5 de outubro de 2024

Veja o que é #FATO ou #FAKE no debate da Globo entre os candidatos à prefeitura do Recife

Dani Portela (PSOL), Daniel Coelho (PSD), Gilson Machado (PL) e João Campos (PSB) participaram do último encontro antes do 1° turno das eleições 2024. Dani Portela (PSOL), Daniel Coelho (PSD), Gilson Machado (PL) e João Campos (PSB) no debate da Globo com candidatos à prefeitura do Recife
Reprodução/TV Globo
Os candidatos à Prefeitura do Recife Dani Portela (PSOL), Daniel Coelho (PSD), Gilson Machado (PL) e João Campos (PSB) participaram, na quinta-feira (3), do debate da TV Globo, o último antes do primeiro turno das eleições 2024.
Foram convidados, conforme determina a lei, candidatos de partidos, coligações e federações que têm representação no Congresso de, ao menos, cinco parlamentares, e candidatos que alcançaram pelo menos 6% na pesquisa estimulada de intenção de voto da Quaest, divulgada na segunda-feira (30).
Debate tem críticas às trajetórias políticas e poucas propostas
Veja a íntegra do debate
A equipe do g1 PE checou as principais declarações dos políticos. Leia:
Dani Portela (PSOL)
“Os números de 2021 e de 2022 mostram que todas as pessoas que foram mortas em ações da polícia eram todas pessoas negras. Isso não pode ser acaso.”

A declaração é #FATO. Veja por quê: O Observatório de Segurança, projeto do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), mostrou que todos os mortos pela polícia no Recife em 2022 eram pessoas negras, assim como observado em 2021.
O estudo “Pele Alvo” apontou que 11 negros foram mortos pela polícia no Recife em 2022. Em 2021, foram 14 mortes de pessoas negras na capital. Outros três municípios do Grande Recife tiveram 100% das mortes pela força do Estado compostas por pessoas negras: Igarassu, Olinda e Cabo de Santo Agostinho.
“É certo que nós vivemos na segunda capital mais desigual do país”.

#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: Há dois indicadores que podem ser considerados ao observar o ranking da desigualdade no Brasil. Um deles é o do Mapa da Desigualdade entre as Capitais Brasileiras, desenvolvido pelo Instituto Cidades Sustentáveis (ICS), que, de fato, põe o Recife em segundo lugar entre as capitais mais desiguais. Porto Velho ocupa a primeira posição.
No entanto, um dos mais importantes indicadores que refletem a desigualdade social no mundo é o Índice de Gini, que mensura a distribuição de renda entre as populações. Segundo ele, o Recife deixou de ser a segunda capital brasileira mais marcada pela desigualdade para se tornar a sexta.
A melhora foi verificada entre os anos de 2021 e 2022, com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O que diz a candidata:
Procurada, a assessoria de comunicação de Dani Portela disse que a candidata optou por utilizar o dado do Mapa da Desigualdade pelo fato de o levantamento se basear em 40 indicadores socioeconômicos além da distribuição de renda, incluindo acesso a serviços de saúde, educação, moradia, transporte público e segurança, o que, para a candidata, seria “mais fiel à realidade” do que o índice de Gini.
Daniel Coelho (PSD)
“O prefeito João Paulo (PT) fez 4.552 casas; prefeito João da Costa (PT) fez 3.001; prefeito Geraldo Julio (PSB), 1.905. Essa é a gestão que menos entregou casa.”

A declaração é #FATO. Veja por quê: De fato, de acordo com dados da prefeitura do Recife, de 2021 a 2024, período correspondente ao atual prefeito, foram entregues 1.272 unidades habitacionais, o menor número entre as cinco últimas gestões, dos últimos 24 anos.
Entre 2001 e 2008, no governo de João Paulo (PT) foram entregues 4.552 casas. Entre 2009 e 2012, na gestão de João da Costa (PT), foram 2.985 casas. No período de 2013 a 2020, no governo Geraldo Julio (PSB), foram entregues 2.364 moradias, número maior que os 1.900 citados pelo candidato.
“Nosso programa de governo cita ‘mulher’, ‘mulheres’ ou a palavra ‘gênero’ 33 vezes.”

