto e os eleitores indecisos”, diz Luciana Chong, diretora do Datafolha.
Além disso, a pesquisa da véspera da eleição vai aumentar o número de eleitores entrevistados. Em São Paulo, por exemplo, a amostra tradicional da Quaest é de 1,2 mil entrevistas. A pesquisa que vai ser divulgada no sábado (5) terá ouvido 2,4 mil pessoas, o dobro. Na maior cidade do país, o Datafolha, que entrevistava 1,2 mil eleitores, vai ouvir 2.052 mil. Com isso, a margem de erro diminui de três pontos percentuais para dois.
A pesquisa que vai ser divulgada no sábado (5) começou a ser feita nesta sexta-feira (4), depois dos debates da Globo e das afiliadas.
“Ela vai captar a intenção de voto do eleitor na véspera da eleição, na sexta e no sábado. O importante é você ver o filme completo daquela eleição. Então, acompanhar todos os dados que foram coletados, todos os resultados e, no final, a gente vai ter o filme da eleição que vai mostrar exatamente o que aconteceu em cada momento”, afirma Luciana Chong.
“Essas tendências bem capturadas, metodologicamente, com rigor, com ciência, elas apenas apontam direções. É o eleitor na urna que vai decidir o futuro da sua cidade nesse domingo”, diz Felipe Nunes.

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