25 de dezembro de 2024

Vigilante adota cachorro que há meses esperava por dono que morreu em hospital de Maringá

Cão acompanhou por meses Samuel Alves Moreira durante as rondas que fazia de moto na região. Vigia resolveu dar um lar definitivo para o animal e chamá-lo de Coragem. Cão, que ganhou o nome de Coragem, ficou aproximadamente oito meses esperando pelo dono que havia morrido.
Amanda Bebiano/g1
Um cachorrinho morou cerca de oito meses em frente ao Hospital Universitário de Maringá, no norte do Paraná, à espera do dono que foi internado e morreu na instituição. Fiel, o animal se tornou conhecido entre os funcionários, entre eles o vigia noturno Samuel Alves Moreira, de 54 anos, que decidiu adotá-lo.
“Eu trabalho das 19h às 7h e ele me acompanhava nas rondas, andava comigo. Só que é o seguinte, eu tinha que ir com a moto. Ele ia na frente, fazendo a ronda, e eu atrás dele, na moto. Ele olhava de um lado para o outro, muito esperto”, conta.
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Moreira relembra que sempre encontrava o cãozinho em frente à porta onde as funerárias retiravam os corpos de pacientes que faleceram no hospital. Durante uma conversa com o funcionário de uma funerária, o vigilante descobriu que a pessoa por quem o cão esperava infelizmente não iria voltar.
“Um dos funcionários falou: ‘Rapaz, esse cachorro uma vez seguiu nós uns dois quilômetros. […] Eu acho que nós levamos o dono dele'”, conta.
Moreira conta que ele e alguns amigos resolveram dar um nome para o cão que representasse toda a personalidade dele: Coragem. O animal acabou conquistando a simpatia das pessoas que passavam por lá, em especial o do vigilante, com quem mais convivia.
O cão também passou a fazer parte da rotina de funcionários do hospital, que davam comida, água fresca e até uma casinha ao bicho.
“Ele enfrenta, ele é um cachorro que lá, ele não deixava nenhum outro cachorro entrar no hospital. […] Ele tinha o pano dele para deitar, aí, meia-noite mais ou menos, eu colocava para ele deitar lá. Só que uma vez eu esqueci esse horário, ele foi lá, trouxe o pano na boca e colocou para eu estender para ele”, relembra o vigilante.
Vigilante afirma que o cão está se adaptando bem com a nova casa.
Amanda Bebiano/g1
Após meses como companheiros no dia a dia, Moreira decidiu dar um lar definitivo ao cão e se tornou seu tutor.
“Ele ficava na recepção do hospital, olhando… ele achava que o dono dele ia voltar. Quando o dono dele estava lá internado, eu imagino que ele pedia no coração dele que arrumasse um dono que realmente amasse o Coragem. E, realmente, se ele pensou, ele acertou, porque eu e o Coragem nos damos muito bem”, comemora.
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Família cresceu
A chegada do cão na vida de Moreira foi muito parecida com a história de Meg, a “irmã mais velha” do Coragem.
Em 2011, o vigilante trabalhava como segurança em um shopping da cidade. Durante o expediente, foi abordado por um casal que estava com viagem marcada e procurando alguém para adotar uma cachorrinha.
“Eu estava trabalhando nos corredores e aí chegou um casal com um pacotinho. O bichinho estava na sacola e tudo. Aí falou assim: ‘Moço, eu precisava que alguém amasse esse cachorrinho aqui. A gente está indo embora para Curitiba e não tem onde ficar. Eu não queria passar para uma pessoa que realmente não ama o bichinho e eu percebo que você gosta de animais'”, relembra.
Meg, a cachorrinha mais velha de Moreira, também foi adotada por ele durante o trabalho de vigilante.
Amanda Bebiano/g1
Naquele dia, Moreira adotou a cachorrinha Meg, que agora ganhou um companheiro.
“O Coragem é muito esperto, então ele respeitou, porque ele sabe que tinha uma moradora aqui que chegou antes dele. Hoje os dois se entendem, a Meg aceitou ele numa boa”, comemora.
Moreira afirma que as rondas pelo hospital ficaram mais solitárias, mas por um bom motivo.
“Dá saudade. Tem até a graminha aonde ele deitava, ficava amassada a graminha… Aí eu fazendo as minhas rondas, sem o Coragem. […] Mas quando eu chego de manhã, ele tá todo feliz no portão, me esperando. Eu prefiro ele aqui do que lá, no relento”, diz.
Vivendo há cerca de uma semana no novo lar, Coragem tem se acostumado com a nova família.
Amanda Bebiano/g1
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