21 de outubro de 2024

Veja o que disseram os cinco presos suspeitos de envolvimento na infecção por HIV de transplantados no Rio

Última a ser presa, Adriana Vargas disse que não sabia de fraude e que não ordenou que controle de qualidade passasse de rotina diária para semanal. Segunda fase de investigação teve ainda oito mandados de busca e apreensão cumpridos pela Polícia Civil. Órgãos com HIV: delegado fala sobre prisão de coordenadora de unidade do laboratório
Cinco pessoas foram presas até esta segunda-feira (21) na investigação que apura a emissão de laudos falsos que resultaram na infecção por HIV de pacientes transplantados no Rio de Janeiro.
Adriana Vargas, funcionária do laboratório PCS, foi presa na manhã deste domingo (20)
Reprodução
A última delas foi Adriana Vargas dos Anjos, coordenadora técnica do Laboratório PCS Saleme, presa no domingo (20) na segunda fase da investigação da Delegacia do Consumidor (Decon).
De acordo com o delegado Wellington Pereira, responsável pelas investigações, Adriana negou as acusações de fraude. No entanto, segundo ele, há muitos elementos para contradizer a suspeita:
” Infelizmente, ela ratificou o depoimento anterior, mas encontramos três computadores, quatro telefones. Pode ser que lá a gente encontre outras informações importantes para a investigação”, disse o delegado.
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Ao todo, a 2ª fase da “Operação Verum” cumpriu 1 mandado de prisão e 8 de buscas e apreensão.
“Quando esses dados chegarem, nós podemos ter a terceira fase”, pontuou o delegado.
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Presa diz que falha foi humana
Adriana Vargas, funcionária do laboratório PCS, foi presa na manhã deste domingo (20)
Reprodução
Ao ser questionada por jornalistas sobre a falha que levou à contaminação por HIV de, pelo menos, seis pacientes transplantados, Adriana respondeu: “Humana”. Indagada sobre de quem seria a responsabilidade, disse apenas que: “Quem realizou o exame já está sendo punido”.
Em seu depoimento na última semana, Adriana afirmou que não assinava os laudos e que não sabia das obrigações contratuais da PCS Saleme.
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Ela foi acusada por Ivanilson Santos, preso na segunda-feira, de ter dado a ordem para economizar no controle de qualidade.
Adriana disse que sua tarefa era apenas supervisionar os técnicos, que nunca soube de mudanças nos protocolos de controle de qualidade e que nunca deu ordem para que esse controle fosse semanal.
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Reprodução/TV Globo
Cleber de Oliveira Santos, o penúltimo a ser preso, disse que não trabalhava mais no PCS Saleme na época dos exames errados.
O biólogo aposentado disse que só foi contratado verbalmente e que foi substituído no dia 20 de janeiro de 2024 com a chegada da nova coordenadora Adriana Vargas dos Anjos. O primeiro exame com o falso negativo foi feito de três dias depois, em 23 de janeiro.
Cléber também informou que durante sua gestão como coordenador sempre exigiu que fosse feito o controle de qualidade dos equipamentos diariamente.
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Reprodução/TV Globo
Jaqueline Iris Bacellar de Assis afirmou que foi o próprio Walter Vieira, dono da clínica que foi o primeiro a ser preso, que deu ordem a todos os setores para economizar custos e que a ordem era que a calibragem dos aparelhos, que deve ser diária, fosse feita uma vez por semana, o que compromete a segurança e a qualidade dos resultados.
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Editoria de Arte/g1
Bacellar, que se entregou na terça-feira e também está presa, disse que os funcionários do PCS Saleme souberam antes de uma fiscalização da Vigilância Sanitária na sala dentro do Instituto Estadual de Cardiologia (Iecac). Ela disse que soube no dia 5 de outubro, através de um grupo de Whatsapp, e que tudo foi arrumado para que a fiscalização tivesse uma boa impressão.

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