7 de fevereiro de 2025

Vital Farias, compositor e poeta das sagas brasileiras, lega belas canções ao morrer aos 82 anos em João Pessoa


Vital Farias (1943 – 2025) foi o compositor das canções ‘Veja (Margarida)’ e ‘Ai que saudade d’ocê’, lançadas em 1975 e 1982
Reprodução / Capa da coletânea ‘Do jeito natural’, de 1985
♫ OBITUÁRIO
♪ Em 1975, recém-chegado ao Rio de Janeiro (RJ), o paraibano Vital Farias (23 de janeiro de 1943 – 6 de fevereiro de 2025) compôs uma canção para a trilha sonora da peça Lampião no inferno, encenada naquele ano de 1975 em palcos cariocas pelo Grupo Chegança, sob a batuta do diretor Luiz Mendonça (1931 – 1995).
Intitulada Veja (Margarida), a canção atravessou 50 anos na memória popular, a ponto de ser uma das músicas mais lembradas e gravadas do cancioneiro de Vital Farias, cantor, compositor e violeiro paraibano que morreu hoje, aos 82 anos, em hospital de João Pessoa (PB), no qual foi internado ontem para tratar de problema cardíaco.
Gravada pelo autor no segundo álbum, Taperoá, lançado em 1980, mesmo ano em que ganhou registro de Elba Ramalho, a canção Veja (Margarida) é – ao lado de Ai que saudade d’ocê (1982), música amplificada na voz da mesma Elba em gravação de 1983 – as duas composições que imortalizam o artista nascido na zona rural da cidade de Taperoá (PB), no Cariri da Paraíba, em 1943.
Vital Farias fez parte da corrente migratória que deslocou cantores e compositores nordestinos para o eixo Rio-São Paulo ao longo da década de 1970 em busca de visibilidade nacional na cena musical brasileira.
Vital começou a aparecer como compositor em 1976, ano em que a cantora Marilia Barbosa gravou a canção Caso você case para a trilha sonora da novela Saramandaia, exibida pela TV Globo. O autor gravaria Caso você case no primeiro álbum, Vital Farias, lançado em 1978.
Em 1984, no embalo do sucesso da canção Ai que saudade d’ocê, o artista se juntou com Elomar, Geraldo Azevedo e Xangai no show Cantoria, que percorreu o Brasil e gerou dois discos ao vivo editados em 1984 e 1988.
Parte do cancioneiro de Vital Farias foi ouvido pelo Brasil na voz da conterrânea Elba Ramalho, que também gravou Sete cantigas para voar no mesmo ano de 1982 em que o autor registrou a música no terceiro álbum, Sagas brasileiras.
A partir dos anos 1990, Vital Farias pouco gravou discos e saiu dos holofotes, migrando para a política nos anos 2000, após lançar em 2002 o disco Uyraplural – assinado com a filha, Giovanna Farias – e o álbum Vital Farias ao vivo e aos mortos vivos. Mas permaneceu sendo um ícone musical para o povo da Paraíba.
Os conterrâneos sempre celebraram o poeta alfabetizado com a literatura de cordel que aprendeu sozinho a tocar violão e a fazer canções que traduziram em letra e música as sagas brasileiras.

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