Polícia diz que motorista passou por vários lugares antes do acidente. Testemunhas confirmam que ele ingeriu bebida alcóolica. Motorista que matou vigilante atropelado foi a posto de combustíveis antes do acidente
A Polícia Civil divulgou um vídeo que mostra Antônio Scelzi Netto, motorista de uma Mercedes-Benz C180 suspeito de atropelar e matar um vigilante, em Goiânia, em um posto de combustíveis antes do crime (veja acima). Ele passa ao fundo da filmagem usando uma camiseta preta. Testemunhas e um laudo do Instituto Médico Legal (IML) atestam que ele ingeriu bebidas alcoólicas.
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O motorista chegou a ser preso em flagrante no último domingo (9), horas depois do acidente, no Jardim Guanabara, mas já está em liberdade. Em nota, a defesa dele informou que foi concedida uma liminar para revogar a prisão, impondo apenas medidas cautelares diversas, e que “estará sempre à disposição da Polícia Civil e do Poder Judiciário para contribuir para a elucidação dos fatos” (leia a íntegra no fim desta reportagem).
Em entrevista coletiva, na quarta-feira (12), a delegada Ana Cláudia Stoffel informou que um amigo de Antônio, que estava com ele no momento do acidente, confirmou que o motorista tinha ingerido bebidas alcoólicas. A polícia já teve acesso também a câmeras de segurança dos lugares e as comandas dos pedidos feitos, que reforçam o fato.
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“Esse depoimento veio trazer todo o fluxo do dia do fato, onde o Antônio esteve, com quem ele esteve, quais os locais, a certeza de que ele passou a noite ingerindo bebida alcoólica. Isso veio reforçar tanto o laudo médico, como a possibilidade da gente determinar a embriaguez”, afirmou a delegada.
Motorista de carro de luxo suspeito de matar vigilante atropelado (camiseta preta) foi a posto de combustível antes de acidente, em Goiânia
Reprodução/Polícia Civil
Stoffel também explicou que está colhendo provas e aguardando o resultado da perícia para tentar traçar a dinâmica do acidente e, especialmente, o quão afetado pelo álcool o motorista estava. Em depoimento, Antônio confirmou que tinha ido a um pub, mas negou que tivesse bebido ou estivesse bêbado.
O vigilante Clenilton Lemes Correia foi atropelado e arrastado por mais de 200 metros, na GO-020, quando ia para o trabalho. A Polícia Científica informou que ele teve múltiplas lesões. Por conta da batida, a placa do carro se desprendeu e ficou na rodovia, o que ajudou a localizar o motorista, enquanto a placa da moto ficou presa ao para-choque do carro.
Antônia Araújo da Silva, esposa da vítima, pediu justiça ao marido. “A pessoa por irresponsabilidade tira a vida de um pai de família, não pode ficar impune”, lamentou em entrevista à TV Anhanguera.
Vários pubs
Antonio Netto, suspeito de atropelar e matar vigilante em rodovia de Goiânia
Reprodução/TV Anhanguera
A delegada Ana Cláudia Stoffel também informou que, com base no depoimento de testemunhas e outras evidências, como as comandas dos pedidos e câmeras de segurança, é possível afirmar que o motorista chegou ao primeiro bar por volta das 19h de sábado (8).
De lá, Antônio passou por outro bar e de lá seguiu para um posto de combustíveis próximo. Na sequência, visitou um pub e, por fim, parou para comer em uma lanchonete. O acidente aconteceu quando ele voltava para casa.
O amigo de Antônio disse em depoimento que estava muito bêbado e não viu o vigilante na pista antes da batida. Ele acredita que o motorista também não tenha percebido. Após a batida, o amigo afirma que pediu para que Antônio parasse o carro e voltasse para socorrer o vigilante, mas o rapaz não conseguiu, chorou muito e seguiu para casa.
Segundo a delegada, o amigo do motorista foi ouvido na condição de testemunha. Ao que tudo indica, ele fez tudo que pôde para tentar prestar socorro, mas dependia de Antônio para parar o carro e ajudar o vigilante. “Tudo indica que ele tentou de todas as formas”, enfatizou.
Vigilante foi encontrado vivo
Clenilton Lemes Correia morreu após motorista de Mercedes bater contra moto dele e fugir, em Goiás
Divulgação/PM
A delegada detalhou que o vigilante foi socorrido por outra pessoa que passava pela GO-020. Ele estava vivo e chegou a receber atendimento do Corpo de Bombeiros no local, mas não resistiu e morreu na rodovia. Stoffel reforça a importância de que se preste socorro logo após o acidente, para que as chances de que as vítimas sobrevivam sejam maiores.
“Essa pessoa que chegou logo após o fato esclarece que a vítima ficou no local, ela teve atendimento e ela ainda estava com vida. Então, é muito importante que, ocorrendo um acidente, a gente seja humano e preste esse atendimento que pode salvar vidas”, orienta.
Alta velocidade
Também de acordo com a delegada, uma outra testemunha afirma ter visto o carro de Antônio momentos antes do acidente trafegando em alta velocidade. Ela também conseguiu afirmar que a moto do vigilante estava com a iluminação em perfeitas condições.
“Nós também ouvimos outra testemunha importantíssima que relata que já tinha cruzado com o veículo momentos antes em velocidade alta, de aproximadamente 100 km/h. Isso veio a esclarecer muita coisa e vai ajudar muito na própria perícia, que é o que a gente aguarda agora”, afirmou.
Agora, a polícia aguarda o resultado dos laudos periciais para que seja feita uma reconstrução ainda mais detalhada de toda a dinâmica do acidente.
Vigilante morre após ser atropelado em rodovia de Goiás
Divulgação/PM
“Os policiais estão trabalhando tanto com câmeras, testemunhas, comandas, para que a gente possa informar o estado alcoólico que Antônio estava no momento, porque isso é de extrema importância para a tipificação do delito”, explicou a delegada.
Atualmente, Antônio é investigado por lesão corporal por causa do trânsito, com agravante e com possível reclusão de 5 a 8 anos. Mas nada impede que isso mude e passe a ser tratado como um caso de homicídio, por exemplo.
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