Especialistas afirmam que castanha tem uma rica combinação de nutrientes. Nos meses de colheita do fruto, aumentava o número de mulheres grávidas nas regiões onde o consumo fazia parte da cultura. Fruto do barueiro, no Cerrado
Gilson Borges/Escola de Agronomia da UFG
De um tronco imponente com galhos densos, nasce um fruto com composição especialmente estimulante para os seres humanos: a castanha de baru, encontrada dentro do fruto do barueiro. Essa castanha é conhecida como o “viagra do Cerrado” devido aos seus efeitos no organismo – entenda abaixo.
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Em entrevista ao g1, Rávila Graziany, nutricionista e doutora em Ciências da Saúde, explicou que as investigações sobre os efeitos da amêndoa de baru no organismo humano começaram após a observação de que, nos meses de setembro e outubro, período da colheita do fruto, aumentava o número de mulheres grávidas nas regiões onde o consumo da amêndoa de baru fazia parte da cultura local.
“Uma das explicações para o efeito afrodisíaco seria o alto teor de zinco presente na amêndoa de baru. O zinco é um mineral importante para a fertilidade”, explicou a nutricionista.
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A especialista afirmou ainda que o fruto é uma boa fonte de gordura saudável e vitamina E, o que pode contribuir para o efeito antioxidante e a proteção celular, essenciais para o equilíbrio hormonal. Além disso, ela destacou que o consumo da amêndoa de baru está associado à redução do risco de doenças cardiovasculares.
Por ser rica em fibras e proteínas, a castanha também oferece saciedade e pode contribuir para a redução de gordura abdominal em prescrições nutricionais, conforme a nutricionista.
Castanha de baru
Gilson Borges/Escola de Agronomia da UFG
A professora Rosângela Vera, da Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás (UFG), detalhou o efeito em homens e mulheres do zinco encontrado na castanha:
“Nas mulheres o zinco desempenha papel importante no desenvolvimento sexual, na ovulação e no ciclo menstrual. Nos homens, este mineral está relacionado com o desenvolvimento dos testículos, maturação do esperma e síntese de testosterona”, afirmou.
Barueiro
Barueiro no Cerrado
Gilson Borges/Escola de Agronomia da UFG
A professora Rosângela Vera explicou que barueiro é uma árvore nativa do Cerrado brasileiro, pertencente à família das leguminosas e “parente” das plantas de soja, feijão e amendoim.
Segundo a professora, o baru é valorizado tanto por suas sementes quanto por sua polpa. As sementes, segundo ela, possuem uma rica combinação de proteínas, gorduras saudáveis, vitaminas e minerais.
Rosângela Vera ressaltou que o baru se destaca tanto pela versatilidade culinária, quanto pela composição nutricional. Além das propriedades que ajudam a saúde reprodutiva, o baru oferece outros benefícios nutricionais.
“As amêndoas de baru apresentam elevado teor de lipídios com predominância de gorduras insaturadas. Possuem também antioxidantes naturais como o zinco e a vitamina E, além de elevado teor de fibras. Estudos realizados indicam que o consumo da amêndoa de baru reduz o colesterol total e aumenta o HDL, o bom colesterol”, explicou a professora.
Veja os benefícios da castanha de baru:
Fonte de gorduras insaturadas
Antioxidantes naturais
Rico em zinco
Elevado teor de fibras
Elevado teor de lipídios
Oferece muita saciedade
Reduz o colesterol
Redução do risco de doenças cardiovasculares
Preservação
A professora Rosângela Vera destacou que a coleta do baru ainda é baseada em um modelo extrativista, no qual os frutos são colhidos diretamente da natureza. Esse modelo, aliado à destruição de áreas nativas do Cerrado, representa uma ameaça à preservação da espécie.
“Com a redução das áreas preservadas e a intensificação do extrativismo, faz-se necessário a implantação de pomares para evitar a erosão genética ou até mesmo a extinção da espécie”, afirmou.
De acordo com a professora, diversas iniciativas visam ao cultivo do barueiro para a comercialização dos frutos. No mercado, o quilo da amêndoa de baru já ultrapassa R$ 100, e os produtos derivados têm alto valor agregado.
“Infelizmente, o avanço da devastação do Cerrado coloca em risco essa espécie e muitas outras com potencial para alimentação, produção de fármacos e biocombustíveis”, afirmou.
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