Entre os quase 500 municípios gaúchos, apenas 22 não sofreram com as chuvas extremas. Cerca de 2,5 milhões de pessoas foram diretamente prejudicadas. Desde o início desse desastre, o Brasil tem acompanhando os acontecimentos no Rio Grande do Sul com aflição
Desde o início desse desastre, o Brasil tem acompanhado os acontecimentos no Rio Grande do Sul com aflição, com espírito solidário e, também, com um respeito enorme pelas demonstrações de força que os gaúchos têm renovado dia após dia. Um mês inteiro se passou, e essa tragédia histórica produziu cenas e situações que foram se fixando na memória e no coração de todo mundo.
Temporais, granizo e até um tornado arrastaram o Rio Grande do Sul a um cenário jamais visto. A velocidade da água não deu chance de reação aos moradores. O Brasil estendeu a mão para ajudar o Rio Grande do Sul. Forças de segurança de todo país se uniram à corrida para salvar vidas.
Muitas famílias passaram dias isoladas. Os bloqueios em rodovias passaram de 200. Hoje, estão em torno de 100. Algumas travessias, como uma em Santa Maria, já foram restabelecidas com soluções provisórias.
Veja os fatos marcantes desde o início do maior desastre climático da história do Rio Grande do Sul
Jornal Nacional/ Reprodução
No dia 2 de maio, as águas dos rios que deságuam no Guaíba chegaram à capital. Em apenas um dia, o lago superou o nível da grande enchente de 1941. A cheia oscilou, até que em 1º de junho, o Guaíba finalmente baixou da cota de inundação. Durante todo esse tempo, Porto Alegre sofreu as consequências de cada variação.
O sistema de proteção contra cheias falhou. A orla se transformou em porto humanitário. Milhares de pessoas chegaram só com a roupa do corpo. Em 5 de maio, o Guaíba alcançou o novo recorde histórico de 5,35 m.
“Ao contrário de outras tragédias climáticas que nós já testemunhas, essa, ao longo dos dias, foi piorando ao invés de melhorar”, disse William Bonner no dia 6 de maio.
Na Região Metropolitana de Porto Alegre, o caos
Jornal Nacional/ Reprodução
Com Porto Alegre isolada, a prefeitura construiu o chamado corredor humanitário. E na Região Metropolitana, o caos. A pista do aeroporto virou lago. Diques rompidos e a zona mais populosa do estado debaixo d’água. Botes, barcos, pranchas, motos aquáticas e até tanques foram usados nos salvamentos.
A tragédia gaúcha multiplicou a solidariedade. Doações chegaram de todo o país e até de fora dele. No auge das cheias, cerca de 800 abrigos acolheram mais de 80 mil pessoas no Rio Grande do Sul.
Nas estradas, quilômetros de acampamentos. Hoje, mais de 600 mil pessoas continuam fora de casa no estado – cerca de 40 mil em abrigos.
No auge das cheias, cerca de 800 abrigos acolheram mais de 80 mil pessoas no Rio Grande do Sul
Jornal Nacional/ Reprodução
O Caramelo virou símbolo de resistência. Recuperado, o cavalo tem uma fila de interessados para adoção. Além do Caramelo, milhares de outros animais foram atingidos de alguma forma pela enchente, e a maioria ainda tem futuro incerto.
Seguindo o curso em direção ao oceano, as águas do Guaíba chegaram ao sul do estado na segunda semana de maio.
“A gente está no ponto exato de encontro das águas do Guaíba que chegam a Lagoa dos Patos. Repara que o tom de água nesse ponto que eu navego é bastante claro. Agora, a gente está atravessando exatamente a fronteira. Agora, a água está bastante escura”, relatou o repórter Chico Regueira no dia 23 de maio.
As chuvas voltaram ao Rio Grande do Sul e o Vale do Taquari encheu mais uma vez. Onde a água baixava, cenários de destruição e toneladas de lama e entulho tomaram conta das ruas.
Em 17 de maio, o estado confirma a primeira morte por leptospirose. No mesmo dia, bombas da Companhia de Saneamento de São Paulo chegaram para acelerar a drenagem em Porto Alegre e na Região Metropolitana. Na reta final de maio, o clima deixou o Rio Grande do Sul respirar.
Entre os quase 500 municípios gaúchos, apenas 22 não sofreram com as chuvas extremas. Cerca de 2,5 milhões de pessoas foram diretamente prejudicadas. Mas que ninguém duvide da capacidade desse povo de se reerguer. Porque tão grande quanto as perdas da enchente é a força dos gaúchos, com o apoio de todo Brasil, para começar tudo outra vez.