16 de março de 2025

Xadrez Quilombola: conheça projeto desenvolvido em Goiás que está entre os 10 mais inovadores na educação


Jogo substitui as peças convencionais do xadrez por personagens quilombolas. Prêmio ‘Professor Porvir’ recebeu 951 inscrições de projetos educacionais de todo o país. ‘Xadrez quilombola’ resgata ancestralidade dos quilombos de Goiás
Reprodução/TV Anhanguera
Um projeto desenvolvido por goianos foi reconhecido como um dos 10 projetos da educação mais inovadores do Brasil, na 2ª edição do Prêmio Professor Porvir. Com o intuito de resgatar a ancestralidade e contar a história dos quilombos em Goiás, o jogo recria o xadrez tradicional, mas substitui as peças convencionais por personagens quilombolas.
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O Xadrez Quilombola é uma iniciativa do professor Luiz Carlos Silva Júnior, do programa GoiásTec, e da professora Gisele Andrade da Silva, do Colégio Estadual Júlio César Teodoro, em Flores de Goiás, na região central do estado.
Os educadores transformaram a rainha em Dandara, uma guerreira negra que resistiu aos ataques ao seu quilombo. O rei se tornou Ganga Zumba, o primeiro rei do Quilombo dos Palmares. O bispo é Zumbi dos Palmares, uma das figuras mais simbólicas da luta contra o processo de escravização no Brasil. Os peões foram representados por pessoas escravizadas.
O projeto venceu a categoria “Ensino fundamental – anos finais”. Em entrevista ao g1, a professora e quilombola Gisele Andrade contou que a ideia do projeto surgiu durante um encontro presencial do programa GoiásTec, quando conheceu o professor Luiz Carlos.
“Juntos tivemos a ideia de criar o Xadrez Quilombola, ele que já tinha experiência em jogos educativos e eu em contar contar e resgatar a cultura da comunidade”, relembrou.
Estudantes participam do desenvolvimento do ‘Xadrez Quilombola’, em Flores de Goiás
Reprodução/Acervo pessoal
Educação e resgate cultural
Quilombo Canabrava, em Flores de Goiás
Reprodução/Acervo pessoal
O professor Luiz Carlos detalhou sobre como o jogo foi criado, junto à comunidade quilombola de Canabrava, com seus costumes, tradições e valores. Segundo ele, os alunos fizeram parte do resgate da cultura do local e contribuíram para a conservação ambiental com a reutilização de materiais.
“Os estudantes, junto com artesãos e as costureiras locais, puderam utilizar restos de semente, restos de casca e retalhos de pano”, pontuou.
Além disso, os envolvidos adquiriram conhecimento nos componentes curriculares de educação física, matemática, história e geografia. “De uma forma lúdica e divertida, atendendo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)”, destacou o professor.
Segundo Gisele, o projeto foi desenvolvido desde quando surgiu a ideia, em março de 2024. Na execução, participaram três alunos do 9° ano da Escola Municipal de Canabrava: Bruna da Silva Lima, Júlia Lopes da Cunha e Vitor Hugo Rodrigues da Cunha. A comunidade quilombola participou na elaboração do tabuleiro e na execução das personagens.
Escola recria xadrez com símbolos de resistência dos povos escravizados
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Premiação
Professores Gisele Andrade e Luiz Carlos, desenvolvedores do ‘Xadrez Quilombola’, em Goiás
Reprodução/Redes sociais
O Prêmio Professor Porvir, da organização sem fins lucrativos de mesmo nome, celebra iniciativas que transformam o ambiente escolar e que inspiram alunos e professores a serem protagonistas de mudanças sociais.
De acordo com a organização, a premiação reconhece práticas inovadoras na educação básica brasileira, “focadas na conexão com a realidade dos estudantes e das escolas onde são implementadas”.
Entre junho e dezembro de 2024, o prêmio recebeu 951 projetos de educadores de todo o Brasil. Após um processo de seleção, 30 finalistas foram escolhidos. Posteriormente, 10 projetos se consagraram como vencedores, entre eles, está o Xadrez Quilombola.
“Ter oportunidade de participar do prêmio e ser selecionado entre quase mil projetos inscritos, ficar entre os 30 melhores e agora ser considerado vencedor, vem para coroar um trabalho de muito suor e de muita luta do quilombo”, disse Luiz.
Para Gisele, a premiação representa o amor que carrega pela educação e pelo quilombo. “É muito importante, é uma reconhecimento não somente da escola, mas principalmente da comunidade, daquelas pessoas que não tiveram a oportunidade de irem a escola e estão sendo reconhecidas pela história dos seus ancestrais”, ressaltou.
Segundo a organização, todos os premiados são contemplados com um livro digital que reúne os relatos dos projetos vencedores e com o selo “Professor Porvir”, o que os torna influenciadores da educação.
Além disso, os ganhadores recebem um convite especial para o “Encontro com o Porvir”, evento anual que reúne educadores, especialistas e entusiastas da educação. Com direito a passagem e hospedagem com todas as despesas pagas, Luiz Carlos e Gisele Andrade vão receber em mãos a premiação, em São Paulo, em maio de 2025.
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