Porta de entrada de esconderijo abria eletronicamente quando dois fios eram acionados. No local, só era possível ficar agachado ou deitado. Veja como era o local onde Marujo, criminoso mais perigoso do ES, estava escondido
Fernando Moraes Pereira Pimenta, mais conhecido como Marujo, usava um cilindro de oxigênio e estava escondido na casa do pai, no bairro Bonfim, Vitória, quando foi preso, nesta sexta-feira (8). As informações foram divulgadas pela Polícia Civil.
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Marujo foi encontrado dentro de um buraco na parede da casa de familiares, em um vão no sótão, que está sendo chamado pela polícia de ‘bunker’. Um vídeo mostra como era o espaço por dentro.
Segundo os policiais, o ‘bunker’ era todo fechado, por isso a necessidade do clindro para que Marujo ficasse mais tempo no local. A polícia não divulgou as medidas do local, mas disse que só era possível ficar agachado ou deitado.
“Para acessar o bunker, no quarto tinha dois fios na parede, você encostava um fio no outro e uma tampa abria eletronicamente, ele se escondia ali dentro com um tubo de oxigênio. Por isso conseguiu ficar tanto tempo assim foragido, era um esconderijo bem engenhoso”, falou o delegado Ricardo Almeida, chefe do Departamento Especializado de Homicídios e Proteção à Pessoa (DEHPP).
Cilindro de oxigênio encontrado com Marujo no local onde ele estava escondido, na casa do pai, em Vitória.
Fernando Madeira
Depois que saiu do ‘bunker’, os policiais entraram no espaço e encontraram um fuzil, cinco carregadores, munições, três rádios comunicadores, além do cilindro de oxigênio.
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De acordo com os policiais, Marujo estava em Vitória desde outubro de 2023, e durante quatro meses, um grupamento especializado da Polícia Civil esteve focado nesta operação – que recebeu o nome de Xeque-Mate, jogada que representa o fim de uma partida de xadrez -, estudando a rotina e preparando a ação desta sexta.
“Desde quando a gente chegou, os familiares mantinham a informação de que ele estava no Rio de Janeiro, e mandavam a polícia embora. […] Mas, com o trabalho da equipe de inteligência, a gente tinha certeza que ele estava no local”, falou delagado Alan de Andrade.
Fuzil encontrado com Marujo, que também tinha cinco carregadores. Espírito Santo
Vilmara Fernandes
A rotina do criminoso foi estudada em detalhes. Os policiais viram que Marujo andava e dormia pouco.
“Vimos na rotina dele que ela praticamente não dormia, não saía do morro, ficava no Bonfim mesmo. Fizemos a operação para chegar mais ou menos 8h que era o pouco horário em que ele descansava, porque é um horário que não tem operações policiais […]. Ele dormia mais ou menos duas a três horas por dia”, falou Romualdo Gianordoli, superintendente de Polícia Especializada.
Os policiais pontuaram que, nos últimos meses, toda a cadeia sucessória de Marujo foi presa antes dele, então não acreditam que ele vai ser substituído imediatamente.
“Agora realmente vai ficar uma situação de muita incerteza, principalmente, no Bonfim e Bairro da Penha. Todos são muito novos lá ainda […], só que precisa de um líder forte, carismático, que as pessoas sigam. A desorganização deve ser grande”, falou Romualdo.
Marujo, criminoso mais procurado do ES, estava em esconderijo na parede
Uma solicitação para que Marujo seja incluído no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) foi encaminhada para a justiça estadual no início da tarde desta sexta-feira (8). A solicitação foi apresentada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), unidade do Ministério Público do Espírito Santo (MPES).
Trata-se de um cumprimento de pena com regras mais rígidas do que as aplicadas nas demais unidades prisionais, onde o isolamento e o controle sobre o detento é maior. Não foi descartada a possibilidade de Marujo ser encaminhado a um presídio federal.
Seis mandados de prisão
Polícia Civil passou detalhes sobre a prisão de Marujo. No painel de foragidos da Secretaria de Segurança (ao fundo), Marujo já aparece como ‘capturado’.
Júlia Afonso
Marujo tinha seis mandados de prisão em aberto, segundo o Banco Nacional de Monitoramento de Prisões. Foragido desde 2017, o caminho foi longo para encontrar o líder do Primeiro Comando de Vitória (PCV).
Dois irmãos de Marujo foram presos, José Renato Pimenta Júnior, em 2019, e Thiago Moraes Pereira Pimenta, em 2021, ambos acusados de associação ao tráfico de drogas.
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Ainda em 2021, Marujo começou a ser buscado pela polícia fluminense. Surgiu a informação de que ele teria buscado abrigo no Complexo da Maré, localizado na capital do Rio de Janeiro. Nos últimos tempos, o traficante estava em Vitória.
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