8 de novembro de 2024

Venda da Avibras: sindicato se reúne com possível comprador da indústria bélica


Empresa sediada em Jacareí vive crise financeira há mais de dois anos, mas informou no fim de outubro que está sendo negociada com um investidor brasileiro. Avibras
Reprodução/TV Vanguarda
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e um representante do investidor brasileiro que está interessado em comprar a Avibras, indústria bélica de Jacareí, se reuniram nesta sexta-feira (8).
Em recuperação judicial por conta de uma crise financeira, a empresa anunciou no fim de outubro que está sendo negociada com um investidor brasileiro, que ainda não foi revelado – entenda mais detalhes abaixo.
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Realizada na sede do sindicato, que fica na região central de São José, a reunião começou às 10h e foi encerrada por volta das 12h30, segundo apuração da Rede Vanguarda.
Sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos
Reprodução/TV Vanguarda
De acordo com o sindicato, o objetivo da reunião foi discutir as reivindicações dos trabalhadores, que estão há um ano e sete meses sem receber salário e em greve desde setembro de 2022, por conta da crise financeira da empresa.
O sindicato defende que, caso a venda da Avibras para o investidor brasileiro seja concretizada, a volta dos funcionários ao trabalho vai depender do cumprimento de algumas exigências que foram aprovadas em assembleia realizada entre sindicato e trabalhadores.
Veja quais são as exigências:
pagamento de todos os salários na íntegra, incluindo as multas;
volta imediata do plano de saúde para todos os funcionários;
garantia de permanência por no mínimo 10 anos na região, em compromisso a ser assinado com os governos federal, estadual e municipal, Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Ministério Público Federal
divulgação dos valores devidos para cada trabalhador, incluindo salários e multas
estabilidade no emprego por um ano para os atuais trabalhadores
Venda da Avibras: sindicato se reúne com possível comprador da indústria bélica
Reprodução/TV Vanguarda
O Sindicato dos Metalúrgicos informou ainda que não houve apresentação de proposta durante a reunião, que foi considerada positiva. Um novo encontro está marcado para o dia 19 de novembro.
“Ainda não (é possível revelar o nome do investidor). Os representantes desse investidor que estiveram conosco na reunião disseram que só podem revelar o nome quando o processo estiver no final por conta de questões de sigilo no contrato. Na nossa opinião, a reunião foi positiva. A gente sente o interesse deste grupo em adquirir. Por mais que não seja nada 100% concreto, é uma luz no fim do túnel diante de uma situação de mais de dois anos, principalmente para os trabalhadores que estão com salário em atraso”, afirmou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Weller Gonçalves.
A Rede Vanguarda apurou que o investidor brasileiro é representado por um escritório de advocacia de São Paulo, chamado Cahen & Mingrone, que trabalha com direito societário.
De acordo com a ata da reunião, o investidor assinou um acordo visando a compra. Esse acordo está em fase de diligências, que deve durar quatro semanas.
Depois disso, o investidor vai decidir pela compra ou desistir do negócio.
Venda da Avibras
A indústria bélica Avibras afirmou no fim de outubro que a venda da empresa está sendo negociada com um investidor brasileiro. O nome do investidor e o valor do negócio não foram revelados.
Segundo a Avibras, no dia 25 de outubro, o investidor brasileiro assinou um acordo com a empresa, para adquirir o controle da companhia, o que a indústria bélica, que vive uma crise, classificou como um avanço significativo no “processo de recuperação financeira”.
Avibras, em Jacareí
Claudio Vieira/Sindicato dos Metalúrgicos
Apesar da assinatura, a Avibras informou que a conclusão do negócio ainda depende de outros fatores, com o cumprimento de condicionantes estabelecidas em contrato.
“O fechamento efetivo da aquisição somente poderá ocorrer se cumpridas todas as condições estabelecidas no acordo”, diz trecho da nota da Avibras. A empresa não detalhou o acordo firmado.
Ainda segundo a Avibras, nesta fase, estão sendo seguidas as etapas necessárias “para concretizar e validar a aquisição, com o intuito de restabelecer as operações da companhia”.
Por fim, a Avibras destacou que “a assinatura do acordo representa um marco importante no processo de reestruturação da empresa” e que o investidor brasileiro e a indústria bélica “estão trabalhando de forma colaborativa para concluir a transação”.
A Avibras é uma empresa bélica localizada no interior de SP.
Reprodução/ TV Vanguarda
Crise da Avibras
Confira a linha do tempo da crise e da situação da Avibras:
março de 2022: a Avibras pediu recuperação judicial alegando uma dívida de R$ 600 milhões
setembro de 2022: os trabalhadores entraram em greve por causa dos atrasos nos salários
julho de 2023: o plano de recuperação judicial foi aprovado
abril de 2024: a Avibras anunciou que negociava a venda para a empresa australiana Defendtex
junho de 2024: a Defendtex desistiu da compra
junho de 2024: o Ministério da Defesa informou que a Avibras havia recebido nova proposta, desta vez de um possível investidor chinês
outubro de 2024: a Avibras afirmou que está negocia com um investidor brasileiro
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, a dívida adquirida pela Avibras durante o período de recuperação judicial – de 2022 para cá – é de cerca de R$ 327 milhões.
Quando o processo de recuperação começou, a empresa de Jacareí tinha cerca de 1,4 mil funcionários. Atualmente, são 924 funcionários, que estão em greve desde setembro de 2022.
Avibras
Reprodução/TV Vanguarda
A Avibras
A Avibras Aeroespacial é a maior indústria bélica do país e foi fundada em 1961 por engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), de São José dos Campos (SP). Ela é uma das primeiras empresas nacionais a atender o setor aeroespacial.
A empresa desenvolve tecnologia para as áreas de Defesa e Civil. A organização foi uma das primeiras no Brasil a construir aeronaves, desenvolver e fabricar veículos espaciais para fins civis e militares.
Presente no mercado nacional e internacional, a empresa tem sede em Jacareí, no interior de São Paulo, e desenvolve, entre coisas, motores de foguetes para as forças armadas.
Fábrica da Avibras em Jacareí
Reprodução/TV Vanguarda
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