30 de janeiro de 2025

Vírus sincicial: novo imunizante contra o VSR chega ao Brasil


Anúncio foi feito pela farmacêutica Sanofi nesta quinta-feira (30). Anticorpo monoclonal obteve registro da Anvisa em 2023. Beyfortus é um medicamento injetável para prevenção do vírus sincicial respiratório (VSR).
Sanofi via AP
Um novo imunizante contra o VSR (vírus sincicial respiratório) deve chegar às clínicas particulares, hospitais e maternidades nas próximas semanas. O anúncio foi feito pela Sanofi, responsável pela fabricação do Beyfortus (nirsevimabe), um anticorpo monoclonal indicado para a prevenção do VSR em recém-nascidos e crianças até 24 meses.
Segundo a Sanofi, as doses estarão disponíveis durante a próxima sazonalidade do VSR. Na Região Norte, essa sazonalidade vai de fevereiro a junho. Nas demais regiões, o período vai de março a julho.
Aprovado em 2023 pela Anvisa, o nirsevimabe é uma proteína produzida em laboratório que imita a capacidade do nosso sistema imunológico de combater patógenos nocivos, como os vírus. Aplicado em dose única, oferece proteção direta e rápida, uma vez que o anticorpo pronto não exige a ativação do sistema imunológico.
O VSR é responsável por 75% de todos os casos de bronquiolite, principalmente entre os menores de 2 anos. Nessa faixa etária, a mortalidade em decorrência da infecção é maior. A bronquiolite é uma síndrome respiratória que acomete as vias aéreas. A doença dificulta a chegada do oxigênio aos pulmões. O vírus se multiplica nas células do aparelho respiratório superior.
O VSR é MUITO contagioso e é transmitido pelo ar ou pelo toque de objetos contaminados. A melhor forma de prevenção é a lavagem das mãos, uso de álcool em gel e deixar os ambientes ventilados.
Renato Kfouri, pediatra infectologista e presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), reforça que o VSR pode provocar infecções severas, que podem acarretar problemas respiratórios duradouros, afetando a qualidade de vida do bebê ou criança.
“Oferecer uma proteção robusta contra o VSR ajuda a evitar complicações futuras, diminui a demanda por cuidados médicos intensivos nos anos seguintes e contribui para uma melhor qualidade de vida de recém-nascidos e crianças”, aponta o pediatra.
No Sistema Único de Saúde (SUS), já é oferecido um anticorpo monoclonal contra o VSR, o palivizumabe (Synagis), indicado para bebês prematuros e crianças com comorbidades de risco, como doenças cardíacas e pulmonares, até os 2 anos de idade.
A principal diferença em relação ao nirsevimabe está na duração da proteção, já que o palivizumabe requer doses mensais durante a temporada de VSR, explica Patrícia Vanderborght, doutora em Biologia Molecular e genética humana pela Fiocruz e responsável pelo setor de Imunização Humana do Richet Medicina Diagnóstico/Rede D’or.
Disponibilidade no SUS
Por enquanto, o imunizante estará disponível na rede privada. O nirsevimabe também foi incorporado no rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Bebês prematuros, crianças com menos de 2 anos com doença pulmonar crônica da prematuridade ou doença cardíaca congênita hemodinamicamente significativa (DCC) poderão ser imunizados via planos de saúde, segundo a Sanofi. A Conitec também avalia a incorporação do imunizante para a disponibilização via SUS para o mesmo público.
“O processo de incorporação no SUS não acabou ainda. É impossível disponibilizar em UBS e rede pública. Ele estará disponível para todos os bebês [na rede privada]. O bebê que nasceu prematuro e tem acesso ao plano de saúde terá o imunizante reembolsado”, explicou Guillaume Pierart, General Manager de vacinas da Sanofi, durante a apresentação do Beyfortus.
Vacinas contra o VSR
Atualmente, duas vacinas contra o VSR estão disponíveis no Brasil: a Arexvy (GSK), indicada para idosos acima de 60 anos; e a Abrysvo (Pfizer), indicada para idosos e gestantes até a 36ª semana de gestação, transferindo anticorpos maternos para o bebê. Ambas estão disponíveis apenas na rede privada, mas a Pfizer diz que já solicitou a inclusão do imunizante no Programa Nacional de Imunizações (PNI) para aplicação nos postos de saúde.
“Ainda não há vacinas aprovadas para uso direto em crianças. O anticorpo monoclonal nirsevimabe, portanto, preenche uma lacuna importante ao oferecer proteção direta e imediata para bebês e recém-nascidos”, afirma o afirma o patologista clínico Helio Magarinos Torres Filho, diretor do Richet Medicina e Diagnóstico e do Richet Vacina.
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