A ocupação já dura quase um mês. Reitoria informou que decidiu suspender as atividades por motivos de segurança, mas que está trabalhando para que a situação seja normalizada. Aulas voltam a ser suspensas na Uerj após nova ocupação geral de manifestantes
As aulas na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) voltaram a ser suspensas nesta quarta-feira (21) depois que estudantes bloquearam o acesso ao campus Francisco Negrão de Lima, no Pavilhão João Lyra Filho, na noite desta terça-feira (21). Os protestos e a ocupação duram quase um mês.
Esta deveria ser a terceira semana seguida de aulas desde o fim do recesso. Contudo, a reitoria informou que decidiu suspender as atividades por motivos de segurança. Cerca de 35 mil estudantes estão sem aula.
De acordo com os universitários, os protestos acontecem em decorrência da insatisfação na mudança dos critérios de concessão de bolsas e auxílios promovidos durante a pandemia, e que foram suspensos a partir do segundo semestre deste ano.
João Posis, estudante de Ciências Sociais na Uerj, participa da ocupação e afirma que, apesar de ter sido uma promessa provisória, a comunidade acadêmica conta com os benefícios.
“Apesar de não estar previsto da legislação, as pessoas ainda contavam com esse benefício para poder se manter na universidade e com esse corte repentino a gente está vendo uma evasão de mais de mil alunos na universidade. Pode ser emergencial, mas a gente precisava deles”, explica.
Na noite desta terça-feira (20), manifestantes contrários aos cortes dos benefícios emergenciais invadiram uma sessão plenária do Conselho Universitário, no qual gerou tumulto. A reitora se retirou e a sessão foi encerrada.
Momento em que a reitora Gulnar Azevedo e Silva se retira da sessão plenária
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Sessão plenária do centro universitário
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“Muito difícil a gente continuar uma sessão onde não está tendo respeito, [onde] há ofensas para vários membros da reitoria e é complicado a gente continuar em um clima desse”, disse Gulnar Azevedo e Silva, reitora da Uerj.
Dois professores disseram ter sido agredidos. O caso foi registrado na Polícia Civil como lesão corporal.
Confusão entre manifestantes e funcionários da Uerj
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“É lamentável que esses estudantes etão impedidos de ter aula. Hoje nós tivemos que tirar a possibilidade deles entrarem para a aula por conta da ocupação. É impossível que um número de ocupantes pertube a ordem, impessam que estudantes venham ter aula e também impeçam a negociação”, declara a reitora.
Ela afirma ainda que cerca de 100 estudantes participam da ocupação, e que tem tentado negociar com eles, mas que não houve um consenso até agora.
“A gente há três semanas vem tentando negociar, foi feita uma reunião com o Diretório Central dos Estudantes — que é a representação eleita dos estudantes e vários centros acadêmicos —, foi apresentada uma proposta de transição… agora, dessa forma que está, está impedido deles se organizarem pra avaliar a proposta e a gente ter um retorno dessa negociação”, explica.
Os universitários garantem que enquanto não houver um acordo entre ambas as partes, a ocupação irá permanecer.
“Infelizmente, já tem um tempo que a reitoria não conversa mais com a gente e não vai paras as mesas de negociação. Por isso, a gente teve que subir o tom e fazer a ocupação do campus. Ontem foi a segunda sessão que eles não quiseram votar. A gente conversou com eles, explicou que era muito importante votar isso hoje e não quiseram votar. A gente foi, desceu, não agredimos ninguém”, detalha João Posis.
Ocupação na Uerj
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De acordo com Gulnar Azevedo, ela espera que consiga entrar em acordo com a comunidade acadêmica para que a instituição retome as atividades do ano letivo.
“Eu espero que a gente consiga avançar na negociação que as pessoas entendam que é necessário estar na universidade, participar para a gente resolver o clima, resolver a situação, chegar a alguma conclusão que faça com que a Uerj volte a ter todas as suas atividades”, pede a reitora.
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) em ocupação
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