A declaração é #FAKE. Veja por quê: No plano de governo de Daniel Coelho, as palavras “mulher” e “mulheres” são citadas 15 vezes. Já a palavra “gênero” é mencionada sete vezes. Ou seja, os três termos aparecem 22 vezes no documento, um terço a menos do que falou o candidato. Além disso, conforme levantamento do g1, os termos feminicídio, mãe e maternidade não aparecem no programa do candidato.
Procurada pelo Fato ou Fake, a assessoria de Daniel Coelho ainda não se manifestou sobre a divergência.
Gilson Machado (PL)
“Quando teve a maior tragédia das enchentes aqui no Recife, eu liguei para o presidente Bolsonaro e ele chegou aqui 11 horas depois da ligação […]. Trouxemos sete ministros aqui e nem ele [João Campos], nem o governador Paulo Câmara estavam para receber o presidente para receber R$ 1 bilhão que foram colocados aqui nas regiões que tiveram esses problemas.”

A declaração é #FAKE. Veja por quê: O valor de R$ 1 bilhão citado por Gilson Machado, amplamente divulgado na época das enchentes de 2022, se refere a verba para ações de socorro, assistência humanitária e restabelecimento de serviços essenciais eventualmente interrompidos por conta de desastres.
Entretanto, diferentemente do que disse o candidato, o valor foi destinado a todo o Brasil, e não somente aos municípios de Pernambuco afetados pela tragédia das chuvas. A verba emergencial foi liberada por meio da aprovação de duas medidas provisórias, de números 1.102 e 1.096.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), para receber o valor, os municípios e estados tinham que apresentar plano de trabalho para os recursos, indicando suas necessidades, através do Sistema Integrado de Informação de Desastres.
Procurada pelo Fato ou Fake, a assessoria de Gilson Machado ainda não se manifestou sobre a divergência.
“[O Recife] é o pior ambiente de negócio do Nordeste para o empresário investir, não tem atração turística viável.”

A declaração é #FAKE. Veja por quê: De acordo com o Índice de Cidades Empreendedoras (ICE) 2023, o município do Nordeste que aparece na pior colocação no ranking nacional das cidades mais favoráveis ao empreendedorismo não é o Recife, e sim Vitória da Conquista, na Bahia, que ocupa a 95ª posição na lista formada pelas 101 cidades mais populosas do Brasil.
A capital pernambucana está no 51º lugar desse índice, desenvolvido pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap) para analisar o ecossistema empreendedor dos municípios, com o objetivo de identificar quais cidades apresentam as melhores condições para se empreender.
Para elaborar esse ranking, o ICE leva em consideração os indicadores de sete determinantes, considerados fatores relevantes para o desenvolvimento da atividade empreendedora. São eles: ambiente regulatório, infraestrutura, mercado, acesso a capital, inovação, capital humano e cultura empreendedora.
Procurada pelo Fato ou Fake, a assessoria de Gilson Machado ainda não se manifestou sobre a divergência.
João Campos (PSB)
“Fazer uma educação como a gente tá fazendo, de qualidade, [e] também saltar 15 posições no ranking de alfabetização. Isso é fazer com eficiência.”

A declaração é #FATO. Veja por quê: O Recife alcançou o percentual de 62,4% de alunos alfabetizados na idade certa em 2023, conforme os parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Educação (MEC). Desta forma, a capital pernambucana ocupa o 6º lugar entre as capitais com maiores taxas de alfabetização do Brasil, e acima da média nacional, que é de 56%.
A cidade ocupava o 21º lugar no ranking em 2021, e subiu 15 posições em dois anos. Os dados foram divulgados pelo próprio Ministério da Educação, obtidos pelo relatório do programa Criança Alfabetizada, do governo federal.
“A geração de emprego é algo fundamental. Foram mais de 91 mil carteiras assinadas de saldo positivo. Só neste ano, a gente tem mais de 40% de todos os empregos gerados em Pernambuco na nossa cidade.”

A declaração é #FATO. Veja por quê: De acordo com dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), gerido pelo Ministério do Trabalho, o Recife gerou 94.543 empregos com carteira assinada entre janeiro de 2021 e setembro de 2024, o que abrange o período do mandato do prefeito João Campos.
Em relação aos dados sobre o percentual da geração de emprego na capital, no comparativo com o estado, o Recife gerou, em 2023, 21.124 empregos, o que representa 40,98% dos 51.541 criados em Pernambuco no mesmo ano.
Participaram da checagem: Alice Albuquerque, Bruno Marinho, Luiza Mendonça, Pedro Alves e Rafael Souza.
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