28 de setembro de 2024

Veja o que é #FATO ou #FAKE nas entrevistas dos candidatos à Prefeitura de Porto Alegre para o Jornal do Almoço

Sebastião Melo (MDB), Maria do Rosário (PT), Juliana Brizola (PDT) e Felipe Camozzato (Novo) concederam entrevistas ao Jornal do Almoço, da RBS TV. Candidatos no Jornal do Almoço: Sebastião Melo, Maria do Rosário, Juliana Brizola e Felipe Camozzato
Reprodução/RBS TV
Os quatro candidatos à Prefeitura de Porto Alegre melhores colocados na pesquisa Quaest de 17 de setembro foram entrevistados pelo Jornal do Almoço, da RBS TV, entre segunda (23) e quinta-feira (26).
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Os jornalistas Cristina Ranzolin, Marco Matos e Rodrigo Lopes conduziram as sabatinas com Sebastião Melo (MDB), Maria do Rosário (PT), Juliana Brizola (PDT) e Felipe Camozzato (Novo). As entrevistas tiveram duração de 12 minutos cada uma, e as íntegras estão disponíveis no Globoplay.
Os outros quatro candidatos – Fabiana Sanguiné (PSTU), Carlos Alan (PRTB), Luciano do MLB (UP) e Cesar Pontes (PCO) – apresentarem suas propostas, em entrevistas gravadas.
A equipe do Fato ou Fake checou algumas das principais declarações. Leia:
Sebastião Melo (MDB)
“[Por] três anos não subimos a tarifa, são R$ 135 milhões.”
selo fato
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A declaração é #FATO. Veja por quê: A tarifa de ônibus de Porto Alegre está em R$ 4,80, valor praticado desde 2021. Para congelar o valor, a administração municipal precisa subsidiar o setor. Em 2024, a prefeitura anunciou um subsídio de R$ 132 milhões ao transporte público coletivo.
“Nós botamos R$ 40 milhões no ano passado, foram 64 mil cirurgias, foram 14 mil consultas e 3 mil exames. A minha proposta é que, se for eleito, em vez de fazer uma vez, eu vou fazer todo o mês o mutirão. E vou dizer por quê. 40% da fila hoje já vem do Rio Grande do Sul e da Grande Porto Alegre.”
selo não é bem assim
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#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: O candidato foi questionado sobre a fila de especialidades, para médicos e especialistas e mencionou os dados do programa Agiliza Saúde, realizado em 2023.
De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), o programa realizou 64,3 mil cirurgias, 14,6 mil consultas e 3.075 mil exames, números que condizem com os indicados pelo candidato.
Já sobre a fila, a SMS afirma que 184.110 pessoas aguardavam por consultas em Porto Alegre, sendo 166.833 (90,6%) moradores da cidade e 17.227 (9,4%) moradores do interior do estado, número diferente dos 40% indicados pelo candidato. A SMS ainda afirma que a fila de espera interna para cirurgias eletivas tem 44% dos pacientes de Porto Alegre e 55% de pacientes do interior do estado, o que supera a porcentagem dita por Melo.
Procurada, a campanha de Sebastião Melo afirmou que o dado apresentado pelo candidato é uma “média que temos” e que “as consultas, em geral, não são de fora, porque são marcadas”.
“Nós tínhamos 11 mil crianças que estavam sem vagas nas creches de até cinco anos. O nosso governo botou 7 mil nessas redes, especialmente comprando vaga do privado.”
selo não é bem assim
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#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: Diferentemente do que disse Melo, Porto Alegre não tinha 11 mil crianças sem vagas em creches. Em 2021, eram 5.721 crianças na fila, segundo a Secretaria Municipal da Educação (SMED).
A secretaria afirma, ainda, que desde então foram criadas 7.012 novas vagas, das quais 3.466 na rede privada, o que condiz com os dados indicados pelo candidato.
Apesar da criação das novas vagas, a demanda cresceu durante a pandemia, e o déficit atual é de 3.077 vagas. A campanha de Sebastião Melo afirma: “nós adquirimos 7 mil vagas, pois houve um crescimento da demanda manifesta após a pandemia. Hoje, temos um déficit de 3 mil”.
Maria do Rosário (PT)
“Se o prefeito Melo realmente aplicasse o recurso, ele tinha R$ 430 milhões em caixa para fazer a melhoria do sistema de proteção contra as cheias.”
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A declaração é #FATO. Veja por quê: O Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE) tinha R$ 428,9 milhões em caixa conforme as Demonstrações Contábeis de 2023 da Prefeitura de Porto Alegre, publicadas em julho em 2024.
“Porto Alegre pode chegar a ter mais de 700 equipes de saúde da família. Hoje ela tem cerca de 334.”
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A declaração é #FATO. Veja por quê: Segundo a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Porto Alegre tinha 326 equipes de saúde da família em setembro de 2024, número próximo ao indicado pela candidata.
“Eu vou trabalhar desde a transição para oferecer à cidade segurança, a segurança de que as águas não tomem as casas, foram 90 mil moradias [afetadas], as empresas.”
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A declaração é #FATO. Veja por quê: Segundo o painel de áreas afetadas pela enchente de maio de 2024, desenvolvido pela prefeitura, foram 39.422 moradias e 45.970 empresas afetadas, somando 85.392 endereços. Já de acordo com o governo do estado, são 84.836 endereços atingidos em Porto Alegre, sem distinção entre moradias e outros tipos de edificação. Os números são próximos àquele indicado pela candidata.
