Procedimento foi realizado no Hospital Estadual Infantil Nossa Senhora da Glória, em Vitória. Isabely Amaral Faria tem 14 anos e conversou com a equipe médica durante toda a cirurgia. Adolescente canta louvor durante cirurgia de mais de 10h para retirada de tumor cerebral
Uma adolescente de 14 anos surpreendeu médicos durante um procedimento cirúrgico. Isabely Amaral Faria estava sendo operada para retirar um tumor cerebral e começou a cantar durante o procedimento (veja vídeo no início da reportagem). A cirurgia demorou 10 horas e foi realizada com a jovem acordada, conversando e cantando com a equipe médica.
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O procedimento foi realizado no Hospital Estadual Infantil Nossa Senhora da Glória (HINSG), localizado em Vitória, na quinta-feira (14).
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Durante o vídeo gravado pela equipe, os médicos conversaram com Isabely e perguntaram se ela gostaria de cantar algo. Ela, então, respondeu sobre um louvor. Os médicos disseram para escolher um que gostasse mais e ela começou a cantar a música “Perto de Ti”, composta por Cláudio Louvor.
“Eu quero estar, em tua casa
O teu poder quero sentir
Não há lugar, melhor no mundo
Do que estar perto de ti” , cantou Isabely.
Quando Isabely finalizou, os médicos a parabenizaram e depois pediram para que ela apertasse a mão do médico que estava filmando como um sinal de que estava respondendo bem. A jovem é moradora da Serra, na Grande Vitória.
Uma equipe de oito pessoas participou de cirurgia de 10h para retirada de tumor cerebral em Vitória
Acervo pessoal
O momento do vídeo foi feito quando os médicos estavam localizando a área da fala e a área motora no cérebro da paciente. Por isso ela tinha que ficar acordada, para ter a resposta na mesma hora de que nenhuma dessas partes estaria comprometida.
De acordo com o neurocirurgião que participou da cirurgia, esse foi um caso inédito no estado de um procedimento de retirada de tumor cerebral infantil em que a criança ficou acordada.
“A gente nunca tinha feito outro caso com uma criança acordada. Já fiz em adultos, mas crianças, não. Isso porque na criança a gente tem muito mais dificuldade em deixar ela acordada em um tempo tão grande. A gente opera um tumor por semana no hospital, mas desse jeito nunca tínhamos feito”, comentou o neurocirurgião Walter Fagundes.
Para a família, o resultado da cirurgia trouxe alívio.
“Estamos agradecidos a Deus por ter dado tudo certo, estamos aliviados. Ela sempre cantava louvor na igreja e já tinha dito que ia tentar cantar durante a cirurgia. Mesmo antes de fazer, ela já estava confiante de que ia dar tudo certo”, disse o pai de Isabely, João Batista.
Descoberta do tumor
Isabely de 14 anos cantou louvor no final do procedimento
Reprodução/Secretaria Estadual de Saúde do Espírito Santo
O neurocirurgião acompanhou desde a descoberta do tumor em Isabely, há um ano, até a decisão para a operação.
“Ela começou com crises convulsivas e, a partir disso, ela foi para o Hospital Infantil. Fizeram exames, ressonâncias e identificamos essa lesão tumoral. Inicialmente, optamos por acompanhar clinicamente, mas o tumor começou a crescer e ai decidimos operar”, disse o médico.
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O médico pontuou que o local onde o tumor estava era uma área muito delicada e que se o procedimento fosse feito com Isabely acordada, poderia evitar possíveis sequelas após a cirurgia.
“Inicialmente, ela não quis ficar acordada, ela tomou um susto, mas aí eu expliquei e falei que ela ia ficar dormindo e acordando. Expliquei a importância dela acordar durante o procedimento. E a mãe dela também foi super positiva e ela topou. Explicamos como cada etapa ia funcionar, no sentido de tentar deixar o ambiente o mais confortável e menos estranho possível”, explicou Walter.
Procedimento delicado
Uma equipe de oito pessoas participou da retirada do tumor cerebral da adolescente: uma anestesista, uma anestesista assistente, um neurocirurgião, dois assistentes, uma instrumentador cirúrgica e duas enfermeiras que circulavam pela sala.
“Como o tumor estava na área da fala, memória e da motricidade do lado direito, qualquer movimento de compressão ou de manipulação natural da cirurgia poderia causar uma dificuldade de fala, memória e uma perda da força do lado direito. E como a gente pôde monitorar a atividade cerebral continuamente durante a retirada da lesão, a gente conseguiu identificar durante a cirurgia qualquer alteração”, relatou o neurocirurgião.
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Acervo pessoal
O médico comentou que durante todo o procedimento a equipe foi conversando com Isabely, fazendo algumas perguntas, e que a jovem não cantou só naquele momento.
“Ela estava muito tranquila, tolerou muito bem e foi super gracinha, super simpática. Elogiei muito ela no final. E foi muito gratificante, depois de quase 10h de cirurgia, com muita delicadeza e preservando todas as áreas, e você imediatamente conversando e vendo que o paciente está bem. Eu e a equipe ficamos muito emocionados”, contou o médico.
Recuperação
Após a cirurgia, a jovem foi levada para a unidade semi intensiva, onde ficou sendo monitorada e realizando exames. O neurocirurgião gravou um vídeo de Isabely já na unidade, conversando e respondendo algumas perguntas.
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A expectativa dos médicos é que Isabely tenha alta ainda neste sábado (16). A adolescente vai continuar sendo acompanhada e é necessário aguardar o resultado da biópsia, que deve demorar até 30 dias.
“Ela está bem, conversando e depois vamos ter o resultado do estudo patológico para saber se o tumor é maligno ou beligno. De acordo com o tipo de lesão, vamos poder saber se ela está curada ou não, se precisa e algum tratamento de quimioterapia ou radioterapia”, explicou.
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