Reitor acolheu parecer da comissão interna que apurou o caso. Polícia Federal dá prosseguimento em inquérito criminal. Destinação de bolsas é investigada em caso envolvendo alunas e professor da UFU
O professor e ex-coordenador de pós-graduação da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Enio Pedone Bandarra Filho, foi demitido após ser investigado pela instituição em um esquema de desvio de bolsas de estudo.
A decisão assinada pelo atual reitor Carlos Henrique de Carvalho acolhe parecer da comissão interna que apurou os fatos em Processo Administrativo Disciplinar (PAD), instaurado ainda em 2023.
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Segundo a universidade, a pena administrativa aplicada é definitiva e aguarda os trâmites internos para publicação no Diário Oficial da União.
A decisão e o relatório final com a conclusão do PAD também serão remetidos ao Ministério Público Federal (MPF).
Ao g1, o professor lotado na Faculdade de Engenharia Mecânica da (UFU) informou que já esperava pelo resultado da investigação interna e deve recorrer da decisão judicialmente. Veja abaixo mais detalhes do posicionamento de Enio.
Professor foi denunciado por desvio de recursos de bolsistas
A denúncia protocolada no ano passado partiu de duas alunas da pós-graduação em Engenharia Mecânica da UFU. Enio era o coordenador do programa e as teria orientado a repassar valores de suas bolsas para outros alunos.
As mestrandas recebiam uma bolsa mensal da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) no valor de R$ 2,1 mil.
Enio Bandarra informou que deve recorrer judicialmente da decisão
Reprodução/TV Integração
Conversas por aplicativo de mensagens mostraram que o professor indicava o Pix para uma das alunas, em nome da auxiliar do curso, que receberia parte do valor da bolsa, com uma transferência de R$ 1 mil. O restante do dinheiro da bolsa deveria ser repassado ao nome do filho do docente, que também era aluno da UFU.
Investigação criminal
A Polícia Federal (PF) também abriu uma investigação criminal para apurar o suposto esquema de desvio de dinheiro público das bolsas. No depoimento de uma das alunas, ela chega a dizer que, em março de 2024, relatou ao professor que renunciaria à bolsa.
Ele então teria pedido que ela permanecesse com a bolsa até o final do primeiro semestre e que repassasse parte do valor recebido para um terceiro estudante, para ajudar alunos mais necessitados.
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Na época em que a denúncia foi feita, o investigado conversou com a TV Integração e disse que as estudantes sabiam para quem seria repassado o dinheiro e que agiu dessa forma para que o curso não perdesse as bolsas.
Ele também justificou que não houve coação ou pressão e que tudo foi feito em comum acordo com as alunas.
O MPF recebeu as representações em outubro de 2023 e solicitou a instauração de inquérito pela Polícia Federal. A investigação segue em andamento e a PF informou que não poderia passar informações “por questões de política interna”.
Professor já estava afastado da UFU
O docente estava afastado das atividades na universidade desde o dia 30 de setembro do ano passado, em decorrência de um pedido de licença para tratar de interesses particulares.
O então professor da UFU disse ao g1 que recebeu uma proposta no exterior e está trabalhando, desde então, em uma universidade do Oriente Médio.
Reitoria da UFU acolheu parecer da comissão interna pela demisão do docente
Reprodução/TV Integração
“Fui chamado para trabalhar em outro país, onde o pessoal tem esse tipo de valorização, já que a UFU infelizmente não valoriza pesquisadores de alto nível. Existem países e universidades que valorizam, então hoje estou trabalhando muito contente, extremamente valorizado”, contou.
Sobre a conclusão do procedimento interno com a pena de demissão, Enio disse que já era esperado, embora não concorde com o resultado. Informou que avalia junto à defesa entrar com uma ação ou mandado de segurança na esfera judicial para reverter a decisão e, segundo ele, esclarecer definitivamente o caso.
“Tudo o que aconteceu foi no intuito de ajudar o programa de pós-graduação, ajudar as pessoas, o pessoal do laboratório que vivia sem bolsa. Foi tudo na maior da boa vontade”, finalizou.
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