Em maio de 2024, o Rio Grande do Sul foi afetado por temporais, que provocaram enchentes em diversos rios do estado. Em Porto Alegre, o Guaíba atingiu 5,37 metros, a maior marca da história. Das 183 vítimas do desastre em todo o estado, cinco morreram na capital.
Juliana Brizola (PDT)
“A gente está com a maior fila dos últimos sete anos.”
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A declaração é #FATO. Veja por quê: A candidata foi questionada sobre a redução das filas com atendimento especializado através da telemedicina. Há sete anos, em setembro de 2017, a fila de espera por consultas especializadas era de 91.591 pessoas, segundo a prefeitura. A fila, em agosto de 2024, chegou a ter 184.110 pessoas, também conforme a prefeitura. O número supera a maior marca da série histórica até então, de 176.838 pacientes em junho de 2024, apontou a GZH, do Grupo RBS.
“Porto Alegre, infelizmente, hoje, é a penúltima capital no Ideb.”
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A declaração é #FATO. Veja por quê: Com base no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2023, a rede municipal de Porto Alegre aparece com a segunda menor nota entre as capitais no ensino fundamental.
A cidade tem nota 4,7 nos anos iniciais (a meta é 6) e 3,8 nos anos finais (a meta é 5). A última colocada é Natal (RN), com nota 4,5 nos anos iniciais e 3,3 nos anos finais.
“Não tinha vedação das comportas, muitas bombas não funcionaram.”
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A declaração é #FATO. Veja por quê: Segundo Walter Collischonn, professor de engenharia ambiental e engenharia hídrica na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), “as comportas não foram bem vedadas”, causando o vazamento de água na cidade.
No dia 3 de maio de 2024, o g1 noticiou o rompimento de uma das comportas. Já no dia 10 de maio, o repórter Pedro Bassan, do Jornal Nacional, observou que “a água entrou por brechas no sistema de diques e comportas”.
Sobre as casas de bombas, 19 das 23 estruturas precisaram ser desligadas em maio porque inundaram ou apresentaram risco de choque elétrico.
Procurado, o Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE), responsável pela operação de comportas e bombas, informou que as 23 Estações de Bombeamento de Águas Pluviais (Ebaps) são projetadas para drenar a água da chuva das ruas, e não conter o avanço do lago Guaíba para a cidade.
“As casas de bombas só pararam de funcionar quando foram invadidas pelo lago, em razão da cota recorde de 5,37m registrada em 5 de maio. Elas foram restabelecidas assim que o Guaíba recuou para o leito. Já entre as comportas, houve falha nas unidades de número 8 a 14, localizadas na avenida Castello Branco, que se mostraram frágeis e tiveram deformidades decorrentes da força da água. Os principais problemas foram identificados nas comportas de 10 a 14 – sendo que a última teve rompimento”, afirmou o DMAE em nota.
Felipe Camozzato (Novo)
“A CEEE estatal, antes, era a pior empresa de energia do estado há três anos e ia ser descadastrada pela Aneel, inclusive.”
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A declaração é #FATO. Veja por quê: A Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) ficou em último lugar no Ranking de Continuidade das Distribuidoras, avaliado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), nos últimos três anos em que a empresa funcionou sob controle do governo do estado (2019, 2020 e 2021). Em 2021, ainda sob a administração estatal, a Aneel anunciou um processo administrativo para extinguir a concessão por descumprimento de qualidade e de gestão econômica e financeira, informou o jornal Zero Hora, do Grupo RBS.
“No IBGE, inclusive, na PNAD Contínua que foi rodada agora em agosto, publicada pela GZH, mostra 97% dos porto-alegrenses com acesso à internet e telefone celular.”
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#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: Os dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, do IBGE, mostram que 97,3% dos moradores em domicílios da Região Metropolitana de Porto Alegre, e não apenas os moradores da capital, utilizavam internet. No caso de 96,8% dos moradores da Região Metropolitana, há serviço de rede móvel celular para telefonia ou internet.
Procurada, a campanha de Felipe Camozzato afirmou que “é tecnicamente correto apurar que Porto Alegre tem uma estimativa extremamente parecida com a Região Metropolitana. Na verdade, podemos supor que, dado que Porto Alegre tem uma renda média maior que outras cidades, nossos índices seriam melhores. É o que chamamos na Ciência Econômica de ‘proxy’. Como não temos o dado perfeito de Porto Alegre, usamos uma ‘proxy’ da Região Metropolitana”.
“Metade da cidade ainda não tem esgoto tratado.”
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#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: Segundo o Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE), 58% do esgoto produzido é tratado na cidade. Já conforme o Ranking do Saneamento 2024, do Instituto Trata Brasil e o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), 55,42% do esgoto produzido em Porto Alegre é tratado. Ou seja, mais da metade do esgoto é tratado na capital, diferente do que disse o candidato.
Procurada, a campanha de Felipe Camozzato afirmou que “não há como medir tratamento de esgoto por espaço, somente por volume. A afirmação de que metade da cidade não tem esgoto tratada, é um tanto quanto óbvia, já que a população de POA gera em torno de 120.439,25 mil m³ de esgotos por ano. Uma vez que apenas 55,42% deste volume é tratado, podemos afirmar que, na média, é como se 45% da população não tivesse esgoto tratado. Isto é, tratamos esgoto para o equivalente a 55% da população”.
Fato ou Fake explica:
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