Walfredo Antunes morreu na sexta-feira (14), em Goiânia (GO). O arquiteto morava em Palmas, onde atuou na prefeitura e foi professor durante 20 anos na Universidade Federal do Tocantins; ele deixa duas filhas. Walfredo Antunes foi um dos responsáveis pelo planejamento urbanísticos de Palmas
Montagem/Edu Fortes/Google
Walfredo Antunes de Oliveira Filho foi uma das grandes personalidades que atuaram na criação de Palmas, utilizando conceitos aplicados na antiguidade. O arquiteto morreu aos 76 anos após passar algumas semanas internado em um hospital em Goiânia (GO), onde tratava um câncer no pâncreas. Em conversa com o g1, a irmã Glacy Antunes de Oliveira relembrou das muitas qualidades do urbanista.
“Pai amoroso, irmão encantador, inteligência privilegiada, personalidade multifacetada, amigo dos amigos, competentíssimo artífice do urbanismo, gostava de arte, de música clássica, de jazz, leitor inveterado. Um homem adiante do seu tempo”, contou.
📱 Participe do canal do g1 TO no WhatsApp e receba as notícias no celular.
O arquiteto morreu na manhã desta sexta-feira (14) em decorrência de uma insuficiência respiratória, segundo a família. Ele morava em Palmas, mas será velado e enterrado no cemitério Santana, neste sábado (15), a partir das 13h. Walfredo deixa duas filhas.
Arquiteto, ele teve um papel essencial na instalação da capital tocantinense. Após 35 anos de sua criação, a cidade chama atenção pela simetria das ruas e avenidas, fruto de um trabalho urbanístico que desde o início prezou pela mobilidade da população.
Em agosto de 2024, Walfredo contou durante entrevista ao g1 como foi escolhido o território da capital e definido o planejamento urbanístico da cidade.
Walfredo Antunes deixa legado importante na construção de Palmas
Instalação da capital e simetria
No início dos anos 1990, Walfredo Antunes de Oliveira Filho e Luís Fernando Cruvinel Teixeira definiram o território onde seria instalada a capital tocantinense. Na época, eles tiveram a opção de escolher uma cidade existente ou um novo espaço para construir uma cidade do zero. Inicialmente Araguaína e Gurupi eram opções, mas foram descartadas devido a conflitos em áreas de mineração e influência de Goiás sobre o Tocantins.
“Era um quadro de 90 por 90 quilômetros em uma região que não tinha muitas cidades, era mais uma espécie de vazio urbano. E parecia, por dados técnicos e empíricos, que localizar a capital neste local provocaria um equilíbrio da região urbana e não o contrário”, disse o urbanista.
Walfredo Antunes
Divulgação/Prefeitura de Palmas
A instalação da capital então ficou entre a margem direita do Rio Tocantins e a Serra do Lajeado, próximo ao antigo povoado de Canela. O espaço foi escolhido levando em consideração a cota de inundação.
“Nessas áreas, aprofundamos esse estudo até perceber esta área contínua no pé da Serra, uma topografia muito favorável, uma área plana/semiplana, ligeiramente inclinada da Serra para o rio. Nós já sabíamos que haveria uma represa, que a cota de inundação seria 212. Calculamos essa largura entre a serra e a cota 212 e achamos que poderia se estabelecer um plano urbanístico ali de forma linear”, explicou Walfredo na época.
Satélite mostra avanço de Palmas, capital de Tocantins.
Google Earth
Durante entrevista a, Walfredo relembrou que após a escolha do território foi definido um traçado para dividir o espaço, prezando principalmente pela mobilidade. A ideia foi baseada em traçados usados na antiguidade.
“Nós escolhemos o traçado ortogonal. (…) Porque é um traçado que proporciona uma mobilidade mais conveniente entre todas as suas partes. É um traçado usado desde a mais longínqua antiguidade, pelos assírios, os egípcios. [Os romanos] projetavam as cidades com base em vias paralelas a essa passagem e em vias que cruzavam de modo ortogonal para dar acesso a todas elas. O que gerava um traçado mais quadriculado”.
E justamente por causa dessas escolhas que a capital tem uma malha quadriculada. As quadras inicialmente foram projetadas para ter uma dimensão de 700 metros a partir do centro delas, mas acabou sendo reduzida pela metade por causa do clima.
“Reduzimos essa medida pela metade, porque uma coisa é você caminhar em um clima temperado e outra é você caminhar sobre o sol do equador e sobre as chuvas que temos aqui. Então, decidimos fazer o ponto médio com 350 metros”, explicou Walfredo.
Metragem das quadras de Palmas
Reprodução/Google/Edição g1
No planejamento feito por Walfredo e Luís também foram definidos os eixos principais da cidade, sendo a avenida Teotônio Segurado, que percorre a cidade de Norte a Sul e a avenida Juscelino Kubitschek, que percorre a cidade de Leste a Oeste. Elas foram projetadas para abrigar o comércio.
Os espaços para a construção das sedes dos poderes executivos, jurídicos e legislativo do estado e sede da Prefeitura de Palmas também tiveram seus locais escolhidos no plano urbanístico. São elas: Praça dos Girassóis e Praça do Bosque.
A região Sul de Palmas, área onde atualmente estão os Jardins Aurenys I, II, III e IV, Jardim Taquari e a região de Taquaralto, não fez parte do planejamento original da capital.
Mapa de Palmas chama atenção pela simetria
Arte g1
Veja mais notícias da região no g1 Tocantins.