Morador de rua entrou armado em base da 2ª Cia do 7º BPM, no Centro de São Paulo, diz pasta da Segurança. Ele ameaçou policiais, que atiraram. Caso foi registrado como ‘resistência e morte decorrente de intervenção policial’. PM vai apurar se houve excesso ou irregularidade. Homem é morto a tiros após invadir base da PM, diz secretaria
Um homem armado com uma faca foi morto a tiros por policiais militares depois de invadir uma base da Polícia Militar (PM) e ameaçar os agentes, informou a Secretaria da Segurança Pública (SSP).
O caso ocorreu na madrugada do domingo (29) na 2ª Companhia do 7º Batalhão da Polícia Militar (BPM). A base fica na Rua 24 de Maio no Centro Histórico de São Paulo.
Logo após a morte do suspeito, policiais filmaram o corpo e zombaram dele. As imagens foram divulgadas e compartilhadas nas redes sociais (veja vídeo acima):
“Oia… a munição não entrou… oi… absurdo.”
“Tá aí, ó. O doido entrou dentro da base da PM com uma faca na mão, aí, ó. Receba!”
A expressão “receba” é um bordão criado pelo influenciador digital Iran Ferreira, mais conhecido como Luva de Pedreiro. A declaração se tornou famosa após os vídeos do baiano viralizarem nas redes sociais.
A expressão passou a ser usada também por outras pessoas como uma maneira de dizer que alguém recebeu o que procurou ou mereceu. No caso dos vídeos gravados dentro da base da Polícia Militar, as declarações dos policiais foram classificadas como “comentários com teor de zombaria” pela Ouvidoria da Polícia.
“Vou abrir procedimento e pedir para apurar quem faz os vídeos e os comentários com teor de zombaria”, disse nesta segunda-feira (30) ao g1 Cláudio da Silva, ouvidor da polícia. “Além da apuração das circunstâncias da morte.”
O ouvidor informou que também irá questionar a PM sobre o motivo pelo qual os agentes não usaram primeiro armas menos letais para conter o invasor, como arma de choque, balas de borracha “bean bags”.
Invasor era morador de rua
Homem é morto a tiros pela PM depois de ter sido acusado de invadir base policial armado com faca
Reprodução/Redes sociais
O homem que foi morto era morador de rua e tinha 36 anos, segundo policiais ouvidos pelo g1. De acordo com eles, o invasor tinha passagens criminais anteriores por furto e roubo.
Ainda segundo os PMs, o homem, que não teve o nome divulgado, entrou com uma faca na 2ª Cia do 7º BPM. Depois começou a falar palavras em sentido para os agentes que estavam na sala de operações: “Quero você”, disse o homem, segundo os PMs.
Segundo a corporação, os policiais alegaram ter atirado para se defender. “Diante da iminente ameaça à integridade física dos policiais, estes, agindo amparados pela legítima defesa, foram obrigados a conter o ataque, efetuando disparos de arma de fogo”, informa trecho de um comunicado atribuído à PM e que circula nas redes sociais.
Ainda de acordo com o comunicado, “cessada a injusta agressão, os policiais imediatamente acionaram o resgate”. Mas, continua a nota, “infelizmente, apesar do pronto atendimento, o indivíduo não resistiu e veio a óbito no local”.
O corpo ficou dentro da base da PM até a chegada da perícia. Policiais que estavam no local e filmaram o cadáver coberto por uma manta chegaram a ironizar a morte.
O que diz a pasta da Segurança
2ª Cia do 7º BPM, no Centro Histórico de São Paulo
Reprodução/Google Maps
Procurada para comentar o assunto, a pasta da Segurança informou que o caso foi registrado como “resistência e morte decorrente de intervenção policial”. A investigação será feita pela PM e pelo Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil.
“Na ocasião, o autor invadiu a sede da 2ª Companhia do 7º Batalhão da Polícia Militar Metropolitano (BPM/M) armado com uma faca e ameaçando os policiais que intervieram. A faca foi apreendida e a perícia acionada ao local”, informa trecho do comunicado.
Questionada sobre o fato de um homem, supostamente um policial, zombar do homem que foi morto, a SSP informou, também por nota, que, se ficar comprovado que houve alguma ilegalidade ou abuso policial no caso, os agentes serão punidos.
“Caso constatado irregularidades ou excessos na ação, as medidas cabíveis serão adotadas. A PM é uma instituição legalista e não compactua desvios de conduta”, informa a nota.