Registro mostra agente do Gate conversando com o guarda-civil Henrique Marival por chamada de vídeo. Corporação usou mapa de calor para ver que secretário do município já estava morto. Caso aconteceu em Osasco, na Grande SP, nesta segunda (6). Câmera no uniforme da PM registrou rendição de GCM que matou secretário
Câmeras acopladas aos uniformes dos agentes do Grupo de Ações Táticas Especiais da Polícia Militar (Gate) registraram o momento em que o guarda municipal Henrique Marival de Souza se entregou após matar a tiros o secretário-adjunto de Segurança e Controle Urbano de Osasco, Adilson Custódio Moreira (vídeo acima).
O caso aconteceu nesta segunda-feira (6), na sede da prefeitura da cidade, na Grande São Paulo.
Os registros mostram um agente conversando com Henrique por chamada de vídeo. “Mão pra cima agora, lá naquela porta que você bateu, você vai saindo, tá? Abre ela, você vai encontrar a equipe na sua frente, tá bom?”, orientou.
Outro trecho mostra o momento em que o GCM sai da sala e se rende.
“Pode abrir, Marival, a polícia tá aqui. Levanta a mão, levanta a mão, vai pra lá”, diz um agente do Gate a Marival, que obedece o comando.
Mapa de calor
PM usou mapa de calor durante negociação com guarda-civil em Osasco
O Gate utilizou um equipamento capaz de reproduzir o mapa de calor em ambientes para identificar que o secretário já estava morto enquanto os agentes negociavam a rendição do guarda municipal.
Os policiais do Gate pediram ao guarda uma prova de vida do secretário, mas não tiveram resposta. Na imagem, é possível perceber apenas uma mancha amarelada se movimentando no local — que representa o GCM (vídeo acima).
As autoridades puderam verificar, então, que o secretário já estava morto quando a polícia fazia a negociação.
O uso da tecnologia foi importante para que os policiais mudassem a conduta durante as tratativas e pressionassem mais o guarda a se entregar com vida.
A TV Globo também teve acesso a um vídeo que mostra o Gate conversando com o GCM. Uma câmera acoplada ao uniforme de um agente registrou ao menos três policiais participando da negociação. Um deles aparece com a arma em punho, apontada em direção à porta da sala onde estavam o guarda e o secretário. Outro policial aparece com um escudo (veja abaixo).
Câmera no uniforme do Gate registrou negociação com GCM em Osasco
Circunstâncias do crime
As investigações da Polícia Civil apontam que a morte de Adilson ocorreu quando o guarda-civil municipal Henrique Marival de Souza foi informado que seu trabalho sofreria mudanças nesta nova gestão.
Quando há troca de governo, os funcionários comissionados, que podem ser concursados ou nomeados em comissão, são exonerados, e as nomeações para os novos cargos ocorrem quando o gestor assume oficialmente. Até saírem as nomeações, ninguém sabe exatamente onde irá trabalhar.
O secretário-adjunto de Segurança e Controle Urbano de Osasco havia marcado uma reunião com os guardas da cidade na segunda (6) para discutir a estrutura da corporação no novo governo;
A reunião ocorria na Sala Oval, o principal espaço para encontros da prefeitura, ao lado da Secretaria de Governo e do gabinete do prefeito Gerson Pessoa (Podemos), que não estava no prédio;
Houve uma discussão entre Adilson e Henrique sobre a alteração de escala, que envolveria mudança de local de trabalho;
O GCM, então, sacou a arma e fez disparos contra o secretário-adjunto;
Os demais guardas-civis saíram correndo, e o agressor trancou a porta.
Negociação
O guarda ficou trancado por cerca de duas horas na Sala Oval, e o Gate negociou para que ele se entregasse. A Prefeitura de Osasco disse ainda que o guarda manteve o secretário-adjunto como refém, trancou as portas de acesso e montou barricadas.
O guarda-civil se entregou por volta das 19h30 e foi levado preso à delegacia seccional de Osasco. Em 2017, o guarda havia sido elogiado pelo comandante da GCM por sua atuação em uma ocorrência com motociclistas.
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Adilson Custódio Moreira trabalhou na Prefeitura de Osasco por oito anos. Entrou com o ex-prefeito Rogério Lins e foi mantido pelo novo gestor, Gerson Pessoa.
Os corredores foram interditados para os trabalhos das polícias Civil, Militar e Guarda Civil Municipal e os demais funcionários foram orientados a deixar a prefeitura.
No entorno do prédio, diversas ambulâncias e carros da polícia e dos bombeiros acompanharam a ocorrência.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública lamentou “a morte do secretário-adjunto da Segurança do município de Osasco, que foi mantido refém por um guarda civil, na sede da Prefeitura, na tarde desta segunda-feira (6). O autor do crime se entregou após negociações do Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE), da Polícia Militar. Ele será encaminhado ao 5º Distrito Policial da cidade, onde será ouvido e indiciado. Exames periciais foram solicitados e mais informações serão fornecidas após o registro do boletim de ocorrência”.