Em 2024, avanço dos preços na capital do Espírito Santo foi de 12,51%, chegando a R$ 12.287/m². Para especialista, escassez de terrenos e busca por qualidade de vida são os motivos para valorização. Praia do Canto
Diego Alves/Prefeitura de Vitória
Quem se planejou para comprar um imóvel residencial em Vitória, em 2024, sentiu no bolso o aumento dos preços, como apontado pelo Índice FipeZAP, divulgado nesta terça-feira (7). A cidade registrou uma valorização de 12,51% nos últimos 12 meses, e encerrou o ano com o valor médio do metro quadrado atingindo R$ 12.287, o mais caro do Brasil entre as capitais.
No top três, também aparecem Florianópolis (R$ 11.766/m²) em segundo lugar, e São Paulo (R$ 11.374/m²), em terceiro.
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De acordo com dados do índice de 2023, Vitória também se destacou em primeiro lugar com R$ 10.877 entre as capitais.
Para os especialistas, a tendência de elevação dos preços em Vitória é atribuída a fatores como o aumento dos custos de construção, a escassez de terrenos disponíveis e a alta demanda por imóveis na região.
“Com certeza, a limitação geográfica influencia no espaço para construção de novas unidades residenciais. Sendo mais escasso para os construtores, consequentemente, se torna um terreno mais caro e com grande procura, e isso provoca a valorização do imóvel”, avaliou o diretor da Associação e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário do Espírito Santo (Secovi), Ricardo Gava.
Preço médio de venda nas capitais (m²), em dados de dezembro:
Vitória: R$ 12.287
Florianópolis: R$ 11.766
São Paulo: R$ 11.374
Curitiba: R$ 10.703
Rio de Janeiro: R$ 10.289
Belo Horizonte: R$ 9.365
Brasília: R$ 9.325
Maceió: R$ 9.173
Recife: R$ 8.089
Fortaleza: R$ 8.031
Goiânia: R$ 7.929
São Luís: R$ 7.440
Belém: R$ 7.405
Porto Alegre: R$ 7.111
Manaus: R$ 7.061
João Pessoa: R$ 6.890
Salvador: R$ 6.766
Cuiabá: R$ 6.099
Campo Grande: R$ 5.769
Teresina: R$ 5.628
Natal: R$ 5.613
Aracaju: R$ 5.163
O entendimento é de que essa valorização deve continuar em 2025, seguindo uma tendência vista na última década.
“Existe um levantamento da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Espírito Santo (Ademi), que mostra que houve aumento médio de 12% ao ano nos imóveis de Vitória na última década. Com o cenário cada vez mais desafiador de espaço para construir e com o custo de mão de obra subindo, os imóveis certeza que terão valorização regular e segura para os próximo anos”, apontou Gava.
O diretor do Secovi ressaltou que valorização afeta especialmente os imóveis novos, que estão sendo construídos em padrões de luxo.
“Os preços do índice refletem anúncios avaliados e não necessariamente o valor que o imóvel foi vendido. A cidade tem regiões mais caras e mais valorizadas e imóveis que não são do mesmo padrão. […] Hoje, em Vitória, são construídos prédios novos, com tecnologias avançadas, itens completos de lazer, acabamento de primeira qualidade, considerados imóveis de luxo”, avaliou.
O especialista disse ainda que imóveis comerciais, por sofrerem com o mesmo problema de escassez de espaço, seguem a mesma tendência de alta. Além disso, diante da falta de espaço, a alta demanda acaba refletindo em cidades da Região Metropolitana.
“Localização é sempre o ponto principal do mercado imobiliário. Por serem próximas, cidades como Vila Velha acabam absorvendo parte da demanda que não consegue ser suprida na região central”, considerou.
Imagem aérea Vitória. Prédios. Espírito Santo
Luciney Araujo
O FipeZAP acompanha o preço médio de imóveis em 56 cidades brasileiras, com base em anúncios veiculados na internet. Além de liderar o ranking entre as capitais, Vitória se posicionou como a terceira cidade mais cara, no geral.
O preço médio de venda de imóveis residenciais, calculado para as 56 cidades, foi de R$ 9.366/m². Considerando essa base, um apartamento de 50 metros quadrados custou, em média, R$ 468,3 mil.
Qualidade de vida
Além da questão de escassez territorial, em comparação com outras capitais, Vitória se destaca também em índices de qualidade de vida.
“Além da questão territorial, a gente precisa falar de toda a qualidade de vida que Vitória tem. A estrutura que a cidade apresenta hoje é muito boa, tanto para quem mora como para quem vem passear por aqui. Isso faz com que pessoas de outras cidades queiram morar em Vitória e eleva o preço do metro quadrado”, disse.
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Nos últimos anos, a cidade figurou nos primeiros lugares em levantamentos relacionados à qualidade de vida, como o que mede o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), ficando em 2° lugar entre as capitais do Brasil, em 2024.
Bairros mais caros
Barro Vermelho, Vitória. Espírito Santo
Vilamir Azevedo
O levantamento destaca ainda os bairros mais representativos no cálculo do Índice FipeZAP e a e variação média dos preços de venda de imóveis residenciais em cada um deles.
Seis bairros apareceram com preço médio acima dos R$ 10 mil em 2024. Praia do Canto aparece em primeiro lugar, com R$ 14.592/m². A região teve também a maior variação dos últimos 12 meses, aparecendo com alta de 21,8%.
Bairros com preços mais caros por m² em Vitória
Alta no Brasil
O aumento médio no país do valor de compra de imóveis foi de 7,73% entre as 56 monitoradas pelo levantamento, maior variação anual desde 2013, quando os preços subiram 13,74%.
Centro de São Paulo.
Fábio Tito/G1
A alta superou a inflação ao consumidor em 2024, estimada em 4,64%, com base no IPCA acumulado até novembro e no IPCA-15 de dezembro. Os cálculos apontam uma alta real (descontada a inflação) de 3,09% nos imóveis.
Segundo o censo, há mais brasileiros vivendo em imóveis alugados
Paula Reis, economista do DataZAP, explica que o aumento está relacionado ao desempenho da economia brasileira, que cresceu acima das expectativas com um mercado de trabalho forte.
“A condição macroeconômica influenciou positivamente o mercado imobiliário ao contribuir com a expansão da concessão de crédito para os segmentos popular e de médio padrão”, diz.
A taxa de desemprego no Brasil foi de 6,1% no trimestre terminado em novembro, mostrou a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua. Essa é a menor taxa de desocupação da série histórica, iniciada em 2012.
Já o Produto Interno Bruto (PIB) — que terá o resultado oficial de 2024 divulgado em março — superou as projeções do mercado. No início do ano, a previsão era de uma alta na casa dos 1,7%. Agora, se espera um crescimento em torno de 3,5%.
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