22 de outubro de 2024

VÍDEO: perito do Paraná é investigado após dizer que mulheres fazem falsas denúncias de violência doméstica: ‘Tua mulher é teu inimigo’

Alcimar José Vidolin é medico legista e perito oficial no Paraná e em Santa Catarina. g1 tenta contato com ele. Polícia Científica do Paraná disse que apura a conduta ético-disciplinar do servidor. Perito do PR é investigado após dizer que mulheres fazem falsas denúncias de violência
A Corregedoria da Polícia Científica do Paraná (PC-PR) apura a conduta do médico legista Alcimar José Vidolin, que compartilhou um vídeo nas redes sociais dizendo que a maior parte dos casos de violência contra a mulher que atende são denúncias falsas.
Ele é perito oficial em Curitiba, no Paraná, e em Joinville, Santa Catarina. Assista acima.
O g1 tenta contato com o Vidolin.
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“90% do trabalho hoje é ‘violência familiar’ e ‘violência contra a mulher’. Por que eu coloco entre aspas? Porque em cada caso verdadeiro tem dezenas de acusações falsas pra vingança, para plantagens patrimoniais e alienação parental […] Cuidado, a tua mulher é teu inimigo. Ela pode destruir você, se ela escolher”, disse.
No vídeo, Vidolin também falou que a mulher pode destruir a vida do marido, já que, segundo ele, “não precisa de provas e testemunhas”. Além disso, disse que homens têm sido “humilhados” e que órgãos policiais estão de “saco cheio”.
No fim, ele encerra o vídeo criticando e descrebilizando as leis que protegem as mulheres.
“É uma engenharia social maligna, não é uma lei para proteger ninguém, é para humilhar, espezinhar os homens, para inviabilizar as famílias e para fazer as crianças crescerem em lares desfeitos, é promoção de injustiça.”
Entre janeiro e agosto deste ano, no Paraná, foram registrado quase 160 mil casos de violência contra a mulher, uma média de 658 casos por dia. O crime teve aumento de 4,8% em relação a 2023, segundo dados da Secretaria da Segurança Pública do Paraná (Sesp).
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Médico legista Alcimar José Vidolin
Reprodução/RPC
Sobre a investigação contra o servidor, a Polícia Científica do Paraná disse, em nota, que mantém contato com a Polícia Científica de Santa Catarina para compartilhar informações e fazer a apuração ético-disciplinar do servidor.
Também em nota, a Polícia Científica de Santa Catarina disse que as medidas cabíveis estão sendo adotadas para apurar o ocorrido.
Indignação
O Grupo Perícia Mulheres, formado por servidoras públicas da Polícia Científica do Paraná e o Sindicato dos Peritos Oficiais da Polícia Científica do Paraná (Sinpoapar), declarou indignação e repúdio em relação ao vídeo.
A nota diz que é “inaceitável que um perito oficial criminal propague conteúdo que desrespeita os fundamentos da Justiço e os Direitos Humanos”.
“Essa conduta representa uma grave afronta a todas as mulheres, cujos direitos devem ser garantidos e protegidos de forma incondicional pelo Estado”, diz a nota.
A Associação Brasileira de Criminalística (ABC) também se manifestou e disse que apoia a nota de repúdio.
“Por meio de exames clínicos, laudos técnicos e análise de vestígios os peritos criminais conseguem identificar lesões físicas e outros indícios que comprovam a violência. Em muitos casos, o exame pericial é a principal evidência que fortalece a denúncia”, finaliza.
O Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) informou que tomou conhecimento do vídeo e irá instaurar sindicância para avaliação do caso.
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