28 de fevereiro de 2025

UniRio determina suspensão cautelar de aluno que agrediu ex e policiais em campus: ‘Queremos expulsão’, escrevem estudantes


Mariano Viana Areas foi baleado por policiais militares que foram acionados para defender a mulher, que era alvo de violência psicológica do ex-namorado, com quem tinha terminado há 2 anos. Agressor está preso preventivamente. Suspeito de agredir a ex é baleado ao tentar tirar arma de PM
A UniRio divulgou nesta quarta-feira (26) que o universitário Mariano Viana Areas, que foi baleado depois de resistir à prisão por agredir a ex-namorada dentro do campus da Praia Vermelha, na Zona Sul do Rio, foi suspenso cautelarmente.
Mariano, que estuda música na mesma instituição, foi preso em flagrante pelos crimes de tentativa de estupro, vias de fato, resistência, lesão corporal e ameaça. Ele é ex-namorado da jovem agredida e, segundo a família, tinha um comportamento abusivo e tóxico com a moça.
A decisão da suspensão de 45 dias foi assinada pelo reitor José da Costa Filho nesta segunda. A prisão preventiva de Mariano, que segue internado sob custódia, foi determinada nesta semana.
“A suspensão do aluno está prevista para 45 dias, podendo ser estendida caso se julgue necessário conforme avance a investigação dos fatos. A decisão foi justificada para ‘garantir a integridade física e psicológica dos envolvidos e da comunidade acadêmica'”, escreveu a instituição nas redes sociais.
Nos comentários, alunos demonstraram sua indignação.
“Ele tem que ser expulso”, escreveu uma estudante. Outra questiona:
“Agrediu a ex e um colega. Brigou com polícias e colocou em risco a vida das pessoas que estavam lá. Tem passagem anterior por Maria da Penha. E vai ganhar 45 dias fora da Unirio. A vítima que vai ter que sair da unirio pra não ter mais contato com ele? É Inacreditável. Impressionante como só piora o caso e a atitude da faculdade”.
“Quando expulsarem vocês avisem”, “vocês tem obrigação de jubilar esse cara”, “esperando a expulsão” e “não aceitaremos nada menos que a expulsão” são outros comentários.
Mãe desabafa: ‘Podia chorar a morte da minha filha’
A mãe da jovem universitária contou ao g1 que acredita que Mariano Viana Areas premeditou ir atrás da vítima.
“Ele é um agressor, um criminoso. Inclusive, premeditou a ação dele. Ele veio na minha casa às 10h da manhã daquele dia. Tinha mais de 2 anos e meio que nós não víamos esse rapaz. Tem mais de 2 anos que a minha filha não tava mais com ele. Quem realmente é a vítima dessa situação, ou seja, é a mulher que foi agredida na frente de todo o campus, local que deveria resguardar sua integridade física e psicológica”, destaca a mãe.
A mãe da universitária critica ainda a posição da universidade. Ela afirma que a instituição não ofereceu amparo psicológico contínuo para a vítima e vitimizou o agressor dizendo que ele teria sido alvo de truculência policial. A mãe conta que no dia seguinte à agressão, a instituição ofereceu uma consulta com psicólogo, mas que o tratamento contínuo teria que ser presencialmente no hospital.
Além disso, a família destaca que, enquanto ele ameaçava a jovem, os vigilantes não intervieram. A guarda da instituição só teria participado da contenção de Mariano após a polícia chegar, conforme contam testemunhas.
Segundo a polícia, Mariano foi baleado depois que tentou pegar a arma de um agente durante uma luta corporal. Por isso, um outro policial disparou um tiro de contenção. A mãe aponta que foi essa atitude que salvou a vida da filha dela.
“Se ele não tivesse sido contido pelas únicas pessoas que protegeram a minha filha, que foram os policiais, e não pela instituição através dos vigilantes, ele poderia ter pego essa arma, atirado nos policiais, nos estudantes, e correr atrás da minha filha, como era a visão dele”, afirma ela.
“Minha filha poderia estar morta hoje. Ao invés de agressão, lesão corporal, tudo que está em autos para ele, eu poderia estar chorando a morte da minha filha. E ele não vai sair como vítima disso”, completa a mãe.
A mãe conta que o comportamento abusivo de Mariano não começou agora. Anteriormente, a menina já era alvo de perseguição e violência psicológica. Horas antes de atacar a jovem no campus, ele postou uma imagem retirada de uma produção audiovisual, que dizia:
“Eu sempre acreditei que a morte é um destino muito melhor do que a vida, pois encontramos os entes queridos que perdemos. Mas não nos encontraremos nunca mais, meu amigo, eu sinto que o seu deus fará objeções as minhas visitas ao paraíso”.
O g1 voltou a procurar a UniRio e aguarda retorno. A equipe de reportagem apurou que Mariano tem uma anotação criminal por Maria da Penha.
Momento em que seguranças e policiais militares tentam conter o universitário
Reprodução
No dia, através de nota, a universidade lamentou aquilo que ela classificou de “gravíssimo incidente”. A instituição afirmou ainda que “condena qualquer violência, particularmente a agressão contra uma mulher, e se solidariza com a estudante”.
A UniRio informou que “tomará as devidas providências internas, administrativas e disciplinares, que se fizerem necessárias a partir da apuração dos fatos”.
Veja a nota da UniRio:
“A UNIRIO lamenta profundamente o gravíssimo incidente ocorrido no Centro de Letras e Artes (CLA) no dia de hoje, 19/02. Segundo relatos de pessoas presentes, um discente da Universidade teria agredido uma colega e, na impossibilidade de contê-lo, alguém comunicou à Polícia Militar. Conforme amplamente repercutido, os policiais se envolveram em confronto com o estudante e, na confusão, um tiro o atingiu. Ele foi levado ao hospital e se encontra em estado grave.
A Universidade condena qualquer violência, e particularmente a agressão contra uma mulher, e se solidariza com a estudante. Em paralelo, a UNIRIO manifesta sua preocupação com o discente e espera que ele se restabeleça plenamente. Segundo informações da direção do Hospital Miguel Couto, o estudante será submetido a abordagem cirúrgica. A Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae) e a Reitoria passaram o dia acompanhando o caso de perto e entraram em contato com os familiares de ambos.
Cabe à Polícia Militar a preservação da ordem pública, e é sua atribuição agir no caso de crimes comuns, como agressão, ocorridos dentro do campus. Entretanto, a UNIRIO espera que a Polícia Civil investigue o ocorrido, de modo a saber se houve excesso na conduta dos policiais, pois foi desferido um tiro no suposto agressor.
A Universidade tomará as devidas providências internas, administrativas e disciplinares, que se fizerem necessárias a partir da apuração dos fatos”.

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