10 de janeiro de 2025

Venezuela fecha fronteira com Colômbia antes da posse presidencial devido a suposta ‘conspiração internacional’, diz governador

Nicolás Maduro inaugura nesta sexta-feira (10) seu terceiro mandato presidencial consecutivo. As eleições foram marcadas pela falta de transparência, perseguição a opositores e acusações de fraude. Veja escalada do autoritarismo de Maduro na Venezuela
O governo da Venezuela fechou nesta sexta-feira (10) sua fronteira com a Colômbia até a próxima segunda, denunciando uma suposta “conspiração internacional”.
O anúncio ocorre horas antes da posse do presidente chavista Nicolás Maduro para seu terceiro mandato consecutivo, que a oposição denuncia como fruto de uma fraude eleitoral — o resultado também não foi ratificado por observadores e é visto com desconfiança pela comunidade internacional.
Edmundo González, candidato opositor que afirma ter vencido a eleição, afirmou que compareceria à Venezuela para tomar posse, mas não explicou como entraria no país — o Ministério Público do país, controlado pelo chavismo, emitiu uma ordem de prisão contra ele.
“Temos informações de uma conspiração internacional para perturbar a paz dos venezuelanos. Vamos determinar, por instruções do presidente Nicolás Maduro, o fechamento da fronteira com a Colômbia a partir das 5h da manhã de hoje até as 5h da manhã de segunda-feira”, anunciou o governador do estado de Táchira, na fronteira com a Colômbia, Freddy Bernal.
O Ministério das Relações Exteriores da Colômbia, por sua vez, reforçou que a iniciativa partiu unicamente do governo venezuelano e que seus postos de fronteira permanecerão abertos.
Regime contestado
A cerimônia de posse desta sexta encerra um processo eleitoral marcado pela falta de transparência, autoritarismo e violência extrema contra qualquer pessoa que ousou se opor ao atual regime. Até o momento, Maduro não apresentou provas de que venceu o pleito, ao contrário da oposição.
As eleições presidenciais na Venezuela ocorreram em 28 de julho de 2024. Antes mesmo da votação, o regime de Maduro dificultava a participação da oposição, deixando claro que dificilmente o pleito seria livre.
No início de 2024, as autoridades eleitorais barraram a candidatura de María Corina Machado, principal líder da oposição a Maduro. Edmundo González surgiu como candidato surpresa, sendo um dos poucos a conseguir registrar-se para a disputa.
A poucas semanas das eleições, o governo de Maduro revogou convites feitos a observadores internacionais, aumentando as suspeitas sobre o processo eleitoral. Barreiras também foram impostas contra fiscais da oposição.
Após a votação de 28 de julho, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) proclamou Maduro como vencedor, com pouco mais de 50% dos votos. Simultaneamente, a oposição afirmou que González havia vencido com ampla vantagem, com base em atas eleitorais coletadas nos locais de votação.
Desde então, iniciou-se uma disputa de narrativas que resultou em mortes e na prisão de centenas de pessoas. Edmundo González foi exilado na Espanha, enquanto María Corina Machado permaneceu escondida na Venezuela até a quinta-feira (9).

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