Roberto Salum teria insistido que funcionária o acompanhasse até Centro Administrativo do Estado, mas desviou o caminho e a agarrou, segundo boletim de ocorrência. Defesa do investigado disse que não teve acesso aos documentos. Roberto Salum
Eduardo Guedes/Agência AL, divulgação/Arquivo
A primeira mulher que buscou a Polícia Civil para denunciar assédio contra o ex-diretor do Procon de Santa Catarina Roberto Salum relatou que foi agarrada e beijada sem consentimento ao desviar o caminho enquanto dava carona a ela até o Centro Administrativo do Estado. As informações constam em boletim de ocorrência registrado em 14 de março.
“Conduziu o carro até uma casa na Palhoça, sob a alegação de buscar uma pasta. Chegando lá, Roberto pediu um beijo e, diante da negativa, agarrou a comunicante e lhe deu um beijo na boca”, diz o relato no documento.
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Salum foi exonerado do cargo no sábado (30), após o governo estadual ter acesso à denúncia. A Polícia Civil informou, nesta segunda-feira (1º), que recebeu denúncia de uma segunda vítima.
Em nota, a defesa dele informou que recebeu as notícias pela mídia e que não teve acesso aos boletins de ocorrência. Esclarecimentos serão prestados após ele se situar do caso (confira texto compleo abaixo).
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O que diz o BO
No documento, registrado em 14 de março, a vítima relata que foi contratada por uma empresa terceirizada para prestar serviços no Procon, onde começou as atividades em 7 de março de 2024.
Ela informou que, em determinado momento, o chefe dela, o então diretor Roberto Luiz Salum, insistiu para que fosse com ele até o Centro Administrativo do Estado. Ele teria oferecido carona, que foi aceita devido à insistência do suspeito, diz o texto.
Sem o consentimento da vítima, ainda segundo o BO, o suspeito conduziu o carro até uma casa em Palhoça, na Grande Florianópolis, sob alegação de buscar uma pasta. Chegando lá, o homem teria pedido um beijo. Diante da negativa, arragou a comunicante e lhe deu um beijo ba boca, diz o texto.
Investigação
A delegada regional da Grande Florianópolis, Michele Rebelo, informou que a segunda vítima também é uma mulher e trabalha no Procon. Ela denunciou o caso em uma rede social, segundo a polícia.
O depoimento dela e de outras pessoas está previsto ainda para os próximos dias. A primeira mulher a denunciar o então diretor já foi ouvida na última semana.
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Ainda de acordo com a Polícia Civil, o novo depoimento será anexado ao inquérito em andamento, instaurado em 27 de março.
“Tão logo a Polícia Civil tomou conhecimento, nós já instauramos [o inquérito]. Independente de quem quer que seja, a gente vai apurar com todo rigor necessário quando envolve casos de abuso sexual na esfera da administração pública, porque essa é uma bandeira do governo”, relatou a delegada à NSC.
A Polícia Civil também vai investigar denúncias de que Salum vinha intimidando funcionários do órgão, o que configuraria assédio moral. Funcionários do Procon já haviam protocolado denúncias contra Roberto Salum através da ouvidoria do estado.
O que diz a defesa de Roberto Salum
Após a divulgação do primeiro caso e do anúncio do afastamento do cargo, a defesa de Salum informou na sexta-feira (29) que concederia uma coletiva à imprensa nesta terça-feira (2), porém após a revelação do segundo caso, cancelou a entrevista e enviou nota, assinada pelo addvogado Gastão da Rosa Fillho.
“Eu e meu cliente tomamos conhecimento das denúncias pela mídia na Sexta-feira da Paixão, em pleno feriado. Na mesma hora, tentamos, sem sucesso, contato com a autoridade policial responsável pela apuração dos fatos. Até a manhã desta segunda-feira ainda não tivemos acesso ao BO de forma oficial, obtivemos apenas uma cópia através da imprensa.
Roberto Salum afirma que tudo começou depois que ele apurou desvios milionários no Procon-SC e foi alertado que sofreria represálias. Ele se coloca à disposição para prestar depoimento assim que tiver conhecimento de todo o conteúdo da acusação”.
O que diz o Governo de SC
Sobre os relatos, o Estado informou que, ao saber da denúncia de “falta de decoro no exercício da função”, determinou o imediato afastamento do então diretor do Procon-SC.
“O Governador do Estado, ao tomar conhecimento de denúncia cujo conteúdo se refere à falta de decoro no exercício da função pelo Diretor Estadual do PROCON-SC, determinou o imediato afastamento do servidor e pediu a apuração célere dos fatos. O Governo do Estado não pactua com atos atentatórios à moral e aos bons costumes”.